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O coração como método

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 07/05/2015 by Joe

O coração como método

O homem pode funcionar a partir de três centros: um é a cabeça, outro é o coração e o terceiro é o umbigo!

Quando você funciona a partir da cabeça, você produz pensamentos e pensamentos e pensamentos. Eles são muito insubstanciais, da matéria dos sonhos – eles prometem muito e não entregam nada.

A mente é uma tremenda trapaceira, tem uma grande capacidade de iludir porque ela pode projetar. Ela pode lhe dar grandes utopias, grandes desejos e vai sempre dizendo: “Amanhã vai acontecer…” e nunca acontece. Nada acontece na cabeça – a cabeça não é o lugar para as coisas acontecerem.

O segundo centro é o coração. É o centro do sentir – sentimos através do coração. Você está mais perto de casa – não ainda em casa, mas mais próximo. Quando você sente, você é mais substancial, você tem mais solidez. Quando você sente há a possibilidade de algo acontecer.

Não há nenhuma possibilidade com a cabeça, mas há uma pequena possibilidade com o coração!

A coisa real não é o coração ainda. A coisa real é mais profunda que o coração – é o umbigo. É o centro do ser.

Pensar, sentir e ser – esses são os três centros. Mas, certamente, o sentir está mais próximo do ser do que o pensar, e o sentir funciona como um método.

Se você quiser descer da cabeça, precisará passar pelo coração – esse é o ponto de cruzamento onde as estradas se separam. Você não pode ir diretamente ao ser, não é possível; você precisará passar pelo coração. Assim, o coração deve ser usado como um método.

Sinta mais e você pensará menos. Não lute contra os pensamentos, porque lutar contra os pensamentos significa, novamente, criar outros pensamentos de luta. Então, a mente nunca é derrotada. Se você ganhar, foi a mente que venceu; se você for derrotado, você é o derrotado.

Nunca lute contra os pensamentos; isso é inútil. Em vez de lutar contra os pensamentos, mova a sua energia para o sentir. Cante em vez de pensar, ame em vez de filosofar, leia poesia em vez da prosa. Dance, olhe a natureza, e tudo o que você fizer, faça-o através do coração.

Por exemplo, quando você tocar alguém, toque com o coração, toque sentindo, deixe seu ser vibrar. Quando olhar para alguém, não olhe simplesmente com olhos mortos como pedra. Deixe sua energia verter através dos olhos e, imediatamente, você sentirá que algo está acontecendo no coração. É apenas uma questão de experimentar.

O coração é o centro negligenciado. Quando você começa a prestar atenção nele, ele começa a funcionar. Quando ele começa a funcionar, a energia que estava automaticamente indo para a mente, começa a se mover através do coração. E o coração está mais próximo do centro de energia. O centro de energia está no umbigo. Assim, bombear energia para a cabeça é, na verdade, um trabalho árduo.

É para isso que existem todos os sistemas educacionais: para ensiná-lo a bombear energia do centro, diretamente para a cabeça. De fato, todo o sistema educacional desenvolvido em todo o mundo é para ensiná-lo a evitar o coração, a como tornar-se mais e mais mental e a como bombear a energia diretamente para a cabeça.

Assim, o amor é negado, o sentimento é negado, condenado – é quase um pecado sentir. A pessoa tem de ser lógica e racional, não emocional. Se você for emocional, as pessoas dirão que você é infantil – de certa forma, eles estão literalmente certos, porque só uma criança sente.

Uma pessoa adulta instruída, culta, condicionada, para de sentir. Ela se torna quase seca, madeira morta – não flui mais nenhum sumo dali. Daí haver tanto sofrimento: o sofrimento é por causa da cabeça.

A cabeça não pode celebrar, não há nenhuma celebração possível através da cabeça – ela pode pensar sobre e sobre e sobre, mas ela não pode celebrar. A celebração acontece através do coração.

Assim, a primeira coisa é começar a sentir cada vez mais e mais. Torne-se uma morada de amor, um santuário de amor; este é o primeiro passo. Uma vez que você dê este primeiro passo, o segundo será muito, muito fácil.

