A cada momento de nossa existência temos que escolher entre um caminho e o outro.
Uma simples decisão pode afetar uma pessoa para o resto da vida.
By Paulo Coelho.
Chega um momento em que a relação precisa quebrar os ovos. É bom estar preparado.
Será como o trabalho doméstico: transparente. Lava-se louça, roupa, estende, retira os vincos com ferro, limpa casa, recolhe o lixo, arruma os brinquedos e os filhos nem reparam que tudo está novamente no lugar e no armário, apesar da bagunça feita recentemente. É óbvio que não vão agradecer. É o que chamo de passado secreto. Aconteceu, mas não merece memória.
Entretanto, a raiva fica: não fui valorizado e resta um desmemoriado mal-estar.
Minha namorada resolveu comer omelete. Ela já preparou o prato outras vezes em seu apartamento. Estava na minha casa e me antecipei na captura dos ingredientes, louco para agradá-la. Mas a minha menção de executar a tarefa a desagradou. Entenda, é o passado secreto. O ardiloso passado secreto. Com minha efusiva disposição, ela desconfiou de que eu não gostava de suas omeletes e que, somente agora, decorrido um ano, estava com coragem de falar.
Raciocinei que significava uma informação dispensável, meu modo era dourar os dois lados e o dela era envelopar a massa ao final, mas ela tratava o assunto com tamanha energia que até me assustou.
– “Quer que eu faça?”, perguntei.
– “Não gosta do jeito que faço?”
– “Gosto, é que eu mostraria minha predileção…”
– “Gosta nada, quem já fez omelete para você? Quer do jeito de quem? Confessa?”
– “De ninguém…”
– “Ora, vai nessa, qual é a receita? Com queijo ralado, requeijão, tomates fatiados? Por que nunca me disse que não gostava da minha omelete? Eu me sinto uma idiota…”
– “Eu gosto, só busquei uma maneira diferente!”
– “Que maneira?”
(Daí eu me danei)
Levamos mais tempo discutindo na tentativa de prevenir a discussão. A conversa durou duas horas. Duas horas sobre absolutamente nada, a não ser o medo do que não foi vivido junto. Se aliso seu umbigo, acreditará que repito um convite libidinoso com uma antiga namorada. Quanto mais a gente se entrega, maior é o pânico de estar sozinho na doação, de ser uma miragem afetiva. Tanto que, após desfiar um “eu te amo tanto”, não ouse nunca mais declarar “eu te amo” – é como se amasse menos.
O ciúme está dobrado em cada gesto, fazendo contas e pedindo estornos. Não há saída; passe manteiga na conversa, aqueça a frigideira e admire os ovos quebrados na pia.
Repare como o negócio é tinhoso. Durante as compras, no caixa, costumava perguntar se ela estava naquele momento com troco. Não falava dinheiro, mas troco. Uso troco para tudo. Para quê? Ela já formulou uma tese de que empregava o código com a ex. Igual sina em nossas rotas românticas. Relaxados, sozinhos e prontos para namorar, peço que ela me alcance o champanhe do balde:
– “Por favor, me passe a “champs”?”
– ““Champs”?”
Pronto! Feito o entrevero. Usava também esse dialeto com a ex.
O grave é que ela tem razão. Só não desejava brigar, ainda mais quando não tenho defesa. Ela poderia ser mais justa e me dar tempo para preparar uma mentira.
By Fabrício Carpinejar.
A solidão pode te encontrar num dia chuvoso e frio num canto da sua casa ou num quarto luxuoso de Paris com um príncipe encantado ao seu lado.
Há quem diga que ser ou estar solteiro(a) é sinônimo de solidão. E solidão é uma palavra engraçada… Até em sua classificação, ela é ímpar, é singular. É estranho fazer o seu plural. No dicionário, ela é descrita como a “condição ou estado de quem está desacompanhado ou só”. Já os existencialistas acreditam que ela é inerente ao ser humano: nós nascemos sós, atravessamos nossa vida como um ser destacado e morremos sós.
