Arquivo para Praias

O mal da rotina

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O mal da rotina

Seu Jorge já cantarolava, abençoado por uma melodia de Chico Buarque: “Todo dia ela faz tudo sempre igual/ me sacode às seis horas da manhã/ me sorri um sorriso pontual/ e me beija com a boca de hortelã”. Ambos os amantes não pareciam incomodados com a rotina que o casal compartilhava, e a composição não deixa transparecer qualquer desconforto com o cotidiano previsível. Mas e se ela o acordasse um pouco antes para cobrir-lhe de beijos com gosto de… maçã? Se não sorrisse ao acordá-lo, mas o pegasse desprevenido com cócegas que o fizesse perder o ar de tanto rir? E se ele faltasse ao trabalho, um dia que seja, para brindar a vida na companhia da amada?

Gostar de rotina não é algo ruim. Precisamos dela para nortear nossas vidas, dar linearidade ao nosso cotidiano, nos tirando do caos e auxiliando-nos a dar foco às metas. A rotina é a nossa cura da ressaca, nosso mais do mesmo que precisa existir, nossa obediência às regras, nossa submissão ao tempo, nossa dose de normalidade diária.

Sair da rotina, do óbvio, é um tanto doloroso para algumas pessoas. Arriscar-se numa atividade nova, atrasar-se mais que cinco minutos, um feriado no meio da semana (acredite: há quem não goste nem um pouco de feriado que tire da mesmice de uma semana de trabalho) nem sempre é fácil de encarar. Ainda mais pra quem trabalha com o método da agenda: acordar às seis, ler as notícias acompanhado de uma xícara de café – nem muito quente, nem frio, nem morno: acertar o ponto todas as vezes é crucial e rotineiro, por assim dizer – tomar um banho rápido, vestir-se e chegar no trabalho às oito. Nem sete e cinquenta e dois, nem sete e cinquenta e nove, muito menos oito e um. Oito. Trabalhar incessantemente, voltar pra casa (pelo mesmo caminho de sempre), assistir qualquer porcaria na televisão, dormir. Fim de semana é almoçar na mãe, ir ao cinema, voltar antes que escureça, dormir.

Pessoas assim não se permitem experimentar algo novo e ousado, por mais simples que seja. Por mais que a mídia tenha explorado e criticado positivamente aquela peça que está em cartaz todas as quartas, não é digno se dar ao luxo de fazer um programa cultural em plena quarta-feira. Amanhã é quinta, dia de labutar. Às oito em ponto.

Por mais que delivery de pizza seja prático, rápido e barato, não custa nada explorar os demais restaurantes da cidade, levar a garota ou o garoto para degustar sushi, comida chinesa, tailandesa, ou churrasco gaúcho, que seja. Algo que não venha engordurado dentro de uma caixa de papelão.

Há quem não goste de acampar na praia, mas que nunca sequer dormiu dentro de uma barraca e protege-se dos pés à cabeça do sol, da areia e da água salgada que resseca e quebra o cabelo. Tem gente que detesta balada, porque sempre frequentou a mesma casa noturna, que conta sempre com a presença dos mesmos DJ’s, sempre com as mesmas pessoas.

Há quem não goste de beber, mas que nunca bebeu, que não goste de redes sociais e que sempre conservou a velha conta de e-mail no BOL, que não goste de chuva, mas que nunca sentiu a deliciosa sensação da água refrescando o corpo num dia de calor infernal, que não gosta de música brasileira, mas que nunca se arriscou a ouvir os mestres da MPB – e que, inclusive, critica ferozmente o nosso funk, mas que dança de forma frenética ao som do pop e do hip hop americano que faz apologia às drogas e ao sexo, com letras tão “proibidonas” quanto as do ritmo carioca.

De que vale a vida, penso eu, se não arriscarmos, nos entregarmos ao novo? Ter o coração partido e se fechar para um novo amor; permanecer num emprego que te causa infelicidade, mas que garante estabilidade; dormir cedo sempre; nunca se atrasar; ir ao mesmo cinema; frequentar as mesmas praias; estranhar novas amizades… que perda de tempo!

Durante muito tempo fui um pouco assim, e confesso que ainda sou paranóica com horários e rotina, mas estou tentando mudar. Reconhecer que a minha bolha é limitada e que a zona de conforto não nos oferece nada mais que conforto é o primeiro passo.

