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Nenhum homem é uma ilha

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 31/07/2014 by Joe

Nenhum homem é uma ilha

Nestes tempos em que a violência impera por todo o planeta, em que mulheres são violentadas na Índia, crianças são bombardeadas dentro de escolas numa guerra estúpida, dezenas de conflitos dizimam populações inteiras na África, lembrei de um texto que li há alguns anos, em um blog, e resolvi republicá-lo aqui. Espero que vocês tenham o mesmo sentimento que eu tive ao ler.

By Joemir Rosa.

“Numa das preguiçosas tardes da minha adolescência, andando por uma rua do bairro de periferia em que vivia, encontrei jogado ao meio fio uma folha amarelada de caderno de desenho… Isso aconteceu há cerca de trinta anos. Mas ainda me lembro, como se fosse hoje, não sei explicar porque o fato jamais me deixou.

Na folha havia um desenho, feito em lápis de cor, com capricho de amador, uma ilha, dois coqueiros, o mar. No verso da folha, um poema de John Donne, poeta inglês do século XVI:

“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo;
todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme.
Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica diminuída,
como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio;
a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano,
e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram;
eles dobram por ti.”

Segundo o nível de consciência que tinha naquele momento, achei que era uma “cartinha de amor”, uma “prenda”, daquelas que a gente faz para agradar a quem ama. Guardei John Donne comigo pelo resto de minha vida. E quando meu amor-próprio era atingido pela insensibilidade, alheia ou pessoal, eu pensava “os sinos dobram por mim”…

E quando as antigas obras me falaram da “Alma do Mundo” eu pensava: “nenhum homem é uma ilha”… E quando o mestre Jung falava sobre o “inconsciente coletivo” e a física quântica sobre “massa crítica”, eu pensava: “a Europa fica menor se um seixo for levado”… Os anos vão passando e não me canso de encontrar sabedoria neste poema; e hoje penso que, enquanto não entendermos que “a morte de qualquer homem me diminui”, os assassinos continuarão a nascer…

A criança maltratada na Índia é o reflexo da minha criança interior. A mulher violada no Congo é o reflexo da mulher violada por padrões sociais e preconceitos em mim. Todos nos envergonhamos quando ouvimos uma mulher contar que foi violentada, todos nos sentimos envergonhados quando lembramos da fome e dos maltratos às crianças…

Mas a nossa condição privilegiada nos dá oportunidade de transformar preconceito em acolhimento. Por toda a fome do mundo, precisamos deixar de consumir em excesso! Por todas as mulheres do mundo, precisamos parar de destruir nossos corpos com remédios para emagrecer e antidepressivos. Precisamos parar de chamarmos umas às outras de nomes chulos, que reforçam o poder do estuprador, do abusador…

Por todas as crianças do mundo, precisamos educar nossos filhos com ideais humanitários. Por toda a paz no mundo, precisamos nos desapegar de compromissos profissionais ou familiares que nos levam à infelicidade, à mentira e à guerra…

Por toda a humanidade, precisamos fazer do amor e da solidariedade nosso bem maior. Porque dentro de cada um de nós existe um ser que chora por todos nós…

Que a Deusa abençôe a todos!

By Gislaine Carvalho.

Nenhum homem é uma ilha …

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 03/09/2010 by Joe

Navegando por alguns blogs na internet eu me deparei com o post abaixo e me senti no dever de divulgá-lo, pela sensibilidade e consciência de sua autora! Espero que tenham o mesmo sentimento que me tocou …

“Numa das preguiçosas tardes da minha adolescência, andando por uma rua do bairro de periferia em que vivia, encontrei jogado ao meio fio uma folha amarelada de caderno de desenho… Isso aconteceu há cerca de trinta anos. Mas ainda me lembro, como se fosse hoje, não sei explicar porque o fato jamais me deixou.

Na folha havia um desenho, feito em lápis de cor, com capricho de amador, uma ilha, dois coqueiro, o mar. No verso da folha, um poema de John Donne, poeta inglês do século XVI:

“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, não me pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”

Segundo o nível de consciência que tinha no momento, achei que era uma “cartinha de amor”, uma “prenda”, daquelas que a gente faz para agradar a quem ama. Guardei John Donne comigo pelo resto de minha vida. E quando meu amor próprio era atingido pela insensibilidade, alheia ou pessoal, eu pensava “os sinos dobram por mim”…

E quando as antigas obras me falaram da “Alma do Mundo” eu pensava “nenhum homem é uma ilha” … e quando o mestre Jung falava sobre o “inconsciente coletivo” e a física quântica sobre “massa crítica”, eu pensava “a Europa fica menor se um seixo for levado”. Os anos vão passando e não me canso de encontrar sabedoria neste poema; e hoje penso que, enquanto não entendermos que “a morte de qualquer homem me diminui, os assassinos continuarão a nascer”…

A criança maltratada na Índia é o reflexo da minha criança interior. A mulher violada no Congo é o reflexo da mulher violada por padrões sociais e preconceitos em mim. Todos nos envergonhamos quando ouvimos uma mulher contar que foi violentada, todos nos sentimos envergonhados quando lembramos da fome e dos maltratos às crianças…

