Nascida em Janeiro de 1983, Sayaka Shoji vem de uma família de artistas – sua mãe é pintora e a avó é poeta – e passou a infância em Siena, Itália. Estudou música e se formou em 2004 e a partir daí foi morar na Europa.
Ela é a primeira japonesa e a mais jovem ganhadora do Paganini Competition em Gênova, em 1999.
Zubin Mehta foi sempre um dos maiores torcedores pela carreira de Sayaka. Quando ela participou das audições em que ele era o condutor, Zubin imediatamente alterou sua agenda para que ela gravasse com a Orquestra Filarmônica de Israel logo no mês seguinte e depois convidou-a para se apresentar com a Bavarian State Opera e a Orquestra Filarmônica de Los Angeles.
Desde então, ela se apresentou com as maiores orquestra do mundo, conduzida por grandes maestros como Vladimir Ashkenazy, Semyon Bychkov, Sir Colin Davis, Charles Dutoit, Mariss Jansons, Lorin Maazel, Zubin Mehta, Sir Roger Norrington e Antonio Pappano, Yuri Temirkanov.
Durante a temporada 2010-2011, Sayaka Shoji apresentou-se em turnês pela Europa e Japão, com recitais focados em Beethoven. Posteriormente, apresentou-se com a Sinfônica de Sidney, uma volta ao Japão com a Filarmônica da Tchecoslováquia e a Sinfônica Metropolitana de Tokyo.
Sayaka Shoji grava para a Deutsche Grammophon e se apresenta com um violino Recamier Stradivarius de 1729.
No video abaixo, com quase 2.500.000 de visualizações, Sayaka apresenta Concerto em Ré Maior Op. 35 para violino, de Tchaikovsky, numa performance sensacional!
O Lago dos Cisnes é um balé dramático em quatro atos do compositor russo Tchaikovsky cuja estreia ocorreu no Teatro Bolshoi em Moscou, no dia 20 de fevereiro de 1877.
Essa primeira apresentação acabou sendo um tremendo fracasso, não por causa da música, mas sim pela má interpretação da orquestra e dos bailarinos, assim como a coreografia e a cenografia.
A peça é composta de quatro atos, como segue:
Ato I
No castelo o aniversário do príncipe Siegfried é comemorado com toda a pompa A rainha oferece ao filho como presente uma balestra e pede-lhe que, no dia seguinte, escolha uma esposa entre as convidadas da festa. Quando os convidados saem do castelo, um grupo de cisnes brancos passa perto do local. Enfeitiçado pela beleza das aves, o príncipe decide caçá-las.
Ato II
O lago do bosque e as suas margens pertencem ao reino do mago Rothbart, que domina a princesa Odette e todo o seu séquito sob a forma de uma ave de rapina. Rothbart transformou Odette e as suas donzelas em cisnes, e só à noite lhes permite recuperarem a aparência humana. A princesa só poderá ser libertada por um homem que ame apenas a ela. Siegfried, louco de paixão pela princesa das cisnes, jura que será ele a quebrar o feitiço do mago.
Ato III
Na corte da Rainha aparece um nobre cavalheiro e sua filha. O príncipe julga reconhecer que a filha do nobre cavalheiro é a sua amada Odette, mas na realidade, por baixo das figuras do nobre cavalheiro e a sua filha escondem-se o mago Rothbart e a feiticeira Odile. A dança com o cisne negro decide a sorte do príncipe e da sua amada Odette: enfeitiçado por Odile, Siegfried proclama que escolheu Odile como sua bela futura esposa, quebrando assim o juramento feito a Odette.
Ato IV
Os cisnes brancos tentam em vão consolar a sua princesa. Mas Odette, destroçada pela decisão do príncipe, aceita a sua má sorte. Nesse momento, surge o príncipe Siegfried que explica à donzela como o mago Rothbart e a feiticeira Odile o enganaram. Odette perdoa o príncipe e os dois renovam os votos de amor um pelo outro. O mago Rothbart, impotente contra esse amor, decide se vingar dos dois e então inunda as margens do lago. Odette e as suas donzelas logo se transformam em cisnes novamente e o príncipe Siegfried, tomado pelo desespero, se afoga nas profundas e turbulentas águas do lago dos cisnes. O príncipe não sobrevive, e Odette com a dor que sente em perder o amado, morre. Uma trágica morte de amor.
Com o Lago dos Cisnes, Tchaikovsky, através de Odette e Siegfried, nos induz a repensar:
Como é o momento em que vivemos?
Quais as nossas prisões?
A solidão de Odette pode representar a solidão da alma humana?
Quais são as Odettes nos dias de hoje? E quais são os Siegfrieds?
Em “O Lago dos Cisnes” temos dois seres “aprisionados” – Siegfried e Odette. Um, pela mesmice da realeza aristocrática que forjou um príncipe de personalidade fraca e insegura. O outro, a total submissão muito bem camuflada na “capa” de um cisne, escondendo a real capacidade de um ser pensante, com as ideias próprias e os sentimentos nobres de um ser humano. No mundo atual, a identificação maior é com Odette ou com Siegfried?