Toda revolução sofre um pouco de resistência no ínicio – mesmo que a revolução seja mudar de cafeteria ou de marca de sabão em pó – mas pequenas ações podem resultar em mudanças positivas na nossa vida.

Se o café está bem quente, eu acho bom. Se está morno, me incomodo um pouco, mas engulo feliz. Se tem suco, agradeço: mais um dia sem cafeína. Viver metodicamente é não viver, ou viver pela metade.

Você por acaso sabe se existe vida após esta aqui? Melhor não desperdiçar. Hortelã pode ser bom, mas há uma infinidade de sabores por aí.

By Jennifer Severo.

As várias faces da mentira

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As várias faces da mentira

Há um momento na vida em que, graças ao domínio de mecanismos sofisticados da inteligência, aprendemos a mentir. Mentimos jogando com as palavras, contendo gestos, assumindo posturas convenientes – e das quais discordamos – para aliviar tensões.

Tentamos esconder aquele traço da nossa personalidade que não nos agrada assumindo uma maneira de ser mais apropriada. São tantas as possibilidades de escamotear a verdade que o mais prudente seria olhar o ser humano com total desconfiança – pelo menos até prova em contrário.

Ainda que sentir medo e insegurança faça parte da natureza humana, fingimos que tudo está sob controle e que nada nos abala para ocultar nossa fragilidade. Acreditando no que veem, os outros passam a se comportar como se também não sentissem medo.

Mentem para não parecerem frágeis e inferiores diante daqueles que julgam fortes. Nesse teatro diário, alimentamos o círculo vicioso da dissimulação. Minto para impressionar você, que me impressionou muito com aquele jeito fingido de ser – mas que me pareceu genuíno.

Não seria mais fácil se todos admitíssemos que não somos super-heróis e que não há nada que nos proteja das incertezas do futuro?

Em geral, quem não aceita o próprio corpo evita praias e piscinas. Diz que não gosta de sol, quando, na verdade, não tem estrutura para mostrar publicamente aquilo (a gordura, a magreza ou qualquer outra imperfeição) que abomina.

É o mesmo mecanismo usado pelos tímidos, que não se entusiasmam muito por festas e locais públicos. Em casa, não precisam expor sua dificuldade de se relacionar com desconhecidos.

Temos muito medo de nos sentirmos envergonhados, de sermos alvos de ironias que ferem nossa vaidade. É para não correr esse risco que muita gente muda de cidade depois de um abalo financeiro. Melhor ser pobre e falido (e encontrar a paz necessária para reconstruir a vida) onde ninguém nos conheceu ricos e bem-sucedidos!

Até aqui me referi às posturas de natureza defensiva, que servem de armadura contra o deboche, as críticas e o julgamento alheio.

Há, no entanto, um tipo perverso de falsidade: a premeditada. Pessoas dispostas a se dar bem costumam vender uma imagem construída sob medida para tirar vantagem.

Um homem extrovertido e aparentemente seguro, independente e forte pode ter criado esse estereótipo apenas para cativar uma parceira romântica. Depois de conquistá-la, revela-se inseguro, dependente e egoísta.

Mulheres sensuais podem se comportar de maneira provocante para despertar o desejo masculino – e sentir-se superiores aos homens. Vendem uma promessa de intimidade física alucinante que raramente cumprem, pois são, em geral, as mais reprimidas sexualmente. O apelo erótico funciona como atalho para os objetivos de ordem material que pretendem alcançar.

Não há como deixar de apontar a superioridade moral daqueles que mentem por fraquezas quando comparados aos que obtêm vantagens com sua falsidade. O primeiro grupo poderia se distanciar ainda mais do segundo se acordasse para uma verdade óbvia e fácil de enfrentar: aquele que me intimida é tão falível e frágil quanto eu.

E – nunca é demais lembrar –, para ele, eu sou o outro que tanto lhe mete medo!

By Flávio Gikovate.

Deus te diz…

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Deus te diz

“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pare de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho… não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pare de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pare de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz, Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o única que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tenha certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste… Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pare de crer em mim – crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido? Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.”

By Baruch Espinoza.

Por um fio

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Por um fio

Não foram poucos os cineastas que filmaram o levante das máquinas contra o Homem. Em “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, o computador HAL se cansava de computar e partia pra um motim solitário, dominando a nave com sua melancólica agressividade.

