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Eleições sem senso de humor (a volta da censura)

Posted in Atualidade with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 12/08/2010 by Joe

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está preocupado, pois entendeu que satirizar um candidato na TV gera desigualdade no processo eleitoral. Ufa! Agora os indefesos candidatos já podem respirar aliviados e se concentrarem na campanha em que, na mesma TV, durante a propaganda eleitoral gratuita, um terá 10 minutos a mais que o outro para expor suas ideias. Isso sim é democrático, igualitário e … droga! … aqui caberia uma piada, mas não posso fazê-la.

Agora é contra a lei ridicularizar o candidato. Então, lembre-se: por mais ridículo que ele seja, guarde segredo.

Exemplo: Ainda que Collor ridiculamente ligue pra casa de um jornalista o ameaçando de agressão, por mais tentador que seja não mire sua lupa cômica nisso. Ele é candidato, e candidato aqui não fica exposto, fica blindado. O TSE nao é o feirante japonês que deixa a mercadoria exposta para que possamos apalpar e cheirar antes de levar. Ele é o coreano do Paraguai que a deixa na vitrine. Você não toca, não cheira. Apenas paga. Quando chegar em casa, reze antes de abrir a caixa.

E a discussão se essa censura é ou não constitucional? Tenho fé que em breve teremos uma resposta sensata. Logo após eles chegarem à conclusão de outra discussão que há anos os perturbam: afinal, o fogo é ou não quente?

O humorista pega a verdade e a exagera. Ao contrário do político, a verdade é imprescindível para o sucesso de seu trabalho. E esse é o problema. Num país onde culturalmente é bonito lucrar com a mentira, a verdade não diverte. Assusta. Indigna.

Onde já se viu um coronel permitir que manguem de sua cara em sua província? Então censuremos! Por isso, recentemente, tivemos imprensa brasileira censurada, jornalista estrangeiro expulso, repórter agredida e agora, humorista amordaçado. É melhor que o Estado defina o que pode ou não ser passado para o público, assim o público continua passando o que interessa para o Estado.

Aristófanes, pai da comédia antiga, exercia abertamente sua função de fazer o público rir, criticando instituições políticas e seus representantes. Se fosse brasileiro, hoje, Aristófanes não poderia realizar seu ofício. A visão democrática do TSE está mais atrasada que a da Grécia de 400 a.C.

Henri Bergson, filósofo francês, afirmou que “não há comicidade fora daquilo que é propriamente humano. Comicidade dirige-se à inteligência pura”. Filosoficamente, o pessoal do TSE não é humano, nem inteligente o bastante para compreender o que foi escrito há quase um século atrás.

Freud, pai da psicanálise, entendeu que “rir estrondosamente, satirizar personagens e acontecimentos fazem parte da nossa experiência cotidiana e é crucial pra nossa condição humana”. Um século depois, temos uma lei que impede a manifestação do cômico num evento tão importante pra sociedade como a eleição. Psicossocialmente falando, a democracia brasileira encontra-se retardada.

Estudos observam que primatas riem de boca aberta para manifestar raiva e hostilidade. A evolução preservou o instinto do riso no ser humano para que fosse a válvula de escape substituta à agressão física. A lei eleitoral quer abafar o instinto compulsivo da piada e do riso (e sabe lá Deus aonde isso vai poder explodir). Biologicamente, eles estão forçando um passo atrás na escala evolutiva.

Enquanto o Brasil se orgulha de dialogar com países desenvolvidos o suficiente para que nenhuma forma de comunicação seja restrita, a gente fica aqui rindo das imitações de Silvio Santos, porque é o que se pode fazer no momento. Claro, enquanto o Silvio Santos não for candidato.

Muito político faz chorar. Com a mesma matéria-prima o humorista faz rir. Para o TSE a segunda opção é uma ameaça e precisa ser contida.

A liberdade de expressão aqui tem o mesmo conceito de liberdade do zoológico. Faça e fale o que quiser. Você é livre! Desde que não passe os limites da sua jaula.

Não me multem, por favor. Isso não foi uma piada!

By Danilo Gentili, comediante stand-up e repórter do CQC da Band.

Comédia em Pé

Posted in Astral with tags , , , , , on 01/11/2009 by Joe

Comédia em PéO gênero humorístico Stand-up Comedy (comédia em pé) é um dos mais apreciados nos EUA, onde faz sucesso há muitos anos. De uns tempos para cá começou a fazer sucesso também no Brasil. Muitos comediantes encontraram seus caminhos – e o sucesso – a partir de um palco e um microfone, sem cenário, sem produção, sem ensaios.

Hoje quero apresentar um grupo que vem se destacando nesse gênero, com muito sucesso por onde se apresentam.

O “Comédia em Pé”  é um espetáculo de humor despojado que reúne um bando de sujeitos engraçados e com cara-de-pau suficiente para se apresentar sem o apoio de maquiagem, figurino, luz ou atores coadjuvantes. São humoristas que atuam de pé, diante da plateia, na companhia apenas do microfone e do seu texto. Um material (é assim que os praticantes desse gênero de espetáculo se referem ao texto) escrito pelos próprios comediantes, explorando os aspectos mais inusitados e – claro! – engraçados da vida. Aquelas situações pelas quais todo mundo passa, só que filtradas por um olhar muito bem humorado, que enxerga o que há de mais hilário no cotidiano.

Formado por comediantes cariocas e seus convidados, o grupo trouxe para o Rio de Janeiro o Stand Up Comedy, um formato de “pocket show” que se consagrou nos Estados Unidos, e que hoje faz rir plateias de teatros, bares, casas noturnas e cafés-concerto espalhados por todo o mundo.

Um espetáculo leve, ágil, centrado na capacidade de observação, na inteligência do texto e na habilidade de fazer rir. Uma experiência que se modifica a cada apresentação, incluindo sempre novos textos, novas sacadas, novas oportunidades de dar  boas gargalhadas.

O “Comédia em Pé” é formado por:

Claudio Torres Gonzaga, ator, diretor de teatro e redator de peças e humorísticos para a TV;

Fernando Caruso, diretor, autor de teatro premiado e ator de peças e programas humorísticos, novelas e mini-séries;

Fábio Porchat, ator, diretor e autor teatral, roteirista e ator de programas humorísticos.

Paulo Carvalho, experiente ator de teatro, novelas e mini-séries, criador e comentarista de programas jornalísticos;

Léo Lins não é ator, não é diretor, não é produtor. É comediante stand-up, começou no sul do Brasil e agora vem alcançando enorme sucesso por outros estados também.

No vídeo abaixo, uma pequena mostra do humor desse grupo irreverente e muito engraçado. No site do grupo você encontra mais informações, fotos, videos e a agenda de apresentações.

By Joe.

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