Somos uma sociedade de pessoas com notória infelicidade: solidão, ansiedade, depressão, destruição, dependência…
Pessoas que ficam felizes quando matam o tempo que foi tão difícil conquistar.
By Erich Fromm.
Se quem luta por um mundo melhor soubesse que toda revolução começa por revolucionar antes a si próprio…
Se aqueles que vivem intoxicando sua família e seus amigos com reclamações fechassem um pouco a boca e abrissem suas cabeças, reconhecendo que são responsáveis por tudo o que lhes acontece…
Se as diferenças fossem aceitas naturalmente e só nos defendêssemos contra quem nos faz mal…
Se todas as religiões fossem fiéis a seus preceitos, enaltecendo apenas o amor e a paz, sem se envolver com as escolhas particulares de seus devotos…
Se a gente percebesse que tudo o que é feito em nome do amor (e isso não inclui o ciúme e a posse) tem 100% de chance de gerar boas reações e resultados positivos…
Se as pessoas fossem seguras o suficiente para tolerar opiniões contrárias às suas sem precisar agredir e despejar sua raiva…
Se fôssemos mais divertidos para nos vestir e mobiliar nossa casa, e menos reféns de convencionalismos…
Se não tivéssemos tanto medo da solidão e não fizéssemos tanta besteira para evitá-la…
Se todos lessem bons livros…
Se as pessoas soubessem que quase sempre vale mais a pena gastar dinheiro com coisas que não vão para dentro dos armários, como viagens, filmes e festas para celebrar a vida…
Se valorizássemos o cachorro-quente tanto quanto o caviar…
Se mudássemos o foco e concluíssemos que infelicidade não existe, o que existe são apenas momentos infelizes…
Se percebêssemos a diferença entre ter uma vida sensacional e uma vida sensacionalista…
Se acreditássemos que uma pessoa é sempre mais valiosa do que uma instituição: é a instituição que deve servir a ela, e não o contrário…
Se quem não tem bom humor reconhecesse sua falta e fizesse dessa busca a mais importante da sua vida…
Se as pessoas não se manifestassem agressivamente contra tudo só para tentar provar que são inteligentes…
Se em vez de lutar para não envelhecer, lutássemos para não emburrecer…
Ah, se…
Desconheço a autoria.
A solidão pode te encontrar num dia chuvoso e frio num canto da sua casa ou num quarto luxuoso de Paris com um príncipe encantado ao seu lado.
Há quem diga que ser ou estar solteiro(a) é sinônimo de solidão. E solidão é uma palavra engraçada… Até em sua classificação, ela é ímpar, é singular. É estranho fazer o seu plural. No dicionário, ela é descrita como a “condição ou estado de quem está desacompanhado ou só”. Já os existencialistas acreditam que ela é inerente ao ser humano: nós nascemos sós, atravessamos nossa vida como um ser destacado e morremos sós.
Independente do significado que se dê ou queira dar à solidão, a maior parte das pessoas a associa imediatamente a algo negativo, repulsivo até.
A verdade é que, desde pequenos, nós fomos criados acreditando que para sermos felizes nós necessariamente precisaríamos ter alguém ao nosso lado. Lembra de todos aqueles natais com aquelas tias (chatinhas pra cacete, diga-se de passagem) te enchendo o saco para saber como ia o(a) “namoradinho(a)”? Ou todas as vezes que a sua mãe te perguntou se você tinha uma paquera? Ou os seus amigos cobrando uma atitude sua, do tipo: “Para de enrolar a(o) garota(o)! Quando vocês vão casar?”
Fora essas pressões, você sempre precisou tirar boas notas, ganhar dinheiro, ser um(a) bom(a) filho(a), ser feliz, fazer os outros felizes, entregar aqueles relatórios super chatos no prazo, arrumar um tempo para visitar aquele(a) amigo(a) que você não via há séculos, aturar chefe babaca, colega de trabalho babaca, ficar gostoso(a) na academia, gerenciar a sua TPM, ou mesmo garantir a sobrevivência da espécie. As pressões e cobranças vêm de todos os lados: do nosso ambiente de trabalho, da nossa família, de nossos relacionamentos e de nós mesmos, para sermos e termos uma multiplicidade de coisas. Muitas pessoas cedem à pressão e se casam ou se juntam muito cedo. Ainda assim, uma boa parte dessas pessoas, com o passar dos anos, se vêem solitárias, dentro do próprio relacionamento.