Independente do significado que se dê ou queira dar à solidão, a maior parte das pessoas a associa imediatamente a algo negativo, repulsivo até.
A verdade é que, desde pequenos, nós fomos criados acreditando que para sermos felizes nós necessariamente precisaríamos ter alguém ao nosso lado. Lembra de todos aqueles natais com aquelas tias (chatinhas pra cacete, diga-se de passagem) te enchendo o saco para saber como ia o(a) “namoradinho(a)”? Ou todas as vezes que a sua mãe te perguntou se você tinha uma paquera? Ou os seus amigos cobrando uma atitude sua, do tipo: “Para de enrolar a(o) garota(o)! Quando vocês vão casar?”
Fora essas pressões, você sempre precisou tirar boas notas, ganhar dinheiro, ser um(a) bom(a) filho(a), ser feliz, fazer os outros felizes, entregar aqueles relatórios super chatos no prazo, arrumar um tempo para visitar aquele(a) amigo(a) que você não via há séculos, aturar chefe babaca, colega de trabalho babaca, ficar gostoso(a) na academia, gerenciar a sua TPM, ou mesmo garantir a sobrevivência da espécie. As pressões e cobranças vêm de todos os lados: do nosso ambiente de trabalho, da nossa família, de nossos relacionamentos e de nós mesmos, para sermos e termos uma multiplicidade de coisas. Muitas pessoas cedem à pressão e se casam ou se juntam muito cedo. Ainda assim, uma boa parte dessas pessoas, com o passar dos anos, se vêem solitárias, dentro do próprio relacionamento.
Também há quem goste de ser, estar ou se assumir solteiro(a) e inclusive sinta até um certo orgulho nisso. Sabe aquele “melhor só do que mal acompanhado(a)”? E aquela sensação de liberdade, de não ter que dar satisfações a uma outra pessoa, de ser você mesmo sem travas, não ter que dividir o espelho do banheiro, seu controle remoto ou o seu armário com outra pessoa? E ter que aturar as manias do(a) outro(a), então? Difícil né?
Pois é, a vida a dois parece ser mesmo um desafio com todas as facilidades que a vida moderna te proporciona. As pessoas que vivem bem consigo mesmas, sozinhas, têm dificuldade de fazer grandes concessões para viver com outra pessoa. Quem nunca chegou do trabalho desejando apenas um momento de silêncio, uma bebida qualquer e uma boa brisa no rosto? Um momento saudável, único, uma bênção! Praticamente um monólogo, onde só você atua, só você fala e só você interage consigo mesmo. Solitário também, não é mesmo?
O bom mesmo é quando você encontra alguém que não te deixa se sentir só. Que não concorde com você, mas te respeite, que não te sufoque, que divida as tarefas, as confissões e a conta do restaurante, que te apoie em momentos difíceis, que te conheça tão bem a ponto de adivinhar que, às vezes, você precisa de um tempo só para você, que antes de ser um companheiro(a) é um(a) amigo(a), que te incentive a ter um relacionamento saudável com seus amigos, que confie em você.
E o mais importante: que te dê espaço para ser o que você realmente é, porque acredita em ti. E isso é algo difícil de achar quando se vive em um grande supermercado repleto de distrações, que é o nosso mundo. Muitas vezes você o encontra com o tempo, sem preocupações ou pressões. E, quando isso acontece, não é preciso “papel passado”, a bênção de um(a) religioso(a) ou mesmo um ritual porque você vai achar a coisa mais natural do mundo.
By Rafael Pinheiro.
Quando olho o estilo de vida das pessoas no mundo de hoje, percebo que o final do filme é triste. A maioria luta para realizar metas que as afastam cada vez mais da sua realização pessoal. Conhecemos muito sobre culinária, telecomunicações, engenharia, mas quase nada sobre vida. Lutamos muito para conseguir o abacaxi, gastamos muita energia para descascá-lo e, na hora de saboreá-lo, estamos tão exaustos que não o aproveitamos.
