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Quebrando ovos

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Quebrando ovos

Chega um momento em que a relação precisa quebrar os ovos. É bom estar preparado.

Será como o trabalho doméstico: transparente. Lava-se louça, roupa, estende, retira os vincos com ferro, limpa casa, recolhe o lixo, arruma os brinquedos e os filhos nem reparam que tudo está novamente no lugar e no armário, apesar da bagunça feita recentemente. É óbvio que não vão agradecer. É o que chamo de passado secreto. Aconteceu, mas não merece memória.

Entretanto, a raiva fica: não fui valorizado e resta um desmemoriado mal-estar.

Minha namorada resolveu comer omelete. Ela já preparou o prato outras vezes em seu apartamento. Estava na minha casa e me antecipei na captura dos ingredientes, louco para agradá-la. Mas a minha menção de executar a tarefa a desagradou. Entenda, é o passado secreto. O ardiloso passado secreto. Com minha efusiva disposição, ela desconfiou de que eu não gostava de suas omeletes e que, somente agora, decorrido um ano, estava com coragem de falar.

Raciocinei que significava uma informação dispensável, meu modo era dourar os dois lados e o dela era envelopar a massa ao final, mas ela tratava o assunto com tamanha energia que até me assustou.

– “Quer que eu faça?”, perguntei.

– “Não gosta do jeito que faço?”

– “Gosto, é que eu mostraria minha predileção…”

– “Gosta nada, quem já fez omelete para você? Quer do jeito de quem? Confessa?”

– “De ninguém…”

– “Ora, vai nessa, qual é a receita? Com queijo ralado, requeijão, tomates fatiados? Por que nunca me disse que não gostava da minha omelete? Eu me sinto uma idiota…”

– “Eu gosto, só busquei uma maneira diferente!”

– “Que maneira?”

(Daí eu me danei)

Levamos mais tempo discutindo na tentativa de prevenir a discussão. A conversa durou duas horas. Duas horas sobre absolutamente nada, a não ser o medo do que não foi vivido junto. Se aliso seu umbigo, acreditará que repito um convite libidinoso com uma antiga namorada. Quanto mais a gente se entrega, maior é o pânico de estar sozinho na doação, de ser uma miragem afetiva. Tanto que, após desfiar um “eu te amo tanto”, não ouse nunca mais declarar “eu te amo” – é como se amasse menos.

O ciúme está dobrado em cada gesto, fazendo contas e pedindo estornos. Não há saída; passe manteiga na conversa, aqueça a frigideira e admire os ovos quebrados na pia.

Repare como o negócio é tinhoso. Durante as compras, no caixa, costumava perguntar se ela estava naquele momento com troco. Não falava dinheiro, mas troco. Uso troco para tudo. Para quê? Ela já formulou uma tese de que empregava o código com a ex. Igual sina em nossas rotas românticas. Relaxados, sozinhos e prontos para namorar, peço que ela me alcance o champanhe do balde:

– “Por favor, me passe a “champs”?”

– ““Champs”?”

Pronto! Feito o entrevero. Usava também esse dialeto com a ex.

O grave é que ela tem razão. Só não desejava brigar, ainda mais quando não tenho defesa. Ela poderia ser mais justa e me dar tempo para preparar uma mentira.

By Fabrício Carpinejar.

Tempo de mudança

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 06/11/2014 by Joe

Tempo de mudança

É tempo de mudança.

Mudança de casa, mudança de vida.

Tempo de viver planos, desejos, vontades.

É tempo de mudar. Mudar as roupas do armário, os temperos da comida, as cores da vida.

Tempo de mudança é sempre assim: medo e ansiedade. O medo de errar e a ansiedade de tentar fazer tudo novo.

Tempo de mudar é sempre tempo de refazer. Refazer não porque se fez errado. É diferente. É refazer por insistir nas coisas que não foram assim tão boas.

Tempo de mudar é sempre tempo de renovar e se desfazer de coisas, de renovar os cheiros, os gostos e os sabores…

Tempo de mudar é isso : abrir as gavetas, os lixos, os potes, as cumbucas…

E começar do zero.

Tudo de novo.

Tempo de mudar é isso!

É só o tempo que a gente passa a vida esperando: o tempo da reciclagem.

Desconheço a autoria.

Um novo rumo

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 19/09/2014 by Joe

Um novo rumo

Certas pessoas precisam, com urgência, realizar uma operação radical em suas vidas e remover lembranças, dores, mágoas, orgulho ferido e até algumas pessoas do seu dia-a-dia. É uma limpeza radical em sentimentos e relacionamentos, que poderá finalmente, permitir que você viva plenamente.