Primeiro, você ama – a metade da jornada está completa. E, assim como é fácil mover-se da cabeça para o coração, é ainda mais fácil mover-se do coração para o umbigo. No umbigo você é simplesmente um ser, puro ser.

By Osho, da obra “For Madmen Only”.

Quebrando ovos

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Quebrando ovos

Chega um momento em que a relação precisa quebrar os ovos. É bom estar preparado.

Será como o trabalho doméstico: transparente. Lava-se louça, roupa, estende, retira os vincos com ferro, limpa casa, recolhe o lixo, arruma os brinquedos e os filhos nem reparam que tudo está novamente no lugar e no armário, apesar da bagunça feita recentemente. É óbvio que não vão agradecer. É o que chamo de passado secreto. Aconteceu, mas não merece memória.

Entretanto, a raiva fica: não fui valorizado e resta um desmemoriado mal-estar.

Minha namorada resolveu comer omelete. Ela já preparou o prato outras vezes em seu apartamento. Estava na minha casa e me antecipei na captura dos ingredientes, louco para agradá-la. Mas a minha menção de executar a tarefa a desagradou. Entenda, é o passado secreto. O ardiloso passado secreto. Com minha efusiva disposição, ela desconfiou de que eu não gostava de suas omeletes e que, somente agora, decorrido um ano, estava com coragem de falar.

Raciocinei que significava uma informação dispensável, meu modo era dourar os dois lados e o dela era envelopar a massa ao final, mas ela tratava o assunto com tamanha energia que até me assustou.

– “Quer que eu faça?”, perguntei.

– “Não gosta do jeito que faço?”

– “Gosto, é que eu mostraria minha predileção…”

– “Gosta nada, quem já fez omelete para você? Quer do jeito de quem? Confessa?”

– “De ninguém…”

– “Ora, vai nessa, qual é a receita? Com queijo ralado, requeijão, tomates fatiados? Por que nunca me disse que não gostava da minha omelete? Eu me sinto uma idiota…”

– “Eu gosto, só busquei uma maneira diferente!”

– “Que maneira?”

(Daí eu me danei)

Levamos mais tempo discutindo na tentativa de prevenir a discussão. A conversa durou duas horas. Duas horas sobre absolutamente nada, a não ser o medo do que não foi vivido junto. Se aliso seu umbigo, acreditará que repito um convite libidinoso com uma antiga namorada. Quanto mais a gente se entrega, maior é o pânico de estar sozinho na doação, de ser uma miragem afetiva. Tanto que, após desfiar um “eu te amo tanto”, não ouse nunca mais declarar “eu te amo” – é como se amasse menos.

O ciúme está dobrado em cada gesto, fazendo contas e pedindo estornos. Não há saída; passe manteiga na conversa, aqueça a frigideira e admire os ovos quebrados na pia.

Repare como o negócio é tinhoso. Durante as compras, no caixa, costumava perguntar se ela estava naquele momento com troco. Não falava dinheiro, mas troco. Uso troco para tudo. Para quê? Ela já formulou uma tese de que empregava o código com a ex. Igual sina em nossas rotas românticas. Relaxados, sozinhos e prontos para namorar, peço que ela me alcance o champanhe do balde:

– “Por favor, me passe a “champs”?”

– ““Champs”?”

Pronto! Feito o entrevero. Usava também esse dialeto com a ex.

O grave é que ela tem razão. Só não desejava brigar, ainda mais quando não tenho defesa. Ela poderia ser mais justa e me dar tempo para preparar uma mentira.

By Fabrício Carpinejar.

Um novo rumo

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 19/09/2014 by Joe

Um novo rumo

Certas pessoas precisam, com urgência, realizar uma operação radical em suas vidas e remover lembranças, dores, mágoas, orgulho ferido e até algumas pessoas do seu dia-a-dia. É uma limpeza radical em sentimentos e relacionamentos, que poderá finalmente, permitir que você viva plenamente.

Aproveite hoje e tire tudo que não te serve mais, de sua cabeça, de suas veias, do seu coração. Importe-se com você. Não, não é ser egoísta, é fundamental para a sua vida que você esteja bem. Já viu alguém dar algo que não tem? Quem dá, dá o que tem, ou o que julga ter! Se você não está bem, não está feliz, vai passar o que para os outros?