Muitas pessoas se matam para ter uma casa de campo que só visita para pagar o caseiro. Outros querem garantir o futuro dos seus filhos, mas nunca brincaram com eles. As pessoas estão cada vez mais pressionadas, a palavra cooperação é substituída pela palavra competição.
É impressionante o aumento do número de famílias desagregadas, do consumo de drogas e de pessoas destruindo seus corpos. Empresas onde 40% dos seus gerentes com mais de dez anos de casa são enfartados. As pessoas estão desperdiçando suas vidas correndo atrás de miragens.
Todo mundo sabe que a felicidade não pode ser sedimentada em bens materiais, mas a maioria se ilude construindo castelos de areia.
Por que isso acontece?
As pessoas aprenderam a valorizar quantidade ao invés de qualidade. Colecionam mulheres, viagens, festas, sem conseguirem escutar a voz do seu coração. Procuram a felicidade onde ela não se encontra, buscam a segurança no outro. Tentam achar o amor, a tranquilidade e a paz fora de si. Parece mais fácil, mas é impossível pois o único lugar onde alguém pode encontrar a felicidade é dentro de si próprio.
As pessoas procuram a sua felicidade nos olhos dos outros. Bens materiais, carros importados, casas, roupas, enfim, tudo o que pode levar à admiração da sociedade.
As pessoas hoje vivem comparando quem tem mais dinheiro, status, reconhecimento ou sucesso. A comparação tem, como consequência, o sentimento de inferioridade. Sempre tem alguém com mais dinheiro, prestígio ou poder, que consegue mais admiração. É inevitável acabar se sentindo por baixo… então, vem uma avalanche de sentimentos ruins.
Para não se sentirem inferiores, as pessoas se sacrificam cada vez mais por algo que, muitas vezes, lhes destrói a alma. Valorizam o que todo mundo valoriza, sem saber se essas coisas as realizam. Vivem correndo como cachorro atrás do rabo, sem nunca alcançar a sua meta e, nas vezes em que conseguem realizá-las, se machucam muito.
Mas, afinal, o que é a felicidade?
Quando era criança eu me sentia muito limitado, existiam tantas coisas que queria fazer e não podia. Quando me sentia frustrado, pensava que, no dia em que entrasse na escola, seria muito feliz. Tudo daria certo, passaria a ser mais respeitado e não teria mais problemas. Quando entrei no primário, percebi que os problemas continuavam e eu não tinha me tornado feliz.
Comecei a achar que, ao entrar no ginásio, seria totalmente feliz e constatei também que não era assim. Mais uma vez adiei, joguei para a frente a minha expectativa de felicidade total. Imaginei que, quando entrasse no colegial, então, finalmente seria feliz.
No colegial os problemas continuaram. Ah! Mas quando eu entrasse na faculdade de medicina a felicidade seria inevitável! Triste frustração! Os problemas continuavam e a angústia aumentou. Idealizei, então, que quando me tornasse médico, seria totalmente feliz. Teria poder, as pessoas me respeitariam e tudo daria sempre certo para mim.
Acabei percebendo que não era desse jeito que a vida funcionava. Não tinha um momento definitivo de felicidade. Imaginei que a felicidade não existia. Descobri que as pessoas diziam que não existe a felicidade, só os momentos de felicidade, e nós temos que aproveitá-los para poder curtir da vida o melhor possível.
Então pensei: é isso mesmo! Nos momentos em que vivia o amor com alguém, ou conseguia uma vitória no trabalho, eu me sentia bem. Felicidade devia ser algo por aí. Esses momentos me davam a sensação de ser uma pessoa feliz, mas depois de algum tempo percebia que faltava alguma coisa, não era possível que fosse só isso – tanta luta para tão pouco prazer.