Aproveite hoje e tire tudo que não te serve mais, de sua cabeça, de suas veias, do seu coração. Importe-se com você. Não, não é ser egoísta, é fundamental para a sua vida que você esteja bem. Já viu alguém dar algo que não tem? Quem dá, dá o que tem, ou o que julga ter! Se você não está bem, não está feliz, vai passar o que para os outros?

Falsidade talvez, tristeza com certeza. E, pior ainda, vai magoar quem não te fez nada, por causa de suas irritações, de suas frustrações. Ninguém mais tem tempo para ouvir nossas dores, nossas ladainhas, nossas queixas.

Então, resolva-se, aceite-se, conheça-se!

O negócio é olhar para o seu umbigo e resolver de uma vez por todas se você quer ficar na dor, ou quer mesmo ser feliz. Quer ficar na dor? Continue pensando em quem te deixou, continue criando fantasias com pessoas que nem te prometeram nada, continue querendo mudar as pessoas.

Continue falando “sim” quando quer dizer “não”; continue ouvindo aquelas músicas do passado que você sabe que só te fazem chorar; fique lamentando a morte de quem já passou faz tempo; continue acreditando que quem errou foi você; continue se comparando aos outros; continue acreditando que ser feliz é só para os outros; continue se julgando “coitadinho”.

Quer ser feliz? Ame-se, aceite-se e perdoe sempre! Não aceite que te tratem mal, que te pisem, ou te humilhem. Seja humilde, mas nunca aceite a humilhação gratuita. Pare de querer mudar as pessoas e consolar quem não quer ser consolado. Mude tudo na sua vida! Se não está dando certo, porque insistir?

Tenha coragem de assumir-se, saia do armário das convenções, diga sim para a vida, mas diga com a certeza de que você, e somente você, pode agora mesmo determinar um novo rumo, uma nova estrada!

By Paulo Roberto Gaefke.

A obra de uma vida

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A obra de uma vida

Não se pode morrer sem deixar uma grande obra… e não se pode viver sem executá-la!

Penso no que fiz e chego não à coisa em si, ao físico, material, mas ao espírito da coisa: o amor. O que eu sei fazer não foi o dinheiro que me ensinou. Nem o tenho para exibir.

Sexagenário, preocupo-me em atender e entender o significado de “a obra de uma vida”. Seria a felicidade orgástica após ter consumado um ato? Consumindo matérias? Adquirindo bens? Viver é produzir atos.

Mamãe dizia: “se pegou em dinheiro, lave bem as mãos!” Isso lá é educação financeira?!

Papai falava: “Fique só com o dinheiro digno, que seu trabalho e suor lhe proporcionarem!” É o fim da picada nestes novos tempos!!

O que você diria para um estudante que rejeita uma oferta de US$ 1 milhão da Microsoft? Provavelmente que ele está maluco, não é? Pois Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, já é mais rico do que Steve Jobs, chefão da Apple, só porque entendeu o valor da pobreza da vida social da Universidade de Harvard, e projetou uma grande rede de relacionamentos humanos.

Cresci lendo clássicos como Honoré de Balzac, que disse: “Por detrás de uma grande fortuna há sempre um grande crime”.

Aprendi com a Cabala Judaica que o melhor louvor que um homem pode receber é: “Que seu nome sempre seja lembrado!”, e também aprendi que “De três maneiras é um homem conhecido: por seu copo, por seu bolso e por sua ira”.

A mesma moeda que compra a paz paga a guerra. Explicam os rabinos: “Qual a causa da morte? A vida. Mas qual é a causa do dinheiro? O desejo de justiça. O dinheiro em si é uma idolatria não só quando amado, mas quando desprezado”. “A resposta”, escreve o Rabino Nilton Bonder, “é que ele não foi criado para ser uma forma de opressão ou um instrumento de ganância, mas, ao contrário, o dinheiro – surpreendentemente – surge de um desejo humano por justiça e pela esperança de um mundo melhor”.

Quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para sempre? Perdoe!

Negócios!!! Sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimiza o ganho para os dois e a perda para ninguém.

Goethe descreve a arquitetura como “música congelada” e para os sábios, o dinheiro é “trabalho congelado”.

Aprendi também, que na hora de minha passagem, quando daqui nada levarei, terei de dar consciência a algumas destas questões:

• qual o tamanho da minha casa, e quantas pessoas abriguei nela?

• as roupas do meu armário, quantas pessoas ajudei a vestir?

• sobre o montante de meus bens materiais, em que medida eles ditaram minha vida?

• qual foi meu maior salário, comprometi meu caráter para obtê-lo?

• quantas promoções recebi em meu ofício, e de que forma promovi outros?

• o que fiz para proteger meus direitos, e o que fiz para garantir os direitos dos outros?

• nos bairros onde morei, como tratei meus vizinhos?

• quantos amigos tive, e para quantos realmente fui amigo?