Falsidade talvez, tristeza com certeza. E, pior ainda, vai magoar quem não te fez nada, por causa de suas irritações, de suas frustrações. Ninguém mais tem tempo para ouvir nossas dores, nossas ladainhas, nossas queixas.

Então, resolva-se, aceite-se, conheça-se!

O negócio é olhar para o seu umbigo e resolver de uma vez por todas se você quer ficar na dor, ou quer mesmo ser feliz. Quer ficar na dor? Continue pensando em quem te deixou, continue criando fantasias com pessoas que nem te prometeram nada, continue querendo mudar as pessoas.

Continue falando “sim” quando quer dizer “não”; continue ouvindo aquelas músicas do passado que você sabe que só te fazem chorar; fique lamentando a morte de quem já passou faz tempo; continue acreditando que quem errou foi você; continue se comparando aos outros; continue acreditando que ser feliz é só para os outros; continue se julgando “coitadinho”.

Quer ser feliz? Ame-se, aceite-se e perdoe sempre! Não aceite que te tratem mal, que te pisem, ou te humilhem. Seja humilde, mas nunca aceite a humilhação gratuita. Pare de querer mudar as pessoas e consolar quem não quer ser consolado. Mude tudo na sua vida! Se não está dando certo, porque insistir?

Tenha coragem de assumir-se, saia do armário das convenções, diga sim para a vida, mas diga com a certeza de que você, e somente você, pode agora mesmo determinar um novo rumo, uma nova estrada!

By Paulo Roberto Gaefke.

Estuda a ti mesmo

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 11/12/2013 by Joe

Estuda a ti mesmo

O homem, nos últimos 4.000 anos, vem se preocupando em estudar e conhecer tudo o que está ao seu redor. Conseguiu decifrar as estrelas, o sistema solar e as fórmulas matemáticas. Desenvolveu máquinas, raio laser, viagens espaciais e mais uma incontável série de descobertas fascinantes.

Mas um estudo merecia um pouco mais de atenção, diante de tanta complexidade: o estudo do ser humano!

O primeiro passo a ser dado começaria pelo autoconhecimento, a autoindagação, a intuição e o pensamento lógico. São boas maneiras e atitudes para se ampliar os laços com a virtude, como instrumento de autodesenvolvimento sustentável e contínuo, corrigindo falhas num percurso extenso chamado vida.

E tudo isso é, em princípio, olhar para o próprio umbigo e entender realmente quais as verdadeiras necessidades do ser humano diante de seus processos evolutivos.

Estuda a ti mesmo e conhece melhor o próximo. Pense nisso e construa um mundo melhor.

Desconheço a autoria.

Haja paciência!

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 14/11/2012 by Joe

A paciência é uma atitude humanista.

Ser paciente é entender e aceitar a si mesmo e aos outros, e uma virtude necessária para a vida equilibrada, serena.

A definição é poética, envolvente, mas a questão é: como ser assim nos dias atuais? Como é possível alcançar esse estado de espírito e comportamento dentro dos padrões que exigem muito e oferecem tão pouco para o bem-estar individual? Dá para ser paciente com a pressão no trabalho? Com o caos dos centros urbanos ? Com filas? Com as outras pessoas?

Claro que dá …

Desde que fique bem entendido que ser paciente é questão de opção e treino. Opção porque decidimos abrir ou não espaço para o que desperta impaciência. Aquele colega de trabalho que é meio devagar para achar um arquivo no computador, ou que raciocina meio segundo mais lento que você, pode, ou não, ser o motivo da sua impaciência – depende de como você reage à maneira dele ser.

Há pessoas com estrutura de personalidade não reativa e reativa. Há quem não se abale por pouca coisa e disponha de uma grande reserva de paciência dentro delas. Outras são predispostas à reação automática, na base do “toma lá, dá cá”. Se alguém age de maneira que o incomoda, sua resposta imediata é a defesa, o ataque, a irritação. Em suma, com a impaciência.