Em 1986 minha vida funcionava muito bem. Tinha conquistado tudo o que havia imaginado que me tornaria feliz, mas vivia frustrado. Ficava me perguntando se a vida era só isso. Uma coletânea de filmes, de momentos…
Como sempre fui muito religioso, não podia acreditar que o Criador houvesse me mandado para essa viagem por tão pouco. Deveria haver algo mais e, assim, decidi ir para o Oriente, conversar com os mestres e saber o que eles pensavam a respeito da felicidade.
Fui para o Nepal, mais exatamente para Katmandu, a um mosteiro budista, para descobrir o segredo da felicidade. Chegar em Katmandu é uma epopéia. Um avião até Londres, outro de Londres para Nova Deli e mais um até Katmandu. Sabia, através de um amigo, da existência de um mestre naquele lugar. Encontrei um hotel e fui procurar o mosteiro. A pessoa da portaria que me atendeu disse que o mestre iria me receber na manhã seguinte às nove da manhã.
Naquela noite praticamente não dormi, fiquei excitado com a possibilidade de ver revelado o segredo da felicidade. Saí de madrugada do hotel, na esperança de o mestre estar disponível e poder conversar comigo mais cedo. Fiquei lá esperando até que, ao redor das nove horas, uma mulher falando inglês com sotaque de francesa entrou na sala.
Exultei imaginando que ela me levaria até o mestre. Ela me acompanhou até uma sala, estendeu uma almofada para eu me sentar e sentou-se à minha frente. A francesa era uma jovem morena, muito bonita e eu lhe disse:
– “Quero falar com o mestre!”
Ela me respondeu:
– “Eu sou o mestre.”
Naquele momento, certamente, não consegui esconder minha frustração e pensei:
– “Puxa vida, viajei tanto tempo para chegar aqui e conversar com um mestre de verdade e me mandam uma mestra francesa. Sacanagem! Todo mundo tem um mestre homem, velhinho, oriental, de barba. Não uma mulher jovem, bonita e, ainda por cima, francesa!”
Então, falei para ela:
– “Você não entendeu direito: quero falar com o mestre.”
Ela me respondeu:
– “Eu sou o mestre.”
Aí, pensei:
– “Vou fazer uma pergunta muito difícil para que ela não saiba a resposta e tenha que me levar até o mestre de verdade.”
Fiz uma pergunta, a mais difícil que pude pensar naquela hora:
– “O que é budismo?”
E ela me respondeu, tranquilamente:
– “A base do budismo é que todo ser humano sofre.”
Pensei comigo mesmo:
– “Não é possível! Eu saio da nossa cultura ocidental que diz que o sofrimento é a base da purificação e da sabedoria, e venho para cá para escutar que a base do budismo é o sofrimento!”
Não satisfeito, pensei:
– “Vou fazer uma pergunta mais difícil para que ela não saiba a resposta e me leve até o verdadeiro mestre”.
– “E por que os seres humanos sofrem?”
– “Porque são ignorantes.”
Bem… se somos ignorantes, deve haver alguma coisa que não sabemos e que, talvez, seja a resposta que estou procurando.
– “E qual é o conhecimento que nos falta?”
– “O conhecimento que nos falta é a compreensão de que as coisas na nossa vida são dinâmicas e fluidas. Quando o ser humano está feliz, ele bloqueia a felicidade, pois quer a eternidade para aquele momento. Então, ele fica rígido, com medo do fim do prazer. Quando está infeliz pensa que o sofrimento não vai terminar nunca, mergulha na sombra e assim amplia a sua dor.