A “grande obra” seria manter os amigos que fiz, que não deixarão meu nome ser esquecido?

Pior que ganhar inimigos é perder um amigo. Como um homem pode perder-se dos amigos?

Tento elencar alguns dos nomes que me serviram de inspiração:

Nobreza de caráter: Ayrton Senna, Gandhi, Einstein.

Estadistas: JK, Rondon, Barão do Rio Branco.

Artes: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, Malfatti, Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila, Ohtake, Jobim, Vinicius, Cartola, Noel, Beatles, Caymmi, Niemeyer, Lobato, Machado, Alencar.

Ciências: César Lattes, Vital Brazil, Chagas e Cruz, Santos Dumont.

Esportes gerais, olímpicos e paraolímpicos: muitos, muitos mesmo.

Quero lembrar de políticos: chego ao patético!

Cristo: “Amai-vos uns aos outros como vos amei”.

Regis, eu mesmo: “Ama o quanto podes se tens a capacidade de fazê-lo e faze o que tanto queres se tens a capacidade de amá-lo”.

Não sei quem: “Eduque seu filho para ser feliz e não para vencer na vida; assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço”.

By Regis Vianna.

Ter vida secreta é necessidade

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Ter vida secreta é uma necessidade

Ter vida secreta é necessidade, dizem psicólogos, mas o conflito entre desejo e sociedade pode causar sérios traumas!

Um recibo de cartão de crédito esquecido no lugar errado ou um e-mail em aberto na caixa postal do computador poderia ter acabado com tudo: com o casamento, com a carreira bem sucedida e com a reputação de decência que ele construiu numa vida inteira.

Acontece que, por mais de 10 anos, ele radicalmente manteve duas identidades paralelas: uma delas era do homem que vivia numa pacata vila do condado de Westchester e que trabalhava num escritório de Nova York, enquanto que o outro funcionava principalmente nos clubes noturnos, bares de aeroporto e bordéis. O primeiro recebia os clientes calorosamente e acenava aos vizinhos, às vezes apenas poucas horas depois de o outro ter voltado de um encontro de “trabalho” com prostitutas ou traficantes de cocaína.

A gota d’água para o fim dessa situação foi um simples aviso em pop-up pelo computador, num anúncio de um software de segurança eletrônica, advertindo que a vida online dele estava sendo “constantemente monitorada”. Foi o bastante para provocar pânico nesse empreendedor imobiliário de Nova York, que em seguida procurou um terapeuta.

A vida dupla desse homem é um exemplo extremo de como a aflição mental pode fragmentar uma identidade, afirma o psiquiatra que atendeu esse paciente, o Dr. Jay S. Kwawer, diretor de educação clínica no Instituto William Alanson White em Nova York. Kwawer discutiu esse caso numa palestra recente.

Os psicólogos dizem que a maioria dos adultos normais está bem preparada para começar uma vida secreta, quem sabe até para mantê-la. E a capacidade de manter um segredo é fundamental para um desenvolvimento social saudável, dizem os especialistas. O desejo de criar outras identidades – e o de se reinventar e o de fingir – podem perfeitamente se prolongar pela vida adulta.

E, nos últimos anos, pesquisadores concluíram que algumas habilidades psicológicas que servem para muitos evitarem colapsos mentais são as mesmas que podem colocar essas pessoas em risco crescente, quando prolongam essas atividades clandestinas.

“Num sentido bem profundo, você não tem um self, uma identidade, a não ser que tenha um segredo. Nós todos temos aqueles momentos em nossas vidas onde sentimos que estamos nos dissolvendo em nosso grupo social, ou no trabalho ou no casamento. Nesse caso é bom, dá prazer buscar uma atividade secreta, ou algum subterfúgio, para reafirmar nossa identidade, como alguém dissociado do grupo”, afirma o Dr. Daniel M. Wegner, professor de psicologia em Harvard. “E agora estamos descobrindo que algumas pessoas fazem isso de maneira mais eficiente que outras”.

As vidas secretas mais conhecidas são as mais espetaculares –o arquiteto Louis Kahn na verdade teve três vidas; Charles Lindbergh assumidamente teve duas. Mas esses são exemplos exagerados de um comportamento que é extremamente comum e variado, dizem os psicólogos.

Algumas pessoas jogam furtivamente, outras experimentam drogas. Tem gente que experimenta aulas de música, enquanto outras seguem um grupo religioso. E elas guardam seus segredos por diversas razões.

Há também milhares de pessoas – homens e mulheres gays que mantêm casamentos heterossexuais, por exemplo – cuja vergonha ou cuja negação a respeito de suas necessidades elementares os encaminham para excursões clandestinas por outros mundos.

Mas se a vida secreta será ou não destrutiva, concluem os especialistas, isso vai depender tanto da natureza do segredo quanto da estrutura psicológica do indivíduo.