O segredo é saber como lidar com o processo reativo. O desenvolvimento da paciência começa com você olhando para o umbigo, mergulhando em si próprio para tentar entender o que o deixa impaciente, o que aquela pessoa (ou situação) tem ou faz que abala a sua tranquilidade. Quem sabe a resposta te surpreenda: talvez não seja ela o problema!

O treino da paciência requer saber lidar com as adversidades sem precisar engolir sapos. A questão, então, é escolher a melhor resolução – mesmo que seja optar pelo silêncio e a inação.

Há situações sobre as quais não temos como ir contra, como um chefe centralizador e autoritário, e a saída é aceitar sem sofrer.

Quem sabe é você, com o pavio no toco da vela, que não consegue administrar seu nível de irritação.

Pense nisso!

By Roberta De Lucca.

O coração como método

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27/09/2012 by Joe

O homem pode funcionar a partir de três centros: um é a cabeça, outro é o coração e o terceiro é o umbigo!

Quando você funciona a partir da cabeça, você produz pensamentos e pensamentos e pensamentos. Eles são muito insubstanciais, da matéria dos sonhos – eles prometem muito e não entregam nada.

A mente é uma tremenda trapaceira, tem uma grande capacidade de iludir porque ela pode projetar. Ela pode lhe dar grandes utopias, grandes desejos e vai sempre dizendo: “Amanhã vai acontecer…” e nunca acontece. Nada acontece na cabeça – a cabeça não é o lugar para as coisas acontecerem.

O segundo centro é o coração. É o centro do sentir – sentimos através do coração. Você está mais perto de casa – não ainda em casa, mas mais próximo. Quando você sente, você é mais substancial, você tem mais solidez. Quando você sente há a possibilidade de algo acontecer.

Não há nenhuma possibilidade com a cabeça, mas há uma pequena possibilidade com o coração!

A coisa real não é o coração ainda. A coisa real é mais profunda que o coração – é o umbigo. É o centro do ser.

Pensar, sentir e ser – esses são os três centros. Mas, certamente, o sentir está mais próximo do ser do que o pensar, e o sentir funciona como um método.

Se você quiser descer da cabeça, precisará passar pelo coração – esse é o ponto de cruzamento onde as estradas se separam. Você não pode ir diretamente ao ser, não é possível; você precisará passar pelo coração. Assim, o coração deve ser usado como um método.

Sinta mais e você pensará menos. Não lute contra os pensamentos, porque lutar contra os pensamentos significa, novamente, criar outros pensamentos de luta. Então, a mente nunca é derrotada. Se você ganhar, foi a mente que venceu; se você for derrotado, você é o derrotado.

Nunca lute contra os pensamentos; isso é inútil. Em vez de lutar contra os pensamentos, mova a sua energia para o sentir. Cante em vez de pensar, ame em vez de filosofar, leia poesia em vez da prosa. Dance, olhe a natureza, e tudo o que você fizer, faça-o através do coração.

Por exemplo, quando você tocar alguém, toque com o coração, toque sentindo, deixe seu ser vibrar. Quando olhar para alguém, não olhe simplesmente com olhos mortos como pedra. Deixe sua energia verter através dos olhos e, imediatamente, você sentirá que algo está acontecendo no coração. É apenas uma questão de experimentar.

O coração é o centro negligenciado. Quando você começa a prestar atenção nele, ele começa a funcionar. Quando ele começa a funcionar, a energia que estava automaticamente indo para a mente, começa a se mover através do coração. E o coração está mais próximo do centro de energia. O centro de energia está no umbigo. Assim, bombear energia para a cabeça é, na verdade, um trabalho árduo.

É para isso que existem todos os sistemas educacionais: para ensiná-lo a bombear energia do centro, diretamente para a cabeça. De fato, todo o sistema educacional desenvolvido em todo o mundo é para ensiná-lo a evitar o coração, a como tornar-se mais e mais mental e a como bombear a energia diretamente para a cabeça.

Assim, o amor é negado, o sentimento é negado, condenado – é quase um pecado sentir. A pessoa tem de ser lógica e racional, não emocional. Se você for emocional, as pessoas dirão que você é infantil – de certa forma, eles estão literalmente certos, porque só uma criança sente.

