O Internet Movie Database (IMDb) é conhecido como a bíblia do cinema! Qualquer dúvida ou curiosidade que alguém tiver sobre cinema, basta dar uma passada por esse site que encontrará a informação procurada.
Recentemente o IMDb fez uma coletânea com os 250 filmes mais famosos de todos os tempos, organizada pelo americano Jonathan Keogh. A trilha musical também é especial, trazendo Beatles, Joan Jett e Cypress Hill e foi feita pelo brasileiro DJ Faroff (o melhor do mundo em mashups).
São mais de 250 filmes em apenas 2 minutos e 30 segundos! Tem “Curtindo a Vida Adoidado”, “Ben-Hur”, “Titanic”, “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, entre tantos outros. Claro que muitos ficaram de fora (quem sabe eles façam uma parte II!).
Assista e veja se consegue identificar todos! É tudo muito rápido, mas vale a pena tentar identificá-los!!
Se não conseguir descobrir os 250 filmes, o gabarito com a lista está no site do IMDb.
Dando sequência às reflexões sobre educação, começadas na semana passada, destacoum filme que deve ser visto e discutido pelos educadores brasileiros, aos quais se recomenda atenção para o que ele representa em termos de educação moderna!
O professor John Keating entra na sala de aula assobiando. É o primeiro dia do ano letivo. Ele passa pelos alunos, despertando olhares curiosos e encaminha-se para uma outra porta, de saída para o corredor. Todos seus pupilos ainda estão de sobreaviso, curiosos e sem saber o que fazer. Keating olha para eles e faz um sinal, pedindo que os estudantes o acompanhem. Todos chegam a uma sala de troféus da escola, onde, ao fundo, podem ser vistas fotos de ex-alunos, remontando ao início do século, fazendo-nos voltar ao começo das atividades da escola. Ele pede silêncio e, que a atenção de todos volte-se para os rostos de todos aqueles garotos que frequentaram aquela tradicional instituição de ensino em outros tempos.
O que aconteceu com eles? Para onde foram? O que fizeram de suas vidas? Suas vidas valeram a pena? Perguntas como essas são lançadas aos alunos. Muitos ainda sem saber o que estavam fazendo ali; afinal, não era para estarem estudando literatura inglesa e norte-americana?
Desconforto e desconserto! O personagem do professor Keating, vivido pelo eclético e versátil (além de extremamente talentoso) Robin Williams, conseguiu o que queria. Deixou seus alunos em dúvida. Iniciou seu relacionamento com eles tentando demovê-los de sua passividade, provocando-os a uma reflexão sobre a vida. Afinal, será que estamos fazendo valer nossa existência? “Carpe Diem”, ou seja, “aproveitem seus dias”, passou a ser uma regra de ouro a partir de então para alguns de seus alunos; afinal, “vejam o exemplo daqueles que já estiveram por aqui (retratados naquelas fotografias esmaecidas, amareladas) e pensem se vocês querem que o tempo passe e vocês venham a se tornar ‘comida de vermes’ em seus caixões sem que nada do que tenham feito por aqui tenha repercutido como, acreditem, muitos desses jovens das fotografias o fizeram, deixando passar a vida sem perceber a riqueza contida na mesma!”
“Para fazer com que suas existências tenham valor vocês devem viver com intensidade cada dia que lhes é dado, cada momento que lhes é concedido, cada experiência à qual têm acesso”, diz com sabedoria inconteste o ilustre mestre Keating. Por isso, repete, “Carpe Diem”.
Como se vê, trata-se da história de um grupo de jovens alunos que têm o privilégio de trabalhar com um professor visionário, de atitudes inesperadas, que os instigou a pensar por conta própria (o que lhe rende críticas dos colegas e da instituição) e que arrebatou-lhes os corações. Por ter sido aluno dessa escola, Keating teve sua vida acadêmica retratada nos famosos “Year books” das “high schools” norte-americanas e, entre as informações sobre esse nobre aluno, consta uma a respeito de ter participado de uma tal “sociedade dos poetas mortos”. Essa informação desperta a curiosidade dos alunos, que lhe pedem informações acerca das atividades desse grupo. Informados de que se tratava de uma turma de alunos que se reunia para ler poesias e aproveitar tudo aquilo que aqueles grandes escritores tinham produzido para seu próprio prazer e engrandecimento, resolvem fazer com que a “Sociedade” ressurja.
Não é só a sociedade que retoma suas atividades: todos os alunos envolvidos se vêem às voltas com uma verdadeira renovação em suas existências, todos encontram novos interesses e vocações, todos parecem ter despertado de um sono profundo, de uma letargia tão envolvente que parecia tragar-lhes a juventude sem possibilidade de volta.
O professor Keating deu a eles uma oportunidade sem igual e, ao mesmo tempo, fez com que os estudantes fossem se encantando com a literatura (que nos fala daquilo que é essencial, verdadeiramente fundamental em nossas vidas: o amor, a amizade, a paz, a dor e as desilusões). Segundo Keating, estudar para que nos tornemos advogados, engenheiros ou médicos é importante, mas o que torna nossas existências válidas tem a ver com o espírito, com o prazer e, a poesia, a literatura, são fontes riquíssimas nesses quesitos.