Tudo que é secreto dá mais prazer

Há muito tempo os psicólogos vêm considerando a capacidade de guardar segredos como fundamental para um desenvolvimento saudável. Crianças a partir dos 6 ou 7 anos aprendem a fazer segredo sobre o presente que a mãe receberá no aniversário. Na adolescência e na idade adulta, uma certa fluência com as pequenas mentiras sociais é associada à boa saúde mental.

Os pesquisadores já confirmaram que o segredo pode despertar a atração, ou como colocou Oscar Wilde, “O ato mais banal se torna delicioso se é secreto”.

Um estudo feito com homens e mulheres que vivem no Texas relatou que os relacionamentos passados que continuam vindo à lembrança dessas pessoas freqüentemente são esses relacionamentos secretos.

Num outro estudo, psicólogos em Harvard descobriram que podiam aumentar a atração entre desconhecidos, homens e mulheres, ao estimulá-los a flertar furtivamente, como por debaixo de uma mesa, como parte de um experimento científico.

O impulso de agir como persona inteiramente diferente também é amplamente comum em culturas diferentes, dizem os cientistas sociais, e pode ser motivado tanto pela curiosidade quanto por simples travessura ou então por uma sincera busca espiritual.

Certamente é um conflito familiar para quase todos que já escapuliram temporariamente de seu cotidiano, seja nas férias, a negócios ou quando vai viver num outro país.

“Acontecia frequentemente quando alguém saía de férias no verão e se transformava numa outra pessoa, como quem saía para acampar ou ia para a Europa e se transfigurava, em espírito ou por meio de uma experiência saudável”, diz a dra. Sherry Turkle, socióloga do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Agora, segundo a especialista, as pessoas frequentemente se transformam em outras pela Internet, sem nem precisar sair da poltrona: um contínuo que fica logo ali, perto de você, pode assinar como fulanodetal@xyz.com.br e navegar por salas de bate-papo como OcaradeArmani, Brisa Suave ou Homem-Trovão.

Recentemente, a dra. Turkle estudou a utilização de jogos interativos online, como o The Sims Online, onde as pessoas estabelecem famílias e comunidades. Após realizar entrevistas detalhadas com 200 jogadores regulares ou eventuais, ela diz que muitas pessoas utilizam os jogos como uma maneira de formar famílias que gostariam de ter tido, ou pelo menos como forma de viver versões alternativas de suas próprias vidas.

Uma jovem de 16 anos que vive com um pai abusivo fez uma simulação de seu relacionamento com ele no jogo The Sims Online. No jogo ela se transfigurava, aleatoriamente, em um rapaz de 16 anos, numa jovem mais velha e mais poderosa e numa outra personalidade, mais assertiva, entre outras identidades. Foi como uma filha mais resoluta, diz a Dra. Turkle, que a jovem percebeu que era possível perdoar o pai dela, caso não conseguisse transformá-lo.

“Acho que o que as pessoas estão fazendo agora pela Internet”, diz a cientista, “tem um significado psicológico profundo, pela forma como elas usam outras identidades para expressar problemas e potencialmente resolvê-los, numa região que é relativamente livre de consequências”.

Bloqueando lembranças desagradáveis

Já no mundo aqui fora, lugar tão cheio de perigos e consequências, estudos indicam que a maioria das pessoas considera ser mentalmente exaustivo manter segredos bombásticos por muito tempo. Vidas secretas então, nem se fala…

O simples ato de tentar suprimir a informação cria uma espécie de efeito-rebote, fazendo com que pensamentos sobre um caso extraconjugal, excursões de fim de noite ou uma dívida secreta inundem a consciência, especialmente quando uma pessoa que poderia ser atingida por uma revelação está por perto.

É como acontece com um aparelho de televisão ligado num bar superlotado – o tal lance secreto permanece ligado na mente, atraindo a atenção apesar de esforços conscientes para mudar o foco. Os pensamentos suprimidos retornam até mesmo nos sonhos, de acordo com um estudo publicado recentemente.

A força desse efeito, não há dúvidas, varia de pessoa para pessoa, de acordo com os psiquiatras. Em casos raros, quando as pessoas estão patologicamente sem remorsos, elas não ligam nem percebem o impacto em potencial de seu segredo sobre outras pessoas, e portanto nem sentem a tensão da manutenção do segredo.

Já os que são pagos para viver vidas secretas, como os agentes da inteligência (espiões), pelo menos sabem qual deve ser seu papel, e têm orientações claras que lhes indicam o quanto podem revelar, e para que pessoas exatamente.

Mas, numa série de experiências realizadas na década passada, os psicólogos identificaram um grupo maior de pessoas, batizado de grupo dos repressores (de informação). São de 10% a 15% da população, adeptos da técnica de ignorar ou suprimir a informação que lhes é embaraçosa – pessoas bem capacitadas para manter segredos.

