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Você sabe ou você sente?

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 15/10/2014 by Joe

Você sabe ou você sente

Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento.

E falam porque supõem saber.

Mas não sabem.

E não sabem porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente.

Se sentissem não falariam.

Só pode falar da dor de perder um filho, um pai que já perdeu, ou a mãe já ferida por tal amputação de vida. Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.

As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram. Mas sentir o que o outro sente não significa sentir por ele. Isso é masoquismo. Significa perceber o que ele sente e ser suficientemente forte para ajudá-lo exatamente pela capacidade de não se contaminar com o que o machucou.

Se nos deixarmos contaminar (fecundar?) pelo sentimento que o outro está sentindo, como teremos forças para ajudá-lo?

Só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo é capaz de saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância. Sentir os muitos sentimentos do mundo não é ser uma caixa de sofrimentos. Isso é ser infeliz.

Sentir os muitos sentimentos do mundo é abrir-se a qualquer forma de sentimento. É analisá-los interiormente, deixar todos os sentimentos de que somos dotados fluir sem barreiras, sem medos, os maus, os bons, os pérfidos, os sórdidos, os baixos, os elevados, os mais puros, os melhores, os santos…

Só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo.

Então, espere florescer a árvore do próprio sentimento. Vivendo, aceitando as podas da realidade e se possível fecundando.

A verdade é que só sabemos o que já sentimos. Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas saber, jamais.

Só se sabe aquilo que já se sentiu.

By Arthur da Távola.

Os dois lobos

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 28/06/2012 by Joe

Existe uma antiga história dos índios cherokee sobre o cacique de uma grande aldeia. Um dia, o cacique decidiu que era hora de orientar o seu neto favorito sobre a vida. Ele o levou para o meio da floresta, fez com que se sentasse sob uma velha árvore e explicou:

– “Filho, existe uma batalha sendo travada dentro da mente e do coração de todo ser humano que vive hoje. Embora eu seja um velho e sábio cacique, o líder da nossa tribo, essa mesma batalha é travada dentro de mim. Se você não souber dessa batalha, ela o fará perder o juízo. Você nunca saberá que direção tomar. As vezes vencerá na vida e, depois, sem entender o porquê, perceberá que está perdido, confuso, com medo, arriscado a perder tudo o que trabalhou tanto para ganhar. Você muitas vezes achará que está fazendo a coisa certa e depois descobrirá que fez as escolhas erradas. Se você não entender as forças do bem e do mal, a vida individual e a vida coletiva, o verdadeiro eu e o falso eu, você viverá a vida todo num grande tumulto”.

“E como se existissem dois grandes lobos vivendo dentro de mim; um é branco e o outro é preto. O lobo branco é bom, gentil e não faz mal a ninguém. Ele vive em harmonia com tudo à sua volta e não se ofende se a intenção não era ofender. O lobo bom, sensato e certo de quem ele é e do que é capaz, briga apenas quando essa é a coisa certa a fazer e quando precisa se proteger ou à sua família, e mesmo então ele faz isso da maneira certa. Ele toma conta de todos os outros lobos da matilha e nunca se desvia da sua natureza”.

“Mas existe o lobo preto também, que vive dentro de mim, e esse lobo é bem diferente. Ele é ruidoso, zangado, descontente, ciumento e medroso. Basta uma coisinha para que ele se encha de fúria. Ele briga com todo mundo, o tempo todo, sem nenhuma razão. Ele não consegue pensar com clareza, porque a sua ganância para ter sempre mais e a sua raiva e a sua ira são grandes demais. Mas trata-se de uma raiva infrutífera, filho, porque ela não muda nada. Esse lobo só procura confusão aonde quer que vá, e por isso sempre acaba achando. Ele não confia em ninguém, por isso não tem amigos de verdade.”

O velho cacique ficou sentado em silêncio durante alguns minutos, deixando que a história dos dois lobos penetrasse na mente do jovem neto. Então ele lentamente se curvou, olhou fixamente nos olhos do menino e confessou:

– “As vezes, é difícil viver com esses dois lobos dentro de mim, pois eles brigam muito para dominar o meu espírito”.

Cativado pela história do ancião sobre essa grande batalha interior, o menino puxou a tanga do avô e perguntou, ansioso:

– “Qual dos dois lobos vence, vovô?”