Em “Blade Runner”, androides superinteligentes saíam matando quem fosse preciso, em busca de uma recarga que estendesse seus curtos dias sobre a Terra. Em “O Exterminador do Futuro”, os robôs se davam conta de que já não precisavam mais da gente pra passar WD-40 nas juntas e, sem muita explicação, resolviam nos eliminar do planeta. Nos três casos, o embate se dava no futuro distante e o pega pra capar (ou pra desparafusar) era explícito.

Ninguém percebeu que o golpe das engrenagens já estava em marcha – e na surdina – há mais de cem anos. E como perceberia? Que mente anticlimática criaria filme tão triste em que os humanos seriam dominados não por gigantescos computadores, por replicantes perfeitos ou robôs soltando mísseis pelas ventas, mas por este aparelhinho ridículo chamado telefone?

Agora, olhando pra trás, tudo faz sentido; quase podemos ouvir o ruído da nossa liberdade sendo sugada, pouco a pouco, pelos furinhos do bocal. Ora, uma geringonça que permite que você seja encontrado em casa, a qualquer momento, por qualquer pessoa, só podia estar mal-intencionada.

Eis o plano inicial do telefone: jogar uns contra os outros, deixando os funcionários sob o controle dos chefes, as sogras próximas das noras, as ex-namoradas a poucos cliques dos bêbados; os chatos experimentaram um salto no poder de alcance inédito desde a invenção da roda.

Felizmente, enquanto o inimigo estava preso à parede, como um cão à coleira, ladrava, mas não mordia. Bastava sair de casa e o cidadão tornava-se inatingível. Ah, as novas gerações não conhecem o Éden perdido! “Onde está fulano?”, “Saiu”, “Pra onde?”, “Não sei” – e lá ia você com as mãos no bolso, assoviando, livre para beber sua cerveja no bar, para jogar boliche em Mongaguá ou fazer amor em Guadalupe.

Incapaz de nos seguir por aí, a máquina recrutou capangas: secretárias eletrônicas que esperavam o incauto cidadão voltar de suas errâncias para, como bombas-relógio, explodir afazeres, cobranças e más notícias. Bipes que, como drones, podiam bombardear um dos nossos em qualquer canto do globo.

Mesmo com bombas e drones, no entanto, até uns 20 anos atrás, ainda era possível escapar, não ouvir os recados, viver sem bipe. Então veio o golpe mortal, assustador como Daryl Hannah piruetando em direção ao Caçador de Androides, traiçoeiro como o dedo-espeto de mercúrio do Exterminador: o celular!

O verdugo não estava mais apenas em nossos lares: morava em nosso corpo. Não só falava e ouvia como fotografava, filmava, enviava cartas, bilhetes, contas, planilhas, demitia funcionários, terminava casamentos, passava clipes do Justin Bieber, sermões do Edir Macedo e oferecia promoções de operadoras às 8h11 da manhã de domingo.

Lá por 2017, o celular já era ubíquo. Pelas ruas e ônibus, pelas escolas e repartições, parques e praias, só se viam seres humanos curvados, de cabeça baixa, servis como cachorrinhos a babar sobre as telas de cristal líquido, para onde quer que se olhasse – mas quem olhava?

By Antonio Prata, para a Folha de São Paulo.

Camarão na moranga

Posted in Receitas with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 29/06/2013 by Joe

Camarão na moranga

O camarão na moranga é um prato típico da culinária litorânea brasileira, servido e preparado com uma abóbora do tipo moranga, recheada com camarão e requeijão.

Para entender a história desse prato, vamos primeiro conhecer um pouco do local que deu origem a essa receita tão especial.

Em Ubatuba fica localizada a Ilha Anchieta, a 2ª maior ilha do Litoral Norte paulista, com 828 hectares de exuberante Mata Atlântica em meio a montanhas e praias de águas cristalinas.

O local abrigou, na década de 1930, um presídio político que foi desativado após uma grande rebelião. As ruínas do presídio que ali funcionou de 1904 a 1955, hoje são um grande atrativo turístico para quem visita a Ilha.

Enquanto esteve em funcionamento, mais especificamente no ano de 1945, o presídio recebeu um grupo de presos políticos japoneses. E como é da cultura oriental, esse grupo era bastante dedicado ao trabalho em atividades agrícolas, e assim deram início ao cultivo de legumes e verduras na Ilha Anchieta.

Acredita-se que, de tanto andarem descalços e comer peixe cru, aliada à falta de higiene que era muito comum nos presídios da época, acabaram adquirindo várias doenças, entre elas a esquistossomose, conhecida como “barriga d’água”, que é uma infecção por parasitas, muito comum entre pessoas que trabalham no campo.