Os repressores de informação apresentam índices baixos nos questionários que medem ansiedade e atitudes defensivas – indicando, por exemplo, que essas pessoas raramente são ressentidas, se preocupam com dinheiro, ou se afligem com pesadelos e dores de cabeça. São pessoas que se avaliam positivamente e que não se atormentam por pouco.

Embora pouco seja conhecido sobre o estágio mental de pessoas assim, alguns psicólogos acreditam que elas aprenderam a bloquear pensamentos aflitivos, distraindo-se com boas recordações. Com o passar do tempo – na verdade, com a prática – isso pode se transformar num hábito, bloqueando o acesso deles a memórias e segredos potencialmente humilhantes.

“Esse talento provavelmente lhes será bem útil na luta diária para evitar pensamentos indesejados de todos os tipos, o que inclui os pensamentos indesejados que surgem das tentativas de suprimir seus segredos na presença de outras pessoas”, diz o Dr. Wegner, de Harvard.

É mais fácil silenciar esses pensamentos. E quanto mais tempo dura essa atividade encoberta, mais difícil poderá ser confessá-la em seguida.

Gays dentro do armário

Em alguns casos, forças bem mais poderosas estão em jogo nesse molde das vidas secretas.

Muitos homens gays e algumas lésbicas casam com parceiros heterossexuais antes de definirem sua identidade sexual, ou até mesmo em desafio a essa identidade.

O objetivo é agradar aos pais, cobrir sua própria vergonha ou querer se tornar mais auto-aceitável ou aceitável para a sociedade, diz o Dr. Richard A. Isay, psiquiatra na Universidade de Cornell que já foi terapeuta de muitos homens gays que estão “no armário”.

“Muito frequentemente”, diz o psiquiatra, “esses homens lutam para não atender aos seus próprios desejos, e começam suas vidas secretas em condição desesperada. No final das contas, esse comportamento força decisões dolorosas sobre como viver, ou como se isolar, junto às famílias que eles adoram”.

“Sei que não busquei ser do jeito que eu sou, ter a orientação sexual que eu tenho, e também sei que sempre fui do jeito que eu sou agora”, foi o que um homem escreveu numa carta publicada no livro de Isay, “Tornar-se Gay”: “Sei que está ficando mais difícil viver nessa concha solitária onde estou, mas não encontro saída fora dela”.

Revelando a vida secreta

Quando a revelação de uma vida secreta vier a destruir ou a envenenar para sempre a vida particular de alguém, as pessoas devem ou assumir e escolher, ou então enfrentarem o risco de uma perturbação mental, conforme dizem muitos terapeutas.

O Dr. Seth M. Aronson, professor-assistente de psiquiatria na Escola de Medicina de Monte Sinai, já tratou um pediatra que vivia nessa condição. O paciente tinha uma esposa e uma criança pequena em casa, e escapulia pela noite nos bares, visitando prostitutas e até mesmo brigando com os rufiões das mulheres.

Numa das sessões, o homem estava tão bêbado que desmaiou; numa outra, veio acompanhado de uma prostituta. “Era uma daquelas clássicas divisões de personalidade, onde a esposa era perfeita e maravilhosa, e ele buscava se menosprezar com essas outras mulheres”, sendo que as duas vidas não poderiam coexistir por muito tempo, diz Aronson.

Num famoso texto sobre o assunto das vidas duplas, publicado em 1960, o psicanalista inglês Dr. Donald W. Winnicott argumentava que um falso self emergia em determinadas situações em que as crianças são criadas para serem tão intimamente sintonizadas com expectativas alheias que se tornam surdas aos próprios anseios e necessidades.

“Na verdade, é como se elas imolassem, queimassem vivas, partes delas”, diz o Dr. Kwawer do White Institute.

O pediatra tratado por Aronson, por exemplo, foi criado num ambiente fundamentalista cristão em que a mãe dele várias vezes o menosprezava, utilizando comparações com um tio vagabundo e beberrão. O paciente de Kwawer, o tal empreendedor imobiliário, tinha pais que franziam sobrancelhas a qualquer sinal de excessos, e impingiram no filho um forte sentido da necessidade de preservar a imagem da família. Ele se casou cedo, em parte para agradar aos pais.

Os dois homens ainda se submetem ao tratamento psicoterapêutico, mas agora conseguiram integrar suas vidas, segundo seus terapeutas. O pediatra cortou suas atividades extracurriculares, mentalmente voltou para casa e confessou alguns de seus problemas à esposa.