A vida é tão dinâmica quanto as ondas do mar. É tão certa a subida quanto a descida. Cada momento tem sua beleza. No prazer nos expandimos e na dor evoluímos. Um movimento é complementar ao outro. Saber apreciar a alegria e a dor na sua vida é a base da felicidade. Você não pode ser feliz somente quando tem prazer, pois perderá o maior aprendizado da existência. Você deve descobrir um jeito de ser feliz na experiência dolorosa porque essa experiência carrega dentro dela a oportunidade de muito aprendizado. Não curta somente o sol, aproveite também a lua. Não curta somente a calmaria, aproveite a tempestade. Tudo isso enriquece a vida. Ela não pode ser vivida somente dentro de uma casa; a vida tem que ser experimentada dentro do universo.
A felicidade é um jeito de viver, é uma postura de vida, é uma maneira de estar agradecido a tudo, não somente ao sol, mas também à lua, não somente a quem lhe estende a mão, mas também a quem o abandona, pois certamente nesse abandono existe a possibilidade de descobrir a força que existe dentro de você.
A felicidade não é o que você tem, mas o que você faz com isso. Por isso, existem pessoas que têm muitos bens materiais, um grande amor, filhos lindos e, apesar disso, se sentem angustiadas e depressivas.”
Já apaixonado por aquela mulher à minha frente, somente consegui balbuciar antes de sair:
– “Obrigado mestra!”… (por pouco meu preconceito a respeito do sexo e do mestre me afasta dessa lição de vida).
A felicidade não é o que acontece em sua vida, mas como você elabora esse episódio. A diferença entre a sabedoria e o desespero, o sábio e o desesperado, é que o sábio sabe aproveitar as suas dificuldades para evoluir e o desesperado sente-se vítima dos seus problemas.
A felicidade é uma experiência que está diretamente ligada à sabedoria e, certamente, para criarmos um planeta mais feliz precisamos muito mais de sábios do que de gênios.
As pessoas procuram sucessos em bens materiais, mas, na verdade, o único sucesso que vale a pena é ser feliz!
By Roberto Shinyashiki.
– “O que estamos fazendo nesta Terra, Mestre?”
– “Sinceramente? Não sei. Já procurei em muitos cantos, em lugares iluminados e escuros; hoje estou convencido que ninguém sabe – apenas Deus.”
– “Não é uma boa resposta para um mestre.”
– “É uma resposta honesta. Conheço muita gente que irá explicar-lhe em detalhes a razão da existência. Não acredite, são pessoas ainda presas à antiga linguagem, e só acreditam nas coisas que tem explicação.”
– “Quer dizer que não há uma razão para viver?”
– “Você não entendeu o que estou dizendo. Eu disse que não sei a razão. Mas claro que existe um motivo para estar aqui, e Deus o conhece.”
– “Por que não nos revela?”
– “Revela a cada um de nós, mas numa linguagem que às vezes não aceitamos, porque ela não é lógica – e estamos por demais acostumados a receitas e fórmulas. O nosso coração sabe por que estamos aqui. Quem escutar o coração, seguir os sinais, e viver sua Lenda Pessoal, vai entender que está participando de algo, mesmo que não compreenda racionalmente. Diz a tradição que, no segundo antes da nossa morte, a gente se dá conta da verdadeira razão da existência. E, neste momento, nasce o Inferno e o Paraíso.”
– “Não entendi…”
– “O Inferno é, nesta fração de segundo, olhar para trás e saber que desperdiçamos uma oportunidade de honrar a Deus e dignificar o milagre da vida. O Paraíso é poder dizer, neste momento, “Cometi alguns erros, mas não fui covarde: vivi minha vida, e fiz o que devia fazer”. Tanto o Inferno como o Paraíso irão nos acompanhar por muito tempo, mas não para sempre.”
– “Como posso saber se estou vivendo minha vida?”
– “É quando, ao invés de amargura, você sente entusiasmo. Essa é a única diferença. De resto, há que respeitar o Mistério, e aceitar – com humildade – que Deus tem um plano para nós. Um plano generoso, que nos conduz em direção à Sua presença, e que justifica estes milhões de estrelas, planetas, buracos negros, etc., que estamos vendo nesta noite, no céu.”
– “É muito difícil viver sem uma explicação.”