Também há quem goste de ser, estar ou se assumir solteiro(a) e inclusive sinta até um certo orgulho nisso. Sabe aquele “melhor só do que mal acompanhado(a)”? E aquela sensação de liberdade, de não ter que dar satisfações a uma outra pessoa, de ser você mesmo sem travas, não ter que dividir o espelho do banheiro, seu controle remoto ou o seu armário com outra pessoa? E ter que aturar as manias do(a) outro(a), então? Difícil né?
Pois é, a vida a dois parece ser mesmo um desafio com todas as facilidades que a vida moderna te proporciona. As pessoas que vivem bem consigo mesmas, sozinhas, têm dificuldade de fazer grandes concessões para viver com outra pessoa. Quem nunca chegou do trabalho desejando apenas um momento de silêncio, uma bebida qualquer e uma boa brisa no rosto? Um momento saudável, único, uma bênção! Praticamente um monólogo, onde só você atua, só você fala e só você interage consigo mesmo. Solitário também, não é mesmo?
O bom mesmo é quando você encontra alguém que não te deixa se sentir só. Que não concorde com você, mas te respeite, que não te sufoque, que divida as tarefas, as confissões e a conta do restaurante, que te apoie em momentos difíceis, que te conheça tão bem a ponto de adivinhar que, às vezes, você precisa de um tempo só para você, que antes de ser um companheiro(a) é um(a) amigo(a), que te incentive a ter um relacionamento saudável com seus amigos, que confie em você.
E o mais importante: que te dê espaço para ser o que você realmente é, porque acredita em ti. E isso é algo difícil de achar quando se vive em um grande supermercado repleto de distrações, que é o nosso mundo. Muitas vezes você o encontra com o tempo, sem preocupações ou pressões. E, quando isso acontece, não é preciso “papel passado”, a bênção de um(a) religioso(a) ou mesmo um ritual porque você vai achar a coisa mais natural do mundo.
By Rafael Pinheiro.
Uma vez, Renato Russo disse, com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente, digo que assino embaixo, sem dúvida alguma. Parem para notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e… sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dancers”… incrível, né? E não é só sexo não, se fosse era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão “apenas” dormir abraçados… sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega!
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamo-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”! Só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo é só dar uma olhada nas redes sociais o número de grupos como: “Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” e até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!”. Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos cada dia mais belos e… mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever estas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, demodèe, brega.
Alô, gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados… mas e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, pague pra ver, você vai descobrir, mais cedo ou mais tarde, que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!): aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que, se um problema é grande demais não pense nele, e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele? Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: “vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois (ou quem sabe até os dois), vai querer pular fora. Mas se eu não pedir para que fique comigo porque pessoas vão se machucar, tenho certeza que vou me arrepender pelo resto da vida”. Afinal, pessoas sempre vão se machucar… até mesmo quem não se arrisca!
Antes idiota que infeliz!
Desconheço a autoria.
“E ficamos meio perdidos, meio desapontados, meio de escanteio, meio cabisbaixos, meio espectadores da vida, à parte, desdenhados, sem par, sem acalento… sós”.
“E sentimos um friozinho no peito, que nada aquece, como se alguém tivesse aberto uma janela, numa noite fria, em que nevasse, assim, sem avisar, e não fechasse de jeito nenhum… e o jeito fosse tentar aguentar.”
“Ah, solidão… Nessa hora tem o mesmo gosto, caviar e pão, papel e camarão… Nenhum aconchego ou brilho tem uma mansão; nenhuma graça tem o abano do rabo de um cão… nada nos satisfaz.