O construtor de imóveis se separou da mulher, mas vive por perto e ajuda na criação dos filhos. A separação causou um período de depressão para todos os envolvidos, diz Dr. Kwawer, mas o homem agora conseguiu recuperar a energia no trabalho e se reconectou com os amigos e com os filhos. Os encontros secretos acabaram, assim como o uso de drogas, e ele se sente novamente no controle da própria vida.

“Ao contrário do que muitas pessoas poderiam pensar”, afirma Kwawer, “frequentemente uma vida secreta pode fazer sair da escuridão aspectos mais vívidos, íntimos e energizados das pessoas”.

“Que atire a primeira pedra quem não tiver seu lado B!” (Joemir Rosa).

By Benedict Carey.

 

Comece a agir que a vontade aparece

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 11/10/2013 by Joe

Comece a agir...

Você começa a agir e a vontade aparece! Essa é a descoberta científica mais importante no campo do desenvolvimento humano.

Se uma dona de casa está com preguiça de arrumar a gaveta, quando ela começa a fazer esse serviço dá vontade de arrumar todo o armário. Ela arruma o armário e dá vontade de arrumar o quarto. Arruma o quarto e dá vontade de arrumar a casa, embora no início tivesse preguiça de arrumar a gaveta.

Na vida também é assim: tem gente que passa a vida esperando ter vontade para fazer algo. Sabe qual é o segredo? Comece a fazer que a vontade aparece. Se você for esperar a vontade aparecer, vai ficar parado a vida inteira. O agir e o sentir formam uma via de mão dupla, que tanto pode ir num sentido como no outro.

Você pode começar a fazer alguma coisa e a vontade aparecer, ou pode ter vontade e então fazer alguma coisa. Mas se você ficar esperando a vida inteira, poderá passar uma vida em vão. Tem gente que passa a vida dizendo: “Um dia eu vou abrir uma empresa… ” E nunca realiza o sonho.

O segredo não é esperar para fazer: é fazer que a vontade aparece. Está sem vontade de fazer algo? Comece a fazer que a vontade aparece. William James estava certo – essa foi uma das descobertas mais importantes no desenvolvimento humano nos últimos 100 anos, porque graças a essa constatação você pode começar agora mesmo a fazer aquilo que nem está com vontade, mas que sabe ser importante. Pode ser até uma coisa pequena.

Se a cada dia você melhora um pouquinho (hoje melhor do que ontem, pior do que amanhã), você vai melhorando cada vez mais. O dia em que parar de melhorar, meu amigo, está na hora de morrer, porque a vida é um aprendizado constante. Aprendemos sempre, a cada dia.

Se você me disser que não tem mais nada para aprender, então, eu digo: está na hora de morrer!

Pense nisso e comece a agir!

By Dr. William James, cientista.

Escolhas e decisões

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 22/02/2012 by Joe

O desafio de fazer uma escolha não é a escolha em si, mas ser capaz de abrir mão de tudo que não foi escolhido. Se pudéssemos escolher e manter também o não escolhido seria fácil fazer escolhas, não é? O duro mesmo é a renúncia. Que dureza decidir…

E assim é com tudo na vida, não dá para ter tudo ao mesmo tempo agora. Pode ser tudo, mas uma coisa de cada vez e numa progressão de tempo que não atende ao nosso desejo mágico de simultaneidade.

Claro que há coisas que podem e são simultâneas, mas essas não nos dão angústia, porque não exigem decisão. É a escolha que nos angustia, que nos tira do centro, que nos faz repensar valores, prioridades, responsabilidades. É para isso mesmo que vivemos o dilema das decisões, para nosso autoconhecimento. O desconforto da escolha nada mais é do que um chacoalhão para sairmos de nosso espaço já conhecido e muito habitado de mundo, e nos aventurarmos a olhar um cenário mais amplo da vida.

Há todo um potencial contido em cada escolha. As coisas podem não correr do jeito que pensamos e até podemos concluir que aquele caminho foi um erro. Porém, de fato, todo caminho nos ajuda a compreender um pouco mais dessa habilidade incrível que é caminhar. E a chave para abrir esse portal de oportunidades são as escolhas. Cada decisão nos leva a inéditos conceitos sobre quem somos e o que queremos, mesmo que nossa escolha seja manter tudo como está – isso fala mais de nós do que imaginamos. Eleger algo é definir que tipo de vida queremos naquele momento.

O tema da tomada de decisão não é uma angústia nova, ao contrário. Desde o começo de toda a filosofia que muitos pensadores já se debruçaram sobre o tema e nos inspiraram com suas reflexões. Platão nos conta que Sócrates, em seu último dia de vida, ao aconselhar um de seus discípulos sobre decisões futuras, disse:

– “Faça o que achar melhor, desde que venha a se arrepender um dia!”

Esse é conselho de mestre mesmo. Não escreva na pedra, escreva na areia. As coisas vão mudar, então, esteja preparado para mudar com elas. Uma decisão revela sobre você e seu momento, não é um epíteto que define como será o resto de sua vida. Tudo é transitório, assim como nossas decisões.