Um médico local sugeriu que tomassem remédios tradicionais, mas o grupo não aceitou e passaram a plantar abóboras, pois de suas sementes era obtido um poderoso vermífugo e o problema acabou sendo resolvido.

A novidade fez tanto sucesso que os moradores do continente começaram a comprar as abóboras plantadas na ilha e torrar as sementes para comer e curar suas moléstias também.

Ocorreu que, durante uma das travessias da ilha para o continente, uma das abóboras caiu no mar e afundou rapidamente pois havia um furo no lugar do talo. Passadas algumas semanas o fruto reapareceu cerca de 5 km de onde havia afundado, e uma senhora que tinha um restaurante na praia da enseada encontrou o fruto e não pensou duas vezes, colocou a abóbora inteira para ser fervida.

Ao abrir a tal abóbora, descobriu que dentro tinha mais de dois quilos de camarão sete-barbas. Vendo aquilo, e como boa cozinheira que era, teve a brilhante ideia de retirar as sementes e adicionar cheiro-verde, folha de coentro, tomate, alho e cebola.

Estava criado mais um prato típico da culinária caiçara: “Camarão na Moranga”, prato este que passou a fazer parte do cardápio de muitos restaurantes litorâneos espalhados pelo Brasil.

Camarão na moranga

Ingredientes

1 moranga média
1 kg de camarão pequeno limpo
3 camarões grandes com rabo para decorar o prato
4 limões
pimenta a gosto
sal a gosto
100 ml de azeite de dendê
azeite comum
3 tomates
1 cebola média
4 dentes de alho
salsinha picada
cebolinha picada
200 g de creme de leite
250 g de requeijão ou catupiry cremoso
100 g de queijo parmesão ralado

Modo de preparo

Esprema os limões e tempere os camarões juntamente com pimenta e sal a gosto, deixando no tempero por aproximadamente 30 minutos. Não jogue fora esse tempero, pois será usado para temperar os 3 camarões grandes.

Abra uma tampa na moranga, retire todas as sementes, pincele com azeite por dentro e por fora, coloque água quente dentro (mais ou menos até a metade), cubra com papel-alumínio e leve ao forno pré-aquecido até que fique macia.

Enquanto a moranga está no forno, refogue a cebola e o alho no azeite de dendê em uma panela grande. Em seguida coloque os tomates e refogue um pouco mais. Acrescente os camarões, o requeijão e cozinhe por 3 minutos no máximo, para que não fiquem duros. Acrescente o creme de leite sem soro, um pouco de salsinha, cebolinha, o requeijão e um pouco de queijo ralado, mexendo até ficar tudo bem misturado e, em seguida, desligue o fogo.

Tempere os 3 camarões grandes no suco de limão que foi reservado anteriormente.

Se a moranga estiver macia, retire do forno, coloque o recheio e cubra com o restante do queijo ralado, da salsinha e da cebolinha. Leve novamente ao forno para gratinar.

Enquanto isso, refogue os camarões grandes no azeite para decorar a borda da moranga. Retire a moranga do forno, decore com os 3 camarões grandes e sirva esta delícia com arroz branco e farofa.

Sugestões: você poderá fazer algumas variações no modo de preparo e ingredientes. Uma opção é cozinhar a moranga em uma panela grande com água, em vez utilizar o forno. Outra variação que pode ser feita é utilizar mussarela junto ao recheio que fica muito bom também. Seja criativo que o resultado sempre poderá surpreender seus convidados, e sua receita terá sua assinatura.

By Joemir Rosa.

Sobre o amor e os relacionamentos

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Amor e relacionamentos

É sempre difícil e bastante complicado falar de amor e de relacionamentos, pois os temas envolvem sempre duas e, em algumas situações, mais de duas pessoas.

Aprendemos muitas coisas sobre o amor, a maioria delas distantes do verdadeiro amor. Muitas pessoas, ainda em seu narcisismo, buscam desesperadamente sua alma gêmea, pois não suportam as diferenças indiscutíveis e, a meu ver, maravilhosas que existem entre todos nós.

Com todas essas regrinhas que inventaram sobre o verdadeiro amor e a melhor forma de se relacionar, conseguimos apenas frieza e separações. O amor se torna impossível com tantas regras para cumprir, sem falar no narcisismo que impera em nossa civilização. Todo amor começa a partir da atração sensual. Às vezes, inventamos algumas coisas para negar essa afirmação, para disfarçar esse fato, mas indiscutivelmente esse é o fato.