E com um sorriso cheio de sabedoria e uma voz firme e forte, o cacique disse:

– “Os dois, filho. Veja … se eu escolho alimentar só o lobo branco, o preto ficará à espreita, esperando o momento em que eu sair do equilíbrio ou ficar ocupado demais para prestar atenção às minhas responsabilidades, e então atacará o lobo branco e causará muitos problemas para mim e nossa tribo. Ele viverá sempre com raiva e brigará para atrair a atenção pela qual tanto anseia. Mas, se eu prestar um pouquinho de atenção no lobo preto, compreendendo a sua natureza, se reconhecê-lo como a força poderosa que ele é e deixá-lo saber que eu o respeito pelo seu caráter e o usarei para me ajudar se um dia eu ou a tribo estivermos em apuros, ele ficará feliz, e o lobo branco ficará feliz também, e ambos vencerão. Todos venceremos”.

Sem entender direito, o menino perguntou:

– “Não entendi, vovô. Como os dois lobos podem ganhar?”

O cacique continuou a explicação:

– “Veja, filho, o lobo preto tem muitas qualidades importantes de que eu posso precisar, dependendo das circunstâncias. Ele é feroz, determinado, e não se deixará subjugar nem por um segundo. Ele é inteligente, astuto e capaz dos pensamentos e estratégias mais tortuosos, o que é importante em tempos de guerra. Ele tem os sentidos aguçados e superiores que só aqueles que olham através da escuridão podem apreciar. Em meio a um ataque, ele poderia ser o nosso maior aliado”.

O cacique então tirou da sua bolsa alguns pedaços de carne defumada e colocou-os no chão, um à direita e o outro à esquerda. Ele apontou para a carne e disse:

– “À minha esquerda está a comida para o lobo branco e à minha direita está a comida para o lobo preto. Se eu optar por alimentar os dois, eles não brigarão mais pela minha atenção, e eu poderei utilizar cada um deles como precisar. E como não haverá guerra entre eles, poderei ouvir a voz da minha sabedoria profunda e escolher qual dos dois pode me ajudar melhor em cada circunstância. Se a sua avó quer uma carne para fazer uma refeição especial e eu não cuidei disso como deveria, posso pedir para o lobo branco me emprestar a sua magia e consolar o lobo preto da sua avó, que estará zangada e faminta. O lobo branco sempre sabe o que dizer e me ajudará a ser mais sensível às necessidades dela”.

“Veja, filho, se você compreender que existem duas grandes forças dentro de você e respeitar a ambas igualmente, as duas sairão ganhando e haverá paz. A paz, meu filho, é a missão dos cherokees – o propósito supremo da vida. Um homem que tem paz dentro de si tem tudo. Um homem dividido pela guerra em seu íntimo não tem nada. Você é um jovem que precisa escolher como vai lidar com as forças opostas que vivem no seu interior. A sua decisão determinará a qualidade do resto da sua vida. E quando um dos lobos precisar de atenção especial, o que acontecerá às vezes, você não terá do que se envergonhar; poderá simplesmente admitir isso para os anciãos e conseguirá a ajuda de que precisa. Quando isso for de conhecimento público, aqueles que já travaram essa mesma batalha podem oferecer-lhe a sua sabedoria”.

Essa história simples e pungente explica como é a experiência humana. Cada um de nós está em meio a uma batalha contínua, em que as forças da luz e da escuridão competem pela nossa atenção e pela nossa submissão. Tanto a luz quanto a escuridão habitam dentro de nós ao mesmo tempo. Verdade seja dita: existe uma matilha inteira de lobos dentro de nós – o lobo amoroso, o lobo bondoso, o lobo esperto, o lobo sensível, o lobo forte, o lobo altruísta, o lobo generoso e o lobo criativo. Junto com esses aspectos positivos existem o lobo insatisfeito, o lobo ingrato, o lobo autoritário, o lobo desagradável, o lobo egoísta, o lobo indecente, o lobo mentiroso e o lobo destrutivo. Todo dia temos a oportunidade de reconhecer todos esses lobos, todas essas partes de nós mesmos, e escolher como iremos nos relacionar com cada um deles. Será que continuaremos condenando alguns e fingindo que eles não existem ou vamos tomar posse de toda a matilha?

Por que sentimos a necessidade de negar a matilha de lobos que vive em nós? A resposta é fácil. Ou achamos que ela não existe ou que não deveria existir. Tememos que, se admitirmos todos os diferentes “eus” que ocupam espaço na nossa psique, de algum modo seremos rotulados de esquisitos, diferentes, prejudiciais ou psicologicamente fragmentados. Achamos que devemos ser pessoas boas e “normais”, dentro das quais só mora um único “eu”. Mas existem muitos “eus” e a recusa em entrar em acordo com eles é um grave erro – que nos levará a cometer atos estúpidos e temerários de auto-sabotagem.

Eis o grande segredo: existem muitos “eus” contidos dentro do nosso “eu”, pois dentro de cada um de nós existem todas as qualidades possíveis. Não há nada que possamos ver e nada que possamos julgar que não exista dentro de nós. Todos somos luz e escuridão, santos e pecadores, pessoas adoráveis e abomináveis. Somos todos gentis e calorosos, mas também frios e cruéis.

Dentro de você e dentro de mim existem todas as qualidades conhecidas pela espécie humana. Embora possamos não estar conscientes de todas as qualidades que possuímos, elas estão adormecidas dentro e nós e podem despertar a qualquer momento, em qualquer lugar. A compreensão disso nos permite entender por que todos nós, que somos “bons”, somos capazes de fazer coisas ruins e, mais importante, por que às vezes nos tornamos os nossos piores inimigos.

By Debbie Ford, em: “Como entender o efeito sombra em sua vida”.

Antepasto de berinjelas

Posted in Receitas with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 25/06/2011 by Joe

Muitos bairros de São Paulo foram “colonizados” por imigrantes estrangeiros, que trouxeram sua cultura, seus costumes e seu sotaque. Mas não foi apenas o sotaque que os moradores de bairros como Moóca, Brás e Bixiga herdaram dos imigrantes italianos que chegaram a São Paulo no século passado. Além do “jeito italianado de falar”, essa gente tem também o gosto pelas festas.

As festas italianas que acontecem em São Paulo tem muitas coisas em comum: celebram santos, oferecem muita comida gostosa, música e alegria. Com isso, preservam-se tradições religiosas, culturais e gastronômicas. As mais famosas são: San Francesco di Paula, San Vito, Nossa Senhora de Casaluce, Nossa Senhora Achiropita e San Gennaro Mártir.

Em todas elas são instaladas barracas que oferecem pratos típicos italianos, como fogazza, fricazza, polentas à bolognesa e frita, antepasti, sardela, peperone e malanzanas al forno, calabresas, macarronada, pizzas, espetos de carne, frango e linguiça, além de doces típicos, entre eles sfogliatelli e canole.

Na receita de hoje destaco uma iguaria muito apreciada em todas essas festas e que pode ser preparada em casa com muita facilidade, para ser servida em churrascos, festas, reuniões, acompanhando mesa de pães, queijos, frios e vinhos!

Como sempre comento, variações existem inúmeras, tanto de ingredientes como na forma de preparar. Cada um pode tirar ou adicionar ingredientes conforme o gosto. A receita abaixo é a que eu preparo e curto. Uma dica é preparar com antecedência de uns 2 ou 3 dias para marinar e ficar mais saborosa.

Antepasto de berinjelas

Ingredientes

4 berinjelas
1 pimentão vermelho
1 pimentão verde
1 pimentão amarelo
2 cebolas grandes
8 dentes de alho esmagados
1 xícara (chá) de azeitonas pretas e verdes, picadas
1 xícara (chá) de azeite extra virgem
½ xícara (chá) de vinagre tinto ou balsâmico
2 folhas de louro
sal, pimenta calabresa e orégano a gosto
cheiro-verde picado a gosto

Modo de preparo

Corte as berinjelas, os pimentões e as cebolas em tiras e arrume em camadas num refratário retangular ou forma de alumínio. Espalhe também o alho picado, as folhas de louro, o sal, a pimenta calabresa e o orégano. Regue com o azeite e o vinagre. Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido bem quente (200º C) por 15 minutos.

Tire do forno, acrescente as azeitonas e o cheiro verde, dando uma mexida para que todos os temperos se espalhem por todos os ingredientes e leve novamente ao forno (coberta com o papel alumínio) até que a berinjela seque e fique escura (um pouco mais de 1 hora). A cada meia hora de uma espiada, acrescente mais azeite, caso seque demais, e misture bem.

Sirva com pão italiano, com carnes e queijos acompanhado de um bom tinto italiano!

By Joemir Rosa.

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