A experiência mais interessante é decidir com desapego. Tanto de abrir mão daquilo que não foi escolhido, como ser capaz de lidar com a impermanência do que foi. As coisas mudam. A gente estuda e depois vai trabalhar com outras coisas. Casa e descasa. Tem filhos que um dia vão embora viver suas próprias escolhas.

Podemos escolher e viver a escolha enquanto seu prazo de validade vigorar. Depois, é preciso passar para o próximo estágio, fluir na correnteza da existência e perceber que as decisões também mudam. O que acho mais interessante no conselho de Sócrates não é a sábia contradição de se arrepender um dia, mas a primeira parte do conselho: “Faça o que achar melhor”.

Esse é um luxo ao qual raramente nos damos o direito e o deleite. Fazemos escolhas baseados no que esperam de nós, o que achamos que é o mais sensato, o mais razoável, o que o dever nos cobra, etc. Contudo, só ocasionalmente temos o foco em fazer o que achamos melhor para nós. O que nosso coração clama. Por isso o conflito é ainda maior, porque temos receio de seguir nosso desejo e nos vemos enredados pela trama da cultura que nos conta o que é o melhor.

Então abandonamos a mochila no armário e vestimos o uniforme de sérios e responsáveis, sem perceber que a maior irresponsabilidade é não darmos ouvidos ao nosso projeto mais pessoal de vida.

Somos frutos de nossas escolhas e é sempre tempo de aplicarmos mais sabedoria e menos conhecimento, mais coração e menos razão, mais sensibilidade e menos responsabilidade. Não é tirar isso tudo, é diminuir o volume, fazer uma fórmula mais baseada nos impulsos internos e não nos compromissos externos. Naturalmente, isso também é uma decisão que nos cabe tomar.

By Dulce Magalhães, sócia da Work Educação Empresarial e colunista da Carta de Floripa na edição mensal da Revista Amanhã.

Abra seu coração para o novo

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 30/05/2011 by Joe

Você já deve ter percebido que geralmente é necessário passar por momentos de crise para que as pessoas mudem hábitos e costumes.

Geralmente, essas crises acontecem quando estamos agarrados a velhos padrões de comportamento. Sabemos que temos que mudar, mas, inconscientemente, permanecemos agarrados a eles: é o medo do novo. Parece ser mais seguro ficar com aquilo que já conhecemos.

Quando chegam as crises, dá impressão que o mundo acabou, enxergamos apenas o sofrimento, o caos! Por que isto está acontecendo comigo? É injusto! Sou uma pessoa tão boa! Não devia ter acreditado. Bem que me falaram. Etc, etc, etc…

Tudo à nossa volta está em constante processo de transformação! Olhe à sua volta. Você irá perceber que todos têm questões a resolver. Mudar significa desapegar!

Quando você se compromete com seu caminho de transformação, o mundo à sua volta também muda! Esse caminho é desafiante, árduo, mas seus resultados são gratificantes!

Você poderá começar seu processo de transformação pelas pequenas coisas, assim irá exercitando sua mente para as grandes e necessárias transformações. Por exemplo: vá até o seu armário! Abra a porta e observe-o por alguns minutos. Veja todas as roupas que estão lá guardadas e perceba quantas peças você já não utiliza.

Outras você quer acreditar que um dia ainda poderá usar; porém o tempo passa e elas ficam por lá mesmo. Algumas estão até velhas e fora de moda, daí você cria uma ilusão que poderá usá-las para “bater”. Mas a peça fica parada tomando o espaço de peças novas. Tomam espaço enquanto poderiam ser úteis para alguém.

A acupuntura explica que a dor é excesso de energia concentrada em determinado ponto. É energia parada, sem movimento, sem fluência. Analogamente, poderia estar um relacionamento sem qualidade, onde as pessoas tomam espaço no armário emocional, numa relação sem amor, sem respeito, achando que um dia possa melhorar, acreditando que um não possa viver sem o outro, pensando ser ruim com a pessoa e pior sem ela, ou por costume, ou para evitar conflitos familiares, chegando ao ponto de procurar o complemento emocional em relações extras.

Desculpas existem várias, mas saiba que estará bloqueando a sua realização e ocupando o lugar de alguém que poderia chegar em sua vida e também impedindo o outro na sua realização.

Estará menosprezando a sua capacidade, seu potencial de amor, perdendo o seu tempo, sufocando a sua criatividade, impedindo o seu caminhar na estrada da vida, criando karmas.

Você poderá começar a mudar esse jogo através de seu armário. O armário de roupas é o reflexo da pessoa. É como se dissesse: “mostra-me teu armário e eu te direi quem és!”