Nada preenche esse vazio, que dói e dói. É como um mundo em preto e branco, um salão sem dança, uma piscina sem água, uma pista sem carro, um casamento sem noiva, um domador sem leão…”
“Solidão é uma pedra de gelo dentro do coração…”
Mesmo bem no centro de uma multidão, alguém pode estar se sentindo só. Porque só não quer dizer “sozinho”, porque muitas vezes até precisamos ficar sozinhos! Todos já sentiram esta necessidade. Estar só consigo mesmo para colocar “as ideias em dia”, a “cabeça no lugar”, “fazer um balanço”, “descansar”, “afrouxar a gravata”, “dar um tempo”.
Este tipo de ficar sozinho é bom porque é por escolha.
E por escolha você pode até pintar o seu cabelo de azul que vai se sentir super bem. E quanto às críticas, você vai até se divertir com elas…
Mas quando ficamos sós por não conseguirmos alguém que nos entenda, e nem mesmo nós conseguimos nos entender, aí sim, nos sentimos completamente sós: no planeta. Como se não se encaixasse. No mundo. Em si mesmo. Em uma razão de existir.
Mas por que umas pessoas “conseguem” ficar sozinhas e outras não?
Amigos, festas, trabalho, atividades do dia a dia, projetos, e até mesmo os problemas a resolver, ocupam bastante espaço nas nossas vidas e isso nos distrai de nós mesmos, do que queremos e de quem somos de verdade, no nosso íntimo.
Há momentos em que somos impulsionados a nos isolar e não achar muita animação nas atividades ou pessoas do dia a dia, para que possamos nos interiorizar e nos formatar, reciclar, conhecer.
Na vida, nos deparamos com tantas informações, obrigações, exigências, atividades, que acabamos por nos afastar de nós, de nosso verdadeiro eu, e nos confundimos perdendo de vista nossos conceitos com os conceitos de outras pessoas, ideias e até desejos ou objetivos.
A solidão, embora seja desagradável de sentir, é algo bom para que nós possamos entrar em contato com nosso próprio íntimo e nos resgatar, lustrar, e manter nossa essência viva. A solidão massacra mais aqueles que vão deixando os acontecimentos correrem soltos em sua vida, se distrai com outras milhares de pessoas, como se fossemos uma casa e nunca cuidássemos dela por estarmos sempre ocupados com as casas dos outros. A solidão não dura muito, só o tempo necessário para fazermos um autobalanço.
“Jamais conseguiremos que a felicidade seja trazida por outra pessoa. Se queremos ser felizes temos que construí-la”.
O amor próprio e o autoconhecimento vão fazer com que tenhamos sempre bastante reserva para nos suprir, mesmo em épocas que parecemos não nos entendermos com ninguém.
Ame-se. Conheça-se. Conserte-se. Aprimore-se.
Quando sentir solidão, apenas tire férias e divirta-se consigo mesmo, saindo para passear e arrumando suas prateleiras. Vai se sentir leve e renovado.
By Simone Dantas, do livro “Vivendo, Aprendendo e… Comentando”.
No livro “A Arte de Lidar Com a Raiva”, o Dalai Lama conta um historinha muito sábia.
Um eremita vivia sozinho nas montanhas. Certo dia, um pastor passou pelo refúgio do ermitão e perguntou-lhe o que estava fazendo ali no meio do nada. O eremita respondeu:
– “Estou meditando sobre a paciência”.
Silêncio.
Passado um bom tempo, o pastor virou-se para ir embora e gritou:
– “Ah, antes que eu me esqueça, vá para o inferno!!!”
E, imediatamente, o eremita, furioso, replicou:
– “Ora, vá você para o inferno!!!”
Rindo, o pastor seguiu seu caminho, não sem antes lembrar ao solitário que a paciência precisava antes de tudo ser posta em prática!
Esta história traz verdades profundas escondidas atrás de uma aparente simplicidade. Primeiro, ficamos sabendo que nossa paciência e tolerância estão sendo testadas a cada passo que damos.
Vamos lá, confira você mesmo as chances que teve hoje de estourar com alguém ou com alguma coisa! A raiva do ermitão nos faz perceber também que a paciência não é virtude que se desenvolva na solidão. Ao contrário, ela nasce do convívio.