A que se está aprisionado? Aos contra-valores? Aos direitos da pessoa humana?
Tchaikovsky em “O Lago dos Cisnes” como grande romântico, cria uma expressão musical que introduz o espectador na temática principal deste drama, na imagem do cisne. A dualidade de Odette – Odille (aprisionada submissa – humana sedutora), contrapondo-se à irreverência maligna de Rothbart. Um duelo entre o bem e o mal.
E vem-nos a sensação de tédio como Siegfried e de solidão como Odette. Sem esquecer a figura do feiticeiro Rothbart, o todo poderoso manipulador que deseja “deter” o destino de ambos.
Posteriormente, amor e sedução se completam na contribuição dada pela orquestra em que a essência de Odette, representada pelo solo do violino caracteriza a imagem do cisne, e a essência do príncipe Siegfried, representado pelo solo do cello, incorporam a tristeza de Odette, envolvendo a fragilidade humana de Siegfried.
O universo metafórico, proposto por Tchaikovsky, pode ser um grande auxílio para refletirmos na capacidade individual de transformar “aprisionamento” em sentido de vida.
Não será verdade que voamos como pássaros, mas não decolamos das insatisfações pessoais?
Mergulhar no Lago de Tchaikovsky é mergulhar no nosso lago pessoal.
O video a seguir é de uma produção realizada pelo Ballet Kirov, do Lago dos Cisnes, onde a dançarina Yulia Makhalina nos traz as belíssimas e desafiadoras performances de Odette/Odile, enquanto o papel do Príncipe Siegfried fica a cargo de Igor Zelensky.
Esta produção do Ballet Kirov inclui o final feliz familiar no ato final onde Siegfried luta e vence o mago do mal Von Rothbart e, ao amanhecer, está junto de Odette.
Em Cisne Negro, o diretor Darren Aronofsky retorna com uma obra que aborda a fragilidade da mente humana e a perturbadora ambição que a move em busca de um sonho. “Cisne Negro”, que já acumula mais de 20 prêmios ao redor do mundo, além de concorrer em cinco categorias no Oscar 2011, é um misto de sonho e realidade que surpreende, assusta e seduz.
Desde o início é possível deduzir no que o filme se tornará no decorrer de sua trama: um pesadelo. Ambientado nos bastidores do prestigiado New York City Ballet, a trama gira em torno de Nina (Natalie Portman, aposta certa para o Oscar de Melhor Atriz), uma bailarina que se vê diante da chance de interpretar o papel principal em uma montagem de “O Lago dos Cisnes”, de Piotr Ilitch Tchaikovsky.
Insegura e sem amigos, Nina vive exclusivamente para a dança, sempre limitada à superproteção de sua mãe (a sumida Barbara Hershey, de “A Última Tentação De Cristo”). Pressionada por seu mentor e coreógrafo Thomas (Vincent Cassel, de “À Deriva”), Nina terá sua competência posta em xeque: sua fragilidade comprometeria a interpretação do papel que almeja, a Rainha dos Cisnes, visto que teria que interpretar simultaneamente o cisne branco (símbolo da pureza e ingenuidade) e o cisne negro (metáfora para a malícia, sensualidade e maldade).
O pesadelo da bailarina toma forma na figura de duas colegas de profissão: a veterana Beth (competente aparição de Winona Ryder), que foi forçada a abandonar a equipe por conta da idade, e a novata sedutora Lily (impressionante atuação de Mila Kunis, da série “That 70′s Show”). Enquanto Beth ilustra passado e futuro, Lily personifica o inimigo interno de Nina no presente.
Na busca pela perfeição e na tentativa de provar a Thomas que é capaz de expor seu lado mais selvagem, Nina é conduzida de tal forma pelo papel que interpreta que não consegue perceber os limites entre sonho e realidade, que começam a definir sua vida.
Natalie Portman, a alma do filme, brilha grandiosamente neste papel que lhe exigiu esforço intenso em conhecimento, aprimoração e domínio das técnicas de dança. Foram quase 12 meses de preparo para que a atriz conseguisse expor, de maneira plausível, o retrato de uma bailarina devorada pela ambição.
Aronofsky arquiteta uma trama de padrões narrativos complexos, cujo ritmo é determinado pela constante mudança entre sonho e realidade, que tornam o filme uma experiência sensorial inebriante.
É possível sentir na pele cada arranhão, cada sangramento, cada ferida a cicatrizar no corpo da personagem. À medida em que cresce a paranóia de Nina, cresce o interesse do espectador pelo desfecho da trama.
Seja pelo impacto do desfecho, seja pela pressão psicológica compartilhada com os personagens, o lado branco ou o lado negro do cisne interior que cada um carrega em si será convidado a se manifestar.
Enfim, um filme imperdível, que vai mexer com cada espectador de alguma forma. É a tal história do “ame-o ou deteste-o”. Só assistindo e mergulhando na trama para definir uma posição.