Lá está você, o seu estilo, as suas cores. Verifique tudo o que está parado na sua vida, deixe a energia fluir começando pelo armário. Retire tudo o que não usa. Doe para quem precisa. Livre-se do que não é importante, poderá ter importância para o outro. Comece a transformar sua vida pelo armário e as outras mudanças virão.

Parece simples, mas requer disposição!

By Léo Artése, professor de Comunicação Verbal, Marketing Pessoal e Técnicas de Apresentação, Terapeuta Holístico e Acupunturista.

Escolhas e decisões

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 25/06/2010 by Joe

“Fazemos escolhas baseadas no que esperam de nós – e não no que achamos melhor para nós!”

O desafio de fazer uma escolha não é a escolha em si, mas ser capaz de abrir mão de tudo que não foi escolhido. Se pudéssemos escolher e manter também o não escolhido seria fácil fazer escolhas, não é? O duro mesmo é a renúncia. Que dureza decidir. E assim é com tudo na vida, não dá para ter tudo ao mesmo tempo agora. Pode ser tudo, mas uma coisa de cada vez e numa progressão de tempo que não atende ao nosso desejo mágico de simultaneidade.

Claro que há coisas que podem e são simultâneas, mas essas não nos dão angústia, porque não exigem decisão. É a escolha que nos angustia, que nos tira do centro, que nos faz repensar valores, prioridades, responsabilidades. É para isso mesmo que vivemos o dilema das decisões, para nosso autoconhecimento. O desconforto da escolha nada mais é do que um chacoalhão para sairmos de nosso espaço já conhecido e muito habitado de mundo e nos aventurarmos a olhar um cenário mais amplo da vida.

Há todo um potencial contido em cada escolha. As coisas podem não correr do jeito que pensamos e até podemos concluir que aquele caminho foi um erro. Porém, de fato, todo caminho nos ajuda a compreender um pouco mais dessa habilidade incrível que é caminhar. E a chave para abrir esse portal de oportunidades são as escolhas. Cada decisão nos leva a inéditos conceitos sobre quem somos e o que queremos, mesmo que nossa escolha seja manter tudo como está – isso fala mais de nós do que imaginamos. Eleger algo é definir que tipo de vida queremos naquele momento.

O tema da tomada de decisão não é uma angústia nova, ao contrário. Desde o começo de toda a filosofia que muitos pensadores já se debruçaram sobre o tema e nos inspiraram com suas reflexões. Platão nos conta que Sócrates, em seu último dia de vida, ao aconselhar um de seus discípulos sobre decisões futuras, disse: “Faça o que achar melhor, desde que venha a se arrepender um dia.”

Esse é conselho de mestre mesmo. Não escreva na pedra, escreva na areia. As coisas vão mudar, então esteja preparado para mudar com elas. Uma decisão revela sobre você e seu momento, não é um epíteto que define como será o resto de sua vida. Tudo é transitório, assim como nossas decisões. A experiência mais interessante é decidir com desapego. Tanto de abrir mão daquilo que não foi escolhido, como ser capaz de lidar com a impermanência do que foi. As coisas mudam. A gente estuda e depois vai trabalhar com outras coisas. Casa e descasa. Tem filhos que um dia vão embora viver suas próprias escolhas.

Podemos escolher e viver a escolha enquanto seu prazo de validade vigorar. Depois, é preciso passar para o próximo estágio, fluir na correnteza da existência e perceber que as decisões também mudam. O que acho mais interessante no conselho de Sócrates não é a sábia contradição de se arrepender um dia, mas a primeira parte do conselho: “Faça o que achar melhor”.

Esse é um luxo ao qual raramente nos damos o direito e o deleite. Fazemos escolhas baseados no que esperam de nós, o que achamos que é o mais sensato, o mais razoável, o que o dever nos cobra, etc. Contudo, só ocasionalmente temos o foco em fazer o que achamos melhor para nós. O que nosso coração clama. Por isso o conflito é ainda maior, porque temos receio de seguir nosso desejo e nos vemos enredados pela trama da cultura que nos conta o que é o melhor.

Então abandonamos a mochila no armário e vestimos o uniforme de sérios e responsáveis, sem perceber que a maior irresponsabilidade é não darmos ouvidos ao nosso projeto mais pessoal de vida. Somos frutos de nossas escolhas e é sempre tempo de aplicarmos mais sabedoria e menos conhecimento, mais coração e menos razão, mais sensibilidade e menos responsabilidade. Não é tirar isso tudo, é diminuir o volume, fazer uma fórmula mais baseada nos impulsos internos e não nos compromissos externos. Naturalmente, isso também é uma decisão que nos cabe tomar.

By Dulce Magalhães, sócia da Work Educação Empresarial e colunista da Carta de Floripa na edição mensal da Revista Amanhã.

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