Mas a nossa condição privilegiada nos dá oportunidade de transformar preconceito em acolhimento. Por toda a fome do mundo precisamos deixar de consumir em excesso! Por todas as mulheres do mundo precisamos parar de destruir nossos corpos com remédios para emagrecer e antidepressivos. Precisamos parar de chamarmos umas as outras de nomes chulos, que reforçam o poder do estuprador, do abusador…

Por todas as crianças do mundo precisamos educar nossos filhos com ideais humanitários. Por toda a paz no mundo, precisamos nos desapegar de compromissos profissionais ou familiares que nos levam à infelicidade, à mentira e à guerra…

Por toda a humanidade precisamos fazer do amor e da solidariedade nosso bem maior. Porque dentro de cada um de nós existe um ser que chora por todos nós…

Que a Deusa abençôe a todos!

By Gislaine Carvalho, autora do blog www.eraumaoutravez.blogspot.com.

Por quem os sinos dobram

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 02/07/2010 by Joe

Um texto que, apesar de relatar um fato antigo, nunca foi tão atual!

Então estamos nos aproximando cada vez mais do Mal Absoluto. Quando rapazes, em pleno controle de suas faculdades mentais, são capazes de arrastar um menino pelas ruas de uma cidade, isso não é apenas um ato isolado: todos nós, em maior ou menor escala, somos culpados.

Somos culpados pelo silêncio que permitiu que a situação em nossa cidade chegasse a este ponto.

Somos culpados porque vivemos em uma época de “tolerância”, e perdemos a capacidade de dizer NÃO.

Somos culpados porque nos horrorizamos hoje, mas nos esquecemos amanhã, quando há outras coisas mais importantes para fazer e para pensar.

Somos os olhos que viram o carro passar, o medo que nos impediu de telefonar para a polícia. Somos a polícia, que recebeu alguns telefonemas através do número 190 e demorou para reagir, porque o Mal Absoluto parece já não pedir urgência para nada. Somos o asfalto por onde se espalharam os pedaços de corpo e os restos de sonhos do menino preso ao cinto de segurança.

A cada dia uma nova barbárie, em maior ou menor escala. A cada dia algum protesto, mas o resto é silêncio. Estamos acostumados, não é verdade?

Muitos séculos atrás, John Donne escreveu: “nenhum homem é uma ilha, que se basta a si mesma. Somos parte de um continente; se um simples pedaço de terra é levado pelo mar, a Europa inteira fica menor. A morte de cada ser humano me diminui, porque sou parte da humanidade. Portanto, não me perguntem por quem os sinos dobram: eles dobram por ti.”

Na verdade, podemos pensar que os sinos estão tocando porque o menino morreu, mas eles dobram mesmo é por nós. Tentam nos acordar deste cansaço e torpor, desta capacidade de aceitar conviver com o Mal Absoluto, sem reclamar muito – desde que ele não nos toque.

Mas não somos uma ilha, e a cada momento perdemos um pouco mais de nossa capacidade de reagir. Ficamos chocados, assistimos às entrevistas, olhamos para nossos filhos, pedimos a Deus que nada aconteça conosco. Saímos para o trabalho ou para a escola olhando para os lados, com medo de crianças, jovens, adultos. Entra ano, sai ano, mudam-se governos, e tudo apenas piora. O que dizer? Que palavra de esperança posso colocar aqui neste post?

Nenhuma.

Talvez apenas pedir que os sinos continuem tocando por nós. Dia e noite, noite e dia, até que já não consigamos mais fingir que não estamos escutando, que não é conosco, que estas coisas se passam apenas com os outros. Que estes sinos continuem dobrando, sem nos deixar dormir, nos obrigando a ir até a rua, parar o trânsito, fechar as lojas, desligar as televisões, e dizer: “basta! Não aguento mais estes sinos. Preciso fazer alguma coisa porque quero de volta a minha paz”. Neste momento, entenderemos que embora culpemos a polícia, os assaltantes, o silêncio, os políticos, o hábito, apenas nós podemos parar estes sinos.

Nosso poder é muito maior do que pensamos – trata-se de entender que não somos uma ilha, e precisamos usá-lo. Enquanto isso não acontecer, o Mal Absoluto continuará ampliando seu reinado, e um belo dia corremos o risco de acreditar que ele é a nossa única alternativa, não existe outra maneira de viver, melhor ficar escutando os sinos e não correr riscos.

Não podemos deixar que chegue este dia. Não tenho fórmulas para resolver a situação, mas sou consciente de que não sou uma ilha, e que a morte de cada ser humano me diminui. Preciso parar minha cidade. Não apenas por uma hora, um dia, mas pelo tempo que for necessário. E recomeçar tudo de novo. E, se não der certo, tentar não apenas mais uma vez, mas setenta vezes. Chega de culpar a polícia, os assaltantes, as diferenças sociais, as condições econômicas, as milícias, os traficantes, os políticos.

Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo.

By Paulo Coelho, lembrando que este ano temos eleições e que a força está nas mãos de todos nós. Não aceite a mesmice que vem tomando conta do país há anos.

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