– “Você pode explicar porque o homem necessita de dar e receber amor? Não. E você vive com isso, não vive? Não apenas você vive com isso, como é a coisa mais importante da vida: o amor. E não existe explicação nenhuma. Da mesma forma, tampouco há explicação para a vida. Mas existe uma razão para estarmos aqui, e você precisa ser humilde o suficiente para aceitar isso. Confie em minhas palavras: a vida de cada um dos seres humanos tem um sentido, embora ele cometa o erro de passar grande parte do seu tempo na terra buscando uma resposta, enquanto se esquece de viver.”
“Posso lhe dar um exemplo de uma época em que cheguei perto de entender tudo isso. Eu tinha comparecido à festa de comemoração dos 50 anos da minha formatura do ginásio. Ali, na escola onde estudei enquanto adolescente, encontrei muitos amigos. Bebemos, fizemos as mesmas piadas de meio século atrás.
“Em um dado momento, olhei para o pátio da escola. Então, me vi criança, brincando com eles, olhando a vida com surpresa e intensidade. De repente, aquela criança que eu fui pareceu ganhar forma e se aproximou se mim.
“Me olhou nos olhos e sorriu. Então, eu entendi que não havia traído os meus sonhos de infância. Que a criança que eu tinha sido um dia, ainda estava orgulhosa de mim. Que a mesma razão que eu tinha para viver quando criança, continuava viva em meu coração.
“Procure viver com a mesma intensidade de uma criança. Ela não pede explicações; mergulha em cada dia como se fosse uma aventura diferente e, de noite, dorme cansada e feliz.”
By Paulo Coelho, da série “Diálogos com o Mestre”.
Palavras não são apenas palavras. Elas têm disposição de ânimo, climas próprios.
Quando uma palavra se aloja dentro de você, ela traz um clima diferente à sua mente, uma abordagem diferente, uma visão diferente. Chame a mesma coisa de um nome diferente e perceberá: algo fica imediatamente diferente.
Existem as palavras dos sentimentos e as palavras intelectuais. Abandone cada vez mais as palavras intelectuais, use cada vez mais palavras dos sentimentos.
Existem palavras políticas e palavras religiosas. Abandone as palavras políticas.
Existem palavras que imediatamente criam conflito. No momento em que você as pronuncia, surgem discussões. Assim, nunca use uma linguagem lógica e argumentativa. Use a linguagem do afeto, do carinho, do amor, para que não surja discussão alguma.
Se você começar a ficar consciente disso, perceberá uma imensa mudança surgindo. Se você estiver um pouco alerta na vida, muitas infelicidades poderão ser evitadas.
Uma única palavra pronunciada na inconsciência pode criar uma longa corrente de aflição. Uma leve diferença, apenas uma virada muito pequena, e isso cria muita mudança.
Você deveria ser muito cuidadoso e usar as palavras quando absolutamente necessário. Evite palavras contaminadas. Use palavras arejadas, não controversas, que não são argumentos, mas apenas expressões de suas impressões. Se você puder se tornar um especialista em palavras, toda a sua vida será totalmente diferente.
Se uma palavra trouxer infelicidade, raiva, conflito, dor ou discussão, abandone-a. Qual é o sentido de carregá-la? Substitua-a por algo melhor.
O melhor, às vezes, é o silêncio, depois é o canto, a poesia, o amor.
By Osho.
Há um momento na vida em que, graças ao domínio de mecanismos sofisticados da inteligência, aprendemos a mentir. Mentimos jogando com as palavras, contendo gestos, assumindo posturas convenientes – e das quais discordamos – para aliviar tensões.
Tentamos esconder aquele traço da nossa personalidade que não nos agrada assumindo uma maneira de ser mais apropriada. São tantas as possibilidades de escamotear a verdade que o mais prudente seria olhar o ser humano com total desconfiança – pelo menos até prova em contrário.