Um rabino disse certa vez:
– “Não existe desenvolvimento espiritual fora do mundo. A gente precisa ser sábio aqui no meio dos homens, vivendo com eles, sofrendo com eles. Pular fora é fácil, mas não é para isto que estamos aqui!”
Conclusão: você pode ficar anos sem ver nenhuma criatura nem sofrer nenhuma contrariedade. No minuto em que você puser os pés no mundo de novo, os gatilhos que fazem detonar sua raiva vão estar lá, ao alcance do seu dedo.
Lidar com a raiva. Será possível? O Dalai Lama explica que a paciência e a tolerância “derivam da capacidade de permanecer firme e inabalável, de não se deixar sufocar pelas situações ou condições adversas”.
Nada a ver com sinais de fraqueza, passividade ou falta de entusiasmo. Coisas de gente débil, que aceita tudo. Não. Ao contrário, paciência e tolerância são sinais de força de caráter.
– “Pessoas que exercitam a tolerância e a paciência”, adverte o Dalai Lama, “mesmo que vivam em um ambiente agitado e estressante, conseguem manter a calma, a serenidade e a paz de espírito”.
Repararam no verbo exercitar? É isso mesmo, estes estados de alma são alcançados se você se acostumar a praticá-los. Simplesmente. Praticar a paciência, no entanto, seria um exercício vazio, se não fosse a compaixão. É ela que dá força e razão de ser para nossa vontade de melhorar e de contribuir para um mundo melhor.
– “A compaixão pode ser aproximadamente definida como um estado da mente que é não-violento, não-prejudicial, não-agressivo”, avisa o Dalai Lama, e completa: “nós possuímos, de forma inerente, este potencial ou base para a compaixão, assim como a natureza humana básica e fundamental é a gentileza”.
E, para começar, vou pegar estes dois versos do “Guia para o Modo de Vida do Bodhisattva”, do sábio Shantideva, para pendurá-los na porta da minha geladeira:
–“Qualquer coisa que me aconteça não vai perturbar minha alegria mental. Por me fazer infeliz, não realizarei o que desejo e minhas virtudes não vão definhar.”
– “Por que ser infeliz com alguma coisa que a gente pode consertar? E de que adianta ser infeliz com algo que não é possível remediar?”
By Dalai Lama.
Não ponha seus sonhos em lugares altos demais onde suas mãos não poderão alcançá-los.
Mesmo se a vida parece ilimitada, nós possuímos nossos limites e esperar por algo que está muito além pode nos impedir de olhar à nossa volta.
Buscamos longe flores que poderíamos encontrar em nosso jardim, porque o que está distante sempre parece encoberto por uma neblina que elimina toda imperfeição.
Não nos prepararam para aceitar as coisas ou as pessoas como elas chegam, com muita ou pouca bagagem, com força ou sem muita vontade. Então, desenhamos na nossa mente e fotografamos no nosso coração algo que só pode existir atrás da linha da realidade. E nos pomos a esperar…
Nos tornamos, assim, culpados de uma solidão da qual culpamos a vida ou os demais. Nos negamos a aceitar, pedindo ainda que aceitem a nós, e continuamos esperando pelo que o amanhã vai nos trazer.
Envelhecemos sem sair do lugar, sonhando ainda e além, mas sem provar da vida nesses mínimos detalhes, nem sempre coloridos e perfeitos tais raios de arco-íris, mas reais o bastante para nos fazer sentir vivos.
Não… não ponha seus sonhos além do que os seus braços alcançam. Aprenda que ser feliz é buscar o contentamento do prazer de cada instante.
Aprenda a ser flexível e menos exigente. Ria de bom coração quando tiver que rir e não permita que as mágoas te impeçam de viver o minuto seguinte.
Preciosa é a vida e preciosos são os que amamos. Preciosos ainda são aqueles que nos amam, os que cativamos.
Precioso é o hoje, é o que temos, é o que tocamos. É essa realidade, nem todo o tempo bonita, mas ainda assim a nossa contribuição para a história do mundo.
By Letícia Thompson.