Arquivo para Tentáculos

Esse veneno chamado ciúmes

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 03/07/2013 by Joe

Ciúmes

Algumas vezes, sem que possamos perceber, cresce no nosso interior, a partir de um ressentimento ou de uma suposta rivalidade, o sentimento de ciúme. Isto oprime a harmonia e a saúde de nossos relacionamentos.

O ciúme é um sentimento que nos faz sentir incomodados com certas situações que anteriormente eram insignificantes como, por exemplo, a atenção de um namorado para com a namorada, a beleza de uma amizade, o cuidado de um pai para com um filho, o sucesso profissional de um colega ou o reconhecimento de suas habilidades em determinada função, etc.

Uma insatisfação, aparentemente sem motivos, toma conta da pessoa que acredita, ainda que não seja verdade, estar perdendo a atenção e o carinho. Supõe não ter as mesmas chances que seu irmão, parente ou colega.

Quando o ciúme toca os relacionamentos, qualquer coisa poderá ser motivo para alimentar um espírito de competição e de disputa. Com isso, a pessoa que era dócil, compreensiva e companheira, torna-se áspera, agressiva nas respostas e pouco solícita. Isto, certamente, poderá destruir uma convivência que anteriormente era saudável. Entretanto, se questionada, essa pessoa prontamente justificará seu comportamento com outras respostas. Dificilmente admitirá sentimento de ciúme.

Ao alcance dos tentáculos do sentimento de ciúme poderá estar nossas famílias. Este “micróbio” tentará se instalar, contaminar e matar a amizade que deveria ser eterna entre os parentes. Não é difícil se notar a disputa discreta ou as provocações sem sentido entre os irmãos por coisas sem importância.

Penso que tal sentimento poderá surgir quando a pessoa, envolvida por um medo equivocado, acredita ser menos amada, não ter a mesma preferência de antes ou suspeita da possibilidade de ser privada daquilo que valoriza profundamente.

Algumas situações poderão se tornar mais crônicas quando, em meio a todas as supostas verdades, se encontra a desconfiança da honestidade de quem amamos. Trabalhando em nossa imaginação, o ciúme nos faz criar situações que não existem; deduzimos coisas que vemos apenas nos filmes da nossa mente.

Infelizmente, por essas atitudes, estará instalada em nossos relacionamentos a grande sombra da inquietação, potencializada pela insegurança que insistirá em assombrar a nossa paz de espírito. Outras pessoas, mergulhadas em suas equivocadas convicções ou tomadas pelo pavor de experimentar o suposto abandono, chegam ao limite de privar a quem se ama do direito da vida.

O amor verdadeiro traz a cumplicidade e o compromisso pela felicidade mútua. Ainda que possamos sentir, em alguns momentos, uma pequena dose de ciúmes, é necessário aprender a lidar com as nossas inseguranças. À medida que vamos conquistando a autoconfiança, o respeito pelo espaço do outro, estaremos também cultivando a saúde dos nossos relacionamentos.

Todo aquele que se dispõe a amar e a viver um bom relacionamento, zela pelos cuidados necessários para a sadia convivência com a pessoa amada. E isso não faz do outro objeto de sua pertença. Por mais que amemos a pessoa ao nosso lado, não temos o direito de posse da sua liberdade.

By Dado Moura.

A quem se machuca

Posted in Relacionamentos with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 22/11/2011 by Joe

Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas. Há duas situações inimigas dentro do amor: pertinho e uma de costas para a outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.

Quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo, cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que  poderia ter funcionado.

Ambas as situações convivem em quem ama. Porque “viver bem” não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do descerto. “Viver mal” não é, necessariamente, dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.

Composto também de partes inimigas, o amor se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Só vive do imperfeito de cada confronto. Só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário, não seria; simplemente deixaria de ser.

Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas, porque, se elas se virarem, encontrar-se-ão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância, e só por isso se entendem.

O medo de amar é o medo de estar perto demais (ainda que de costas), o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.

A coragem de amar equivale à coragem de ser: é fazer dois inimigos, de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir o hálito, olhos, medo, força, ternura, muita raiva e muito carinho e aceitar tudo, por isso amar.

A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradita. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.

O medo de quem ama é o medo da relação profunda, porque nela está a entrega que não rompe, apesar das  tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de frente a relação profunda. Esta contém o que não se destrói, apesar das diferenças.

Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.

Quem se relacionar ao nível da armadura será feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Quem preferir o nível profundo de relacionamento talvez seja até infeliz. Mas amará. A infelicidade pode fazer virar as costas para o inimigo, separar-se dele. Mesmo assim não será maior que o amor advinhado e sentido, se a relação é profunda.

Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai advinhar, e tu também, o amor está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez detestes e sejas detestado.

Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. Um ultrapassa a inimizade que vive junta. Outro vive a amizade fácil, mas que se se aproximar pode não ser amor. Por isso era tão fácil sentir!

Amar é apesar. É através. É a despeito, mas é com. Amar, às vezes, é contra, mas perto e fundo. Mesmo de  costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro.

Amar fundo é ter medo de virar de frente. Porque aí pode surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. É a entrega. Que é, no fundo, o que mais teme quem ama.

By Artur da Távola.

A quem se machuca

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 19/02/2010 by Joe

Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas. Há duas situações inimigas dentro do amor: pertinho e uma de costas para a outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.

Quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo, cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que  poderia ter funcionado.

Ambas as situações convivem em quem ama. Porque “viver bem” não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do descerto. “Viver mal” não é, necessariamente, dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.

Composto também de partes inimigas, o amor se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Só vive do imperfeito de cada confronto. Só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário, não seria; simplemente deixaria de ser.

Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas, porque, se elas se virarem, encontrar-se-ão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância, e só por isso se entendem.

O medo de amar é o medo de estar perto demais (ainda que de costas), o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.

A coragem de amar equivale à coragem de ser: é fazer dois inimigos, de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir  o hálito, olhos, medo, força, ternura, muita raiva e muito carinho e aceitar tudo, por isso amar.

A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradita. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.

O medo de quem ama é o medo da relação profunda, porque nela está a entrega que não rompe, apesar das  tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de frente a relação profunda. Esta contém o que não se destrói, apesar das diferenças.

Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.

Quem se relacionar ao nível da armadura será feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Quem preferir o nível profundo de relacionamento talvez seja até infeliz. Mas amará. A infelicidade pode fazer virar as costas para o inimigo, separar-se dele. Mesmo assim não será maior que o amor advinhado e sentido, se a relação é profunda.

Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai advinhar, e tu também, o amor está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez detestes e sejas detestado.

Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. Um ultrapassa a inimizade que vive junta. Outro vive a amizade fácil, mas que se se aproximar pode não ser amor. Por isso era tão fácil sentir!

Amar é apesar. É através. É a despeito, mas é com. Amar, às vezes, é contra, mas perto e fundo. Mesmo de  costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro.

Amar fundo é ter medo de virar de frente. Porque aí pode surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. É a entrega. Que é, no fundo, o que mais teme quem ama.

By Artur da Távola.

%d blogueiros gostam disto: