Arquivo para Sábio

Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender

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Gostar é tão fácil

Talvez seja tão simples, tolo e natural, que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.

Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebeu ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, reclamam, deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor!

Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reinvindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível? Talvez não… Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que, de vez em quando, ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando, não se cansar de olhar e olhar, não atrapalhar a convivência com teorizações, adiar sempre, se possível, com beijos, “aquela conversa importante que precisamos ter”, arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca! Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.

Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como criança de nariz encostado na vitrine, cheia de brinquedos dos nossos sonhos): não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.

Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade, não dar certo, depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito), abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente.

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido)! Seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que instruiu em criança. Sem medo de dizer “eu quero”, “eu gosto”, “eu estou com vontade”…

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca deixaram, conseguiu, soube, pode, foi possível ser.

Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você.

Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

By Arthur da Távola.

Julgamentos precipitados

Posted in Comportamento with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27/08/2015 by Joe

Julgamentos precipitados

Quantas vezes, ao sabermos de um fato, ao termos conhecimento de alguma atitude tomada por alguma pessoa conhecida, apressamo-nos em condená-la, muitas vezes sem sequer lhe dar o direito de se defender?

Achamos a atitude errada e pronto! Está feito o julgamento! Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Muitas vezes, à luz de novos fatos, descobrimos que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio assim como estava sendo pintado.

Nem sempre reconhecemos nosso erro e – pior! – nem sempre procuramos consertar o dano causado. É meio desagradável o “voltar atrás”. Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Conheço, já há algum tempo, um pensamento muito interessante. Ele é atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, os Navajos são uma nação indígena que habitava livremente o território da América do Norte e que hoje estão confinados em uma pequena reserva indígena nos Estados Unidos. Mas, questões indígenas à parte, vejam que sábio pensamento:

“Senhor, não me deixe julgar um homem sem que eu tenha andado durante duas luas com suas sandálias” (prece de um índio navajo).

Quanta sabedoria encerrada em poucas palavras! Que ótima lição para muita gente que se apressa em condenar, sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando e, muitas vezes, condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver se agiríamos de maneira diferente.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar im dedo para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas prestem atenção: ao apontar um dedo para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito…

Futuramente, antes de condenar alguém, “use suas sandálias”. Pondere e analise bem qual seria sua atitude com “suas sandálias” nos pés.

Nunca se esqueça que cada caso é um caso e certas atitudes, aparentemente inexplicáveis, têm sua razão de ser.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno), tivermos criticado, condenado, e por vezes, insultado alguém – e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim e esse alguém não merecia o que dissemos – é importante enfiar sua violinha no saco e um pedido de desculpas é absolutamente indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso, desculpar-se pela besteira cometida. Não conserta as coisas, mas ameniza os efeitos, e desarma possíveis reações.

O ideal é procurar sempre viver mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades.

Nunca esqueçam que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós! Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas, se surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.

By Marcial Salaverry.

A arte de ser feliz

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Na Grécia antiga, quase todas as esculturas eram feitas em bronze ou em mármore.

Os mestres se dividiam segundo suas preferências, mas era tamanho o seu talento que, fosse com pedra, fosse com metal, nunca deixaram de produzir obras-primas de qualidade, habituando o povo grego ao convívio diário com a arte e a beleza.

Os que esculpiam o mármore, contudo, tinham uma superioridade natural sobre todos os demais. Para fazer uma estátua, o artista do bronze construía com sarrafos uma figura humana, com pernas e braços estilizados, e ia “vestindo” esse esqueleto com argila até produzir uma versão acabada da obra que imaginara, de onde então sairia o molde necessário para a fundição definitiva.

Seu trabalho, semelhante ao dos pintores, era acrescentar camada por camada até atingir a forma pretendida – exatamente o inverso, portanto, do caminho seguido pelo artista do mármore, que precisava libertar, lasca após lasca, a forma que estava encerrada dentro da pedra.

Essa mesma ideia foi defendida, muitos séculos depois, por Michelângelo, gênio do Renascimento: “há uma escultura escondida dentro de cada bloco de mármore; para que ela possa vir à luz, o artista só precisa, com paciência e delicadeza, eliminar aquilo que está sobrando”.

“Pois isso que o artista faz com o mármore,” dizia Epicuro, “nós deveríamos fazer com nós mesmos.”

Como essas formas que jazem à espera da mão que as liberte, vivemos encerrados no duro granito das convenções vazias, dos desejos irrealizados e das esperanças enganadoras.

“O sábio deve esculpir sua própria estátua” é um preceito que nunca esteve tão atual quanto agora, neste mundo de puro consumo e aparência. E não se trata de louvar a renúncia e o sacrifício, mas de valorizar, com alegria, aquilo que realmente importa, ou, como disse outro sábio, “não é que eu deva me conformar com pouco, mas sim, se eu não tiver muito, que este pouco me baste”.

Adeptos desse princípio, poetas e filósofos deixaram suas receitas pessoais para uma vida feliz, todas muito parecidas: uma casa cômoda, fresca no verão, aquecida no inverno; a saúde, o bom tempo, a chuva generosa – lá fora; as flores na janela, as frutas da estação, a mesa farta, com sabores simples e sinceros; a mente em paz, o sono tranquilo ao lado de quem se ama; o olhar límpido das crianças; alguns amigos, com alma semelhante à nossa; o sossego, na companhia de muitos livros e de muita música.

Não esperar nada dos poderosos; querer ser o que se é, e não preferir nada mais; não temer o fim, nem desejar que ele chegue; aprender, em suma, a saborear o puro prazer de existir – isso é viver.

By Claudio Moreno.

Mentes perturbadas

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 22/12/2014 by Joe

Mentes perturbadas

O ódio nunca desaparece enquanto pensamentos de mágoa forem alimentados na mente. Ele desaparecerá tão logo esses pensamentos de mágoa forem esquecidos (Siddharta Gautama).

Se o telhado for mal construído, ou estiver em mau estado, a chuva entrará na casa; assim, a cobiça facilmente entra na mente, se ela é mal treinada ou está fora de controle.

Um fabricante de flechas tenta fazê-las retas; um sábio tenta manter correta a sua mente.

Uma mente perturbada está sempre ativa, saltitando daqui para lá, sendo de difícil controle; mas a mente disciplinada é tranquila; portanto, é bom ter sempre a mente sob controle.

Aquele que protege sua mente da cobiça, ira e da estupidez desfruta da verdadeira e duradoura paz.

Proferir palavras agradáveis, sem a prática das boas ações, é como uma linda flor sem a fragrância. A fragrância de uma flor não flutua contra o vento; mas a honra de um homem transparece mesmo nas adversidades do mundo.

Numa viagem, um homem deve andar com um companheiro que tenha a mente igualou superior à sua; é melhor viajar sozinho do que em companhia de um tolo.

Um amigo insincero e mau é mais temível que um animal selvagem; a fera pode ferir-lhe o corpo, mas o mau amigo lhe ferirá a mente.

Ser tolo, e reconhecer que o é, vale mais que ser tolo e imaginar que é um sábio.

O leite fresco demora a coalhar; assim, os maus atos nem sempre trazem resultados imediatos. Estes atos são como brasas ocultas nas cinzas e que, latentes, continuam a arder até causar grandes labaredas.

Desconheço a autoria.

Você tem um desafio?

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 21/11/2014 by Joe

Você tem um desafio

Você tem um desafio? Então, aceite-o, enfrente-o, aproveite-o para sua evolução!

Aceite sua situação difícil não como uma desgraça, ou como algo que vai destruí-lo, mas como condição para desenvolver suas potencialidades.

É com fogo e martelada que um pedaço de ferro bruto é transformado num objeto de beleza ou utilidade…

A falta de pernas faz nascer asas no verdadeiro homem!

A violência da poda torna a árvore ainda mais bonita e vitalizada!

A terra cujo lombo é rasgado pelas pás do arado ganha fertilidade!

Assim é com o ser humano: os desafios da desventura podem amadurecer a personalidade! As lágrimas que derramamos na dor não são de lastimar, pois enriquecem os dias de experiência!

Quero que me apresentem alguém que se aperfeiçoou, se fortaleceu em obras, fez-se herói, santo ou sábio através do prazer e na ausência da dor.

Alguém aceita esse desafio?

Prof. Hermógenes.

Quanto você deve?

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 20/10/2014 by Joe

Sabedoria

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por uma longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita, ouviram um gemido. Foram verificar e descobriram, caído, um homem. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próximo ao coração.

O homem tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência. Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram o homem para o casebre rústico, onde trataram do ferimento.

Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que, ao reagir, fora ferido por uma faca. Disse que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse.

No dia seguinte, já disposto a partir, o homem disse ao sábio:

– “Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti!”

O mestre, então, olhou fixo para o homem e disse:

– “Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz”.

O homem ficou assustado e disse:

– “Senhor, é muito dinheiro! Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!”

– “Se não podes pagar pelo bem que recebeste, com que direito queres cobrar o mal que te fizeram?”

O homem ficou confuso e o mestre concluiu:

– “Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que te aconteçam nesta vida, pois a vida pode te cobrar tudo que você lhe deve. E, com certeza, você vai pagar muito mais caro!”

Pense nisso!

Desconheço a autoria.

Educar

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Olhar para o mundo

Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” – e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente!

E ficando mais rico interiormente ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.

Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.

A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.

A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.

Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.

Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento, a capacidade de se assombrar diante do banal. Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o voo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não veem.

Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. E nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore ou para o curioso das simetrias das folhas. Parece que naquele tempo as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.

As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo e o mundo aparece refletido dentro da gente.

São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da vida.

Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir, e não se torna como criança, jamais será sábio.

By Rubem Alves, nascido em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas Gerais. Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia, psicanalista, professor, poeta, cronista do cotidiano, contador de histórias e um dos mais admirados e respeitados intelectuais do Brasil. Ama crianças e filósofos – ambos têm algo em comum: fazer perguntas.

Afinal, o que querem as mulheres?

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Bruxa linda

O jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho enquanto caçava furtivamente em um bosque.

O Rei poderia tê-lo matado no ato, pois tal era o castigo para quem violasse as leis da propriedade. Contudo, se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que no prazo de um ano trouxesse a resposta a uma pergunta difícil.

A pergunta era: “Afinal, o que realmente querem as mulheres?”

Semelhante pergunta deixaria perplexo até o homem mais sábio, e ao jovem Arthur lhe pareceu impossível respondê-la. Contudo, aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou ao seu reino e começou a interrogar as pessoas. A princesa, a rainha, as prostitutas, os monges, os sábios, o bobo da corte, em suma, interrrogou todos, mas ninguém soube dar uma resposta convincente.

Porém, todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, porque somente ela saberia a resposta. O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo o reino pelo exorbitante preço cobrado pelos seus serviços.

Chegou o último dia do ano acordado e Arthur não teve mais remédio senão recorrer à feiticeira. Ela aceitou dar-lhe uma resposta satisfatória, com uma condição: primeiro teria de acertar o preço, que era casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da Távola Redonda e o mais íntimo amigo do Rei Arthur! O jovem Arthur a olhou, horrorizado: era feíssima, tinha um só dente, desprendia um fedor que causava náuseas até a um cachorro, fazia ruídos obscenos, nunca havia visto uma criatura tão repugnante!

Se acovardou diante da perspectiva de pedir a um amigo de toda a sua vida para assumir essa carga terrível. Não obstante, ao inteirar-se do pacto proposto, Gawain afirmou que não era um sacrifício excessivo em troca da vida de seu melhor amigo e a preservação da Távola Redonda.

Anunciadas as bodas, a velha bruxa, com sua sabedoria infernal, respondeu à pergunta proposta:

– ”O que realmente as mulheres querem é serem soberanas de suas próprias vidas!”

Todos souberam no mesmo instante que a feiticeira havia dito uma grande verdade e que o jovem Rei Arthur estaria salvo. E assim foi! Ao ouvir a resposta, o monarca vizinho lhe devolveu a liberdade.

Porém, que bodas tristes foram aquelas! Toda a corte assistiu e ninguém se sentiu mais desgarrado, entre o alívio e a angústia, que o próprio Arthur. Gawain se mostrou cortês, gentil e respeitoso. A velha bruxa usou de seus piores hábitos, comeu sem usar talheres, emitiu ruídos e exalou um mau cheiro espantoso.

Chegou a noite de núpcias. Quando Gawain, já preparado para ir para a cama e aguardava sua esposa, ela apareceu como a mais linda e charmosa mulher que um homem poderia imaginar! Gawain ficou estupefato e lhe perguntou o que havia acontecido.

A jovem lhe respondeu, com um doce sorriso, que como havia sido cortês com ela, a metade do tempo se apresentaria com aspecto horrível e a outra metade com aspecto de uma linda donzela. E, então, ela lhe perguntou qual ele preferia para o dia e qual para a noite.

Que pergunta cruel! Gawain se apressou em fazer cálculos. Poderia ter uma jovem adorável durante o dia para exibir a seus amigos e, à noite, na privacidade de seu quarto, uma bruxa espantosa… ou quem sabe ter de dia uma bruxa e uma jovem linda nos momentos íntimos de sua vida conjugal!

E você? O que teria preferido? Qual seria a sua escolha?

A escolha de Gawain está mais abaixo! Porém, antes de ler, tome sua decisão. Qual seria a sua escolha?

É muito importante que seja sincero com você mesmo. Pense bem antes de responder! Só depois leia a decisão de Gawain.

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O nobre Gawain respondeu que a deixaria escolher por si mesma. Ao ouvir a resposta ela anunciou que seria uma linda jovem de dia e de noite, porque ele a havia respeitado e permitido ser dona de sua vida!

Ou seja, quando a mulher é soberana de sua própria vida, todos saem ganhando!

Desconheço a autoria.

Perdas necessárias

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 16/12/2013 by Joe

Perdas necessárias

As perdas são partes da vida. E elas são necessárias porque, para crescer temos de perder, não só pela morte, mas também por abandono ou pela desistência. Em qualquer idade, perder é difícil e doloroso, mas só através de nossas perdas nos tornamos seres humanos plenamente desenvolvidos.

As pessoas que somos e a vida que vivemos são determinadas, de uma forma ou de outra, pelas nossas experiências de perda. Esta compreensão ajuda a ampliar o campo de nossas escolhas e possibilidades.

Todos nós, em princípio, lutamos contra as perdas, mas as perdas são universais, inexoráveis e muito abrangentes em nossas vidas. E nossas perdas incluem não apenas separações e abandonos, mas também a perda consciente ou inconsciente, de sonhos românticos, ilusões de segurança, expectativas irreais e outras.

As perdas que enfrentamos ao longo da vida, e das quais não podemos fugir são:

– que o amor de nossos pais não é só nosso.

– que nossos pais vão nos deixar, e que nós vamos deixá-los.

– que por mais sábio, belo e encantador que alguém seja, ninguém tem assegurado casar e ” ser feliz para sempre”.

– que temos de aceitar – em nós mesmos e nos outros – um misto de amor e ódio, de bem e de mal.

– que tudo nesta vida é implacavelmente efêmero.

– que estamos neste mundo essencialmente por nossa conta.

– que somos completamente incapazes de oferecer a nós mesmos ou aos que amamos, qualquer forma de proteção contra a dor e contra as perdas necessárias.

– que nossas opções são limitadas pela nossa anatomia e pelo nosso potencial.

– que nossas ações são influenciadas pelo sentimento de culpa incutido em nós pela educação que recebemos.

Examinar estas perdas permitem aceitar e modelar melhor os fatos da nossa vida. Começar a perceber como nossas perdas moldaram e moldam nossas vidas pode ser o começo de uma vida mais promissora e feliz!

Desconheço a autoria.

Para uma vida melhor

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 14/10/2013 by Joe

Para uma vida melhor

Um granjeiro pediu a um sábio que o ajudasse a melhorar o rendimento de sua granja. O sábio escreveu algo em um papel, o colocou numa caixa, entregou ao granjeiro e disse:

– “Leve esta caixa por todos os lados de sua granja, três vezes ao dia, durante um ano”.

E assim fez o granjeiro. Pela manhã, ao ir ao campo levando a caixa, encontrou um empregado dormindo, quando deveria estar trabalhando. Acordou-o e chamou sua atenção. Ao meio-dia, foi ao estábulo, encontrou o gado sujo e os cavalos ainda sem sua alimentação. À noite, indo à cozinha, deu-se conta de que estavam desperdiçando os alimentos.

A partir daí, ao percorrer a granja de um lado para outro com seu amuleto, encontrava coisas que deveriam ser corrigidas…

No final do ano, como combinado, disse ao sábio:

– “Deixe a caixa comigo mais um ano. Minha granja melhorou desde que estou com o amuleto!”

O sábio riu e abriu a caixa que continha um papel com a seguinte frase:

“Se queres que as coisas melhorem, deves acompanhá-las a cada instante, e bem de perto”.

By Alan Watts, filósofo e teólogo.

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