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Japão canta Beethoven

Posted in Videos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 24/06/2012 by Joe

Dezembro no Japão também é uma época festiva, cheia de trocas de presentes, orações para o novo ano, ramos de bambu e pinho em frente das casas, festas nos escritórios e a Nona de Beethoven.

Nona de Beethoven?

Ninguém sabe ao certo como isso começou, mas na verdade o Coral da Sinfonia de Ludwig van Beethoven é o destaque da temporada, de tempo seco e dias irritantemente curtos. A sinfonia é realizada centenas de vezes nesse mês, por grupos profissionais e amadores de todo o país.

Algumas orquestras executam-na sem parar, uma atrás da outra. Na última temporada, a NHK Symphony Orchestra executou o que os japoneses chamam de Daiku, ou Big Nine, cinco vezes nesse mês; a Tokyo Symphony Orchestra 13 vezes e a Japan Philharmonic Symphony Orchestra 11 vezes.

“Para o japonês, ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven no final do ano é uma experiência quase religiosa”, conta Naoyuki Miura, diretor artístico da “Música do Japão”, que patrocina shows no exterior. “As pessoas sentem que não concluíram o ano espiritualmente até ouví-la.”

Da mesma forma que o Ocidente canta “Messiah”, de Handel, na época do Natal, a Nona de Beethoven também chama o público para cantar junto, em performances em que o público participa nos coros de “Ode à Alegria”, de Schiller, cantando palavras em alemão, que mal compreende.

Os concertos são como versões mais elaboradas de bares de karaokê japonês, botecos noturnos favoritos dos japoneses que gostam de beber e cantar canções populares como “My Way”, usando microfones para um fundo musical gravado. Mas nada supera a Nona de Beethoven, um karaoke transcendental!

“Quando a música termina, as luzes da sala ficam borradas pelas lágrimas”, disse Izumi Yoshida, uma dona de casa de 40 anos descrevendo uma recente performance.

Assistam o video abaixo e curtam a emoção de 10.000 pessoas cantando junto a Nona Sinfonia de Beethoven, em uma performance gravada em Osaka em Dezembro de 2011, especialmente dedicada às vítimas do desastre ecológico ocorrido em Março daquele ano!

By Joemir Rosa.

Hora de ouvir os elefantes …

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 26/07/2010 by Joe

A tragédia do Tsunami trouxe uma lição. Perdida no meio do oceano de notícias, soube-se que no Yala National Park, Sri Lanka, bem no meio de uma regiões mais afetadas pela mega onda, nenhum animal foi encontrado morto!

Repito: num parque onde havia 19 Km de praias, habitadas por centenas de elefantes, leopardos, pássaros, coelhos … ninguém morreu!

Verificou-se, com espanto, que antes da chegada do maremoto, os animais, por alguma razão ainda não esclarecida, se deslocaram da praia e das áreas mais baixas para a parte mais alta do parque. As águas chegaram a entrar 3 km parque adentro. Mas ali não havia ninguém. Ou melhor, nenhum bicho foi pego de calças curtas.

Surgiram alguns palpites. Na BBC e na National Geographic, cientistas afirmaram que possivelmente o fato se deu porque os animais ouvem uma frequência de som produzida pelo terremoto, mais baixa do que as que os nossos ouvidos captam. Segundo ele, os bichos também sentem vibrações no solo e do ar, as rally waves, estas, sim, também somos capazes de sentir em nosso próprio corpo. Ou melhor, seríamos. Nossa mente anda tão congestionada de informação que, apesar das rally waves chegarem até nossos corpos, essa informação é simplesmente deletada da nossa consciência.

Entenderam a tragédia?

Resumo: os bichos se salvaram porque estavam conectados. Nós, seres humanos, nos estrepamos porque estávamos também conectados, só que em outras ondas: rádio, TV, videogame, ou mesmo o sonzão do carro ou do botequim tocando, “no último”, um bate-estaca de ano novo.

Nesses meus poucos dias de férias, persegui como um louco a tecla mute do controle remoto. Tentando diminuir pelo menos o volume do mundo ao meu redor. Valorizar o botão de desliga. Tá ligado?

Tá na hora da gente ouvir menos o barulho e mais os elefantes.

By Marcelo Tas .

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