Ainda que sentir medo e insegurança faça parte da natureza humana, fingimos que tudo está sob controle e que nada nos abala para ocultar nossa fragilidade. Acreditando no que veem, os outros passam a se comportar como se também não sentissem medo.
Mentem para não parecerem frágeis e inferiores diante daqueles que julgam fortes. Nesse teatro diário, alimentamos o círculo vicioso da dissimulação. Minto para impressionar você, que me impressionou muito com aquele jeito fingido de ser – mas que me pareceu genuíno.
Não seria mais fácil se todos admitíssemos que não somos super-heróis e que não há nada que nos proteja das incertezas do futuro?
Em geral, quem não aceita o próprio corpo evita praias e piscinas. Diz que não gosta de sol, quando, na verdade, não tem estrutura para mostrar publicamente aquilo (a gordura, a magreza ou qualquer outra imperfeição) que abomina.
É o mesmo mecanismo usado pelos tímidos, que não se entusiasmam muito por festas e locais públicos. Em casa, não precisam expor sua dificuldade de se relacionar com desconhecidos.
Temos muito medo de nos sentirmos envergonhados, de sermos alvos de ironias que ferem nossa vaidade. É para não correr esse risco que muita gente muda de cidade depois de um abalo financeiro. Melhor ser pobre e falido (e encontrar a paz necessária para reconstruir a vida) onde ninguém nos conheceu ricos e bem-sucedidos!
Até aqui me referi às posturas de natureza defensiva, que servem de armadura contra o deboche, as críticas e o julgamento alheio.
Há, no entanto, um tipo perverso de falsidade: a premeditada. Pessoas dispostas a se dar bem costumam vender uma imagem construída sob medida para tirar vantagem.
Um homem extrovertido e aparentemente seguro, independente e forte pode ter criado esse estereótipo apenas para cativar uma parceira romântica. Depois de conquistá-la, revela-se inseguro, dependente e egoísta.
Mulheres sensuais podem se comportar de maneira provocante para despertar o desejo masculino – e sentir-se superiores aos homens. Vendem uma promessa de intimidade física alucinante que raramente cumprem, pois são, em geral, as mais reprimidas sexualmente. O apelo erótico funciona como atalho para os objetivos de ordem material que pretendem alcançar.
Não há como deixar de apontar a superioridade moral daqueles que mentem por fraquezas quando comparados aos que obtêm vantagens com sua falsidade. O primeiro grupo poderia se distanciar ainda mais do segundo se acordasse para uma verdade óbvia e fácil de enfrentar: aquele que me intimida é tão falível e frágil quanto eu.
E – nunca é demais lembrar –, para ele, eu sou o outro que tanto lhe mete medo!
By Flávio Gikovate.
Suponha que cada um de nossos pensamentos e sentimentos não fica sem resposta no Universo. E isto é tão elementar, tão real e tangível, que não precisa de um laboratório para comprová-lo – é só animar-se a dominar os pensamentos em vez de deixar que eles te dominem.
Faça algo, imagine algo, e o mundo te responderá. Qualquer coisa. Receberá a resposta já contida em sua mensagem inicial, não há outra possibilidade.
Dado que tudo o que existe corresponde a uma mesma e única fonte, cabe elucidar que o que mandamos para fora retorna. A lei da atração não funciona segundo a decisão das pessoas. É imutável!
Por isso, se seu sentimento for de pena, atrairá pena. Se sentir alegria, haverá alegria ao seu redor. Tenha o dom de contagiar o que te agrada. Ative desde este momento sua habilidade de gerar campos de atração baseados em sentimentos plenos de emoções cristalinas, e o Universo se encarregará de executar um mecanismo, uma conspiração divina, para que os elementos harmônicos se desdobrem em sua direção, e dancem ao redor de sua imaginação como nunca acreditou ser possível.
Visualize o que deseja e se materializará. Assim, bem simples. Não há outra maneira.
Desconheço a autoria.