Uma pessoa adulta instruída, culta, condicionada, para de sentir. Ela se torna quase seca, madeira morta – não flui mais nenhum sumo dali. Daí haver tanto sofrimento: o sofrimento é por causa da cabeça.

A cabeça não pode celebrar, não há nenhuma celebração possível através da cabeça – ela pode pensar sobre e sobre e sobre, mas ela não pode celebrar. A celebração acontece através do coração.

Assim, a primeira coisa é começar a sentir cada vez mais e mais. Torne-se uma morada de amor, um santuário de amor; este é o primeiro passo. Uma vez que você dê este primeiro passo, o segundo será muito, muito fácil.

Primeiro, você ama – a metade da jornada está completa. E, assim como é fácil mover-se da cabeça para o coração, é ainda mais fácil mover-se do coração para o umbigo. No umbigo você é simplesmente um ser, puro ser.

By Osho, da obra “For Madmen Only”.

Ovos quebrados

Posted in Relacionamentos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 21/01/2011 by Joe

Chega um momento em que a relação precisa quebrar os ovos. É bom estar preparado.

Será como o trabalho doméstico: transparente. Lava-se louça, roupa, estende, retira os vincos com ferro, limpa casa, recolhe o lixo, arruma os brinquedos e os filhos nem reparam que tudo está novamente no lugar e no armário, apesar da bagunça feita recentemente. É óbvio que não vão agradecer. É o que chamo de passado secreto. Aconteceu, mas não merece memória. Entretanto, a raiva fica: não fui valorizado e resta um desmemoriado mal-estar.

Minha namorada resolveu comer omelete. Ela já fez o prato outras vezes em seu apartamento. Estava minha em casa e me antecipei na captura dos ingredientes, louco para agradá-la. Mas a minha menção de executar a tarefa a desagradou. Entenda, é o passado secreto. O ardiloso passado secreto. Com minha efusiva disposição ela desconfiou de que eu não gostava de suas omeletes e que, somente agora, decorrido um ano, estava com coragem de falar.

Raciocinei que significava uma informação dispensável, meu modo era dourar os dois lados e o dela era envelopar a massa ao final, mas ela tratava o assunto com tamanha energia que até me assustou.

– Quer que eu faça?, perguntei.

– Não gosta do jeito que faço?

– Gosto, é que eu mostraria minha predileção…

– Gosta nada, quem já fez omelete para você? Quer do jeito de quem? Confessa?

– De ninguém.

– Ora, vai nessa, qual é a receita? Com queijo ralado, requeijão, fatias? Por que nunca me disse que não gostava da minha omelete? Eu me sinto uma idiota…

– Eu gosto, só busquei uma maneira diferente.

– Que maneira?

(Daí eu me danei)

Levamos mais tempo discutindo na tentativa de prevenir a discussão. A conversa durou duas horas. Duas horas sobre absolutamente nada, a não ser o medo do que não foi vivido junto. Se aliso seu umbigo, acreditará que repito um convite libidinoso com uma antiga namorada. Quanto mais a gente se entrega, maior é o pânico de estar sozinho na doação, de ser uma miragem afetiva. Tanto que após desfiar um “eu te amo tanto”, não ouse nunca mais declarar “eu te amo” – é como se amasse menos.

O ciúme está dobrado em cada gesto, fazendo contas e pedindo estornos. Não há saída; passe manteiga na conversa, aqueça a frigideira e admire os ovos quebrados na pia.

Repare como o negócio é tinhoso. Durante as compras, no caixa, costumava perguntar se ela estava naquele momento com troco. Não falava dinheiro, mas troco. Uso troco para tudo. Para quê? Ela já formulou uma tese de que empregava o código com a ex. Igual sina em nossas rotas românticas. Relaxados, sozinhos e prontos para namorar, peço que ela me alcance o champanhe do balde:

– Por favor, me passe a “champs”?

– “Champs”?

Pronto! Feito o entrevero. Usava também esse dialeto com a ex.

O grave é que ela tem razão. Só não desejava brigar, ainda mais quando não tenho defesa. Ela poderia ser mais justa e me dar tempo para preparar uma mentira.

By Fabrício Carpinejar.

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