No início há romance, troca de promessas (normalmente impossíveis de serem cumpridas), sedução e, como toda paixão, é carregada de irrealidade. Nessa etapa você vê apenas uma parte da pessoa, não vê sua totalidade e isso faz com que você não viva a realidade. Com o passar do tempo, as duas realidades começam a se manifestar e é aí que se inicia uma outra etapa do relacionamento, quanto mais você conhece o ser amado, mais você entra em contato com a loucura – a sua e a do outro.

Nesse momento, a raiva e todos os sentimentos negativos que você abriga dentro de seu coração começam a aflorar. Pronto, a neurose está instalada. O tempo vai passando em meio a decepções e abraços, até que cada um se torna um hábito para o outro – o romance foi embora. O que fazer agora? O que era para me fazer mais feliz começa a me fazer infeliz. É nesse momento que o amor passa pelo maior dos testes: se é de fato amor ele sobrevive… se não for, ele passará.

Se o amor existir, você começa uma outra etapa e poderá amar ainda mais a pessoa que está ao seu lado. Nesse momento é preciso aceitação. O amor é, na verdade, a união do seu mais profundo ser com o que há de mais profundo no outro. Há uma união no plano da alma que está além da paixão e da personalidade.

Kahlil Gibran tem um poema que diz: “Deixem que haja espaços na união de vocês. E deixem que os ventos dos céus dancem entre vocês. Amem um ao outro, mas não tornem o amor uma obrigação. Ao contrário, deixem que ele seja um mar em movimento entre as praias de suas almas.”

A partir de então, o amor tende somente a se aprofundar. Mas estou falando de amor, por favor, não de tempo juntos, não de aceitação de violência, invasão e desrespeito. Falo do amor que respeita os limites do outro, onde cada um tem seu próprio espaço, seu próprio gosto, sua própria vida e muitas vezes sua própria casa. Quando a invasão começa a instalar-se em um relacionamento, o amor está fadado ao fim.

As pessoas que desejam verdadeiramente a felicidade devem traçar claramente seus limites e o outro deve aceitar ou não. É isso que chamo de aceitação. Não a submissão ou obediência – isso é oposto ao amor. Somente entre duas liberdades é possível ver o amor crescer. E se ambos – amor e liberdade – puderem lhe pertencer, você conseguiu conquistar o melhor que a vida pode oferecer.

By Eunice Ferrari.

Voando em um sonho azul

Posted in Videos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 07/10/2012 by Joe

Um hobby que evoluiu com as novas tecnologias, o “Remote Video Piloting”, também conhecido como FPV – First Person View (Visão em Primeira Pessoa), nos proporciona uma experiência fantástica de voos panorâmicos por quase todos os lugares deste nosso planeta!

Um pequeno aeroplano comandado via RC (radio control), equipado com um video receiver e uma câmera CCD, com custos a partir de uns 400 dólares, e muito treino, pode ser um hobby fantástico e diferente.

No video abaixo, uma pequena mostra desse hobby através das praias do litoral brasileiro, mostrando dunas, campos de geradores de energia eólica, cidades e toda a beleza da nossa costa!

O trabalho é de LFLoTiTo e outros videos dele podem ser vistos em seu canal: http://www.youtube.com/user/LFLoTiTo.

Vale a pena assistir e curtir toda a beleza do nosso país!

“Flying in a Blue Dream” (Voando em um sonho azul), a música de fundo no video, é de Joe Satriani, um dos mais competentes e respeitados guitarristas do mundo.

By Joemir Rosa.

A mulher madura

Posted in Homenagem with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 15/02/2012 by Joe

O rosto da mulher madura entrou na moldura dos meus olhos. De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a antevejo no espelho de uma joalheria.

A mulher madura, com seu rosto denso e esculpido como o de uma atriz, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé. Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente.

A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante: faz muitos barulhos, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo de repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.

A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs. A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto, as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de Setembro e Abril.

O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência, uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e, sobre os casebres e corpos, tudo se reveste de uma marrom tristeza.

Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, completamente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, de um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.

A mulher madura está pronta para algo definitivo. Merece, por exemplo, sentar-se naquela Praça de Siena à tarde, acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidade.

A mulher madura é um ser luminoso e repousante às 4 horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia.

Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados de gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes. Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.

By Affonso Romano de Sant’Anna.

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