Ao lidar com adolescentes, muitas vezes, nós educadores, por conta do excesso de atividades, dos programas extensos que têm que cumprir, das avaliações ou do próprio descaso, deixam de vê-los como pessoas em formação, que alimentam sonhos e fantasias (que muitos de nós parecemos ter esquecido lá atrás, no tempo de nossas próprias juventudes), que planejam verdadeiras revoluções (dizem que quando temos 16 anos queremos incendiar o mundo e que, ao chegarmos a idade adulta, nos tornamos bombeiros; a maturidade é saudável, no entanto, devo dizer que preservar alguns focos de incêndio acesos em nossos corações e mentes também é fundamental. Sonhar é preciso!) e que, necessitam desesperadamente de nosso apoio e orientação, de nosso carinho e atenção.
Keating incorpora nosso idealismo, nossa pureza de princípios. Os alunos simbolizam a força e a vitalidade do novo, dos elementos de transformação que – esperamos – venham a transformar esse mundo num espaço muito mais justo, mais equilibrado. Há, no entanto, os choques com as forças conservadoras, com a opressão da ordem que não aceita desequilíbrios (mesmo sabendo-se que eles trarão recompensas e melhorias). Nesses confrontos nem sempre o que está por vir é o que gostaríamos que acontecesse.
“Sociedade dos Poetas Mortos” é um filme imperdível para quem ama a educação, para quem alimenta ideais de reformular, para quem tem um profundo respeito e preocupação com essa juventude com que trabalhamos. Discutir esses temas todos, reformular as nossas práticas, alimentar nossos sonhos, rever posturas e condutas e, principalmente, olhar para nós mesmos e para nossos alunos em busca daquilo que nos faça sentir orgulho do que fizemos em nossas vidas!
– É um filme que deve ser visto e discutido pelos educadores brasileiros, aos quais se recomenda atenção para o que ele representa em termos de educação moderna (Arnaldo Niskier).
By João Luís de Almeida Machado, professor e educador, mestre em Educação. Autor do livro “Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema”.
Em Cisne Negro, o diretor Darren Aronofsky retorna com uma obra que aborda a fragilidade da mente humana e a perturbadora ambição que a move em busca de um sonho. “Cisne Negro”, que já acumula mais de 20 prêmios ao redor do mundo, além de concorrer em cinco categorias no Oscar 2011, é um misto de sonho e realidade que surpreende, assusta e seduz.
Desde o início é possível deduzir no que o filme se tornará no decorrer de sua trama: um pesadelo. Ambientado nos bastidores do prestigiado New York City Ballet, a trama gira em torno de Nina (Natalie Portman, aposta certa para o Oscar de Melhor Atriz), uma bailarina que se vê diante da chance de interpretar o papel principal em uma montagem de “O Lago dos Cisnes”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky.
Insegura e sem amigos, Nina vive exclusivamente para a dança, sempre limitada à superproteção de sua mãe (a sumida Barbara Hershey, de “A Última Tentação De Cristo”). Pressionada por seu mentor e coreógrafo Thomas (Vincent Cassel, de “À Deriva”), Nina terá sua competência posta em xeque: sua fragilidade comprometeria a interpretação do papel que almeja, a Rainha dos Cisnes, visto que teria que interpretar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia, sensualidade e maldade).
O pesadelo da bailarina toma forma na figura de duas colegas de profissão: a veterana Beth (competente aparição de Winona Ryder), que foi forçada a abandonar a equipe por conta da idade, e a novata sedutora Lily (impressionante atuação de Mila Kunis, da série “That 70′s Show”). Enquanto Beth ilustra passado e futuro, Lily personifica o inimigo interno de Nina no presente.
Na busca pela perfeição e na tentativa de provar a Thomas que é capaz de expor seu lado mais selvagem, Nina é conduzida de tal forma pelo papel que interpreta que não consegue perceber os limites entre sonho e realidade, que começam a definir sua vida.
Natalie Portman, a alma do filme, brilha grandiosamente neste papel que lhe exigiu esforço intenso em conhecimento, aprimoração e domínio das técnicas de dança. Foram quase 12 meses de preparo para que a atriz conseguisse expor, de maneira plausível, o retrato de uma bailarina devorada pela ambição.
Aronofsky arquiteta uma trama de padrões narrativos complexos, cujo ritmo é determinado pela constante mudança entre sonho e realidade, que tornam o filme uma experiência sensorial inebriante.
É possível sentir na pele cada arranhão, cada sangramento, cada ferida a cicatrizar no corpo da personagem. À medida em que cresce a paranóia de Nina, cresce o interesse do espectador pelo desfecho da trama.
Seja pelo impacto do desfecho, seja pela pressão psicológica compartilhada com os personagens, o lado branco ou o lado negro do cisne interior que cada um carrega em si será convidado a se manifestar.
Enfim, um filme imperdível, que vai mexer com cada espectador de alguma forma. É a tal história do “ame-o ou deteste-o”. Só assistindo e mergulhando na trama para definir uma posição.