Só erra quem trabalha e produz. Mas só produz quem não tem medo de errar.
As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injetado o veneno do medo. Do medo da mudança!
By Octavio Paz.
Antes de estar com alguém, estamos junto com nós mesmos. E, eventualmente, temos medo do silêncio, acumulamos informação nas paredes, usamos ajuda para relaxar a mente, ficamos desconfortáveis na multidão. Evitamos nossa primeira companhia, buscando a resposta além, ansiando sentirmo-nos completos por uma promessa de felicidade.
Grande influência para nosso comportamento é o Romantismo, que nos visita nas comédias românticas, novelas, brinquedos de crianças e cantigas desde a primeira infância, e catequiza gerações desde Shakespeare a fazer das decisões da vida um drama, viver o presente ou desejar o fim de todo sofrimento. É a arte do sonho e da fantasia. Graças a ele, somos incentivados a ansiar nosso lugar ao sol. Mas, também devemos lembrar dos perigos de viver na terra das fadas, e negar a realidade.
Nascemos sós, com nossa consciência e o céu. E não há nada de estranho em estar no cinema desacompanhado. Precisamos nos compreender, para compreender o outro. Contemplar em silêncio os sons da cidade faz parte de integrar-se com o mundo, e aceitar que somos parte dele: quanto de você está presente na chuva lavando a calçada. Como você sente seus pés. Como sente o coração. Investir tempo para responder honestamente se você é feliz.
O maior estranhamento que podemos causar em alguém é perguntar o quanto ela é feliz. Contudo, poucas coisas são tão absolutas quanto a felicidade. Dizer que ela independe do dinheiro, do trabalho, não é novidade. Mas, vale reforçar que ela depende somente dos nossos olhos.
Dessa forma, não existe nenhum amor que nos torne completos. Porque a resposta não é essa. A resposta somos nós mesmos. Estar com alguém pode ser mais solitário que aceitar o fim. E crer que a felicidade virá junto com um Messias romântico prometido é frustrante.
Entramos inteiros ou partidos numa história, mudamos por próprio mérito para menos ou para mais, e é isso. O romantismo é saudável, mas quanto dele é um desespero por algo grandioso na vida, simplesmente para jogarmos a bola para alguém. O companheirismo de uma vida é, definitivamente, grandioso; que o diga Tarcísio Meira e Gloria Menezes, Jorge Amado e Zélia Gatai. Mas, e quando amamos estar apaixonados mais do que o objeto do nosso afeto. A maior prova está em “amor à primeira vista”, que é o cúmulo do não amor, e cujo sucesso depende inteiramente da sorte. Beleza, caráter, coragem, inteligência não são correlacionados, não é estatística. Insistimos em “riscos” desnecessários ao adotarmos estratégias levianas e depois lamentamos tanto azar. Por desespero de quê? Nutrimos relações destrutivas e sofremos por acabar destruídos.
Amar é estar em paz consigo mesmo. E estar em paz já é um grande desafio. Nenhuma resposta mágica aparece junto com o amor. Pelo contrário. Aparecem mais perguntas e desafios. Então, se você acha que sua rotina demanda muito, deveria evitar mais uma tribulação.
Se não, tornamo-nos vítimas de clichês e nada mais acontece.
Para estar junto é preciso primeiro saber estar só. Estar feliz consigo mesmo. Porque não é mérito de mais ninguém, que não você, como vai a sua vida. Companheiro ou santo nenhum têm poder de salvar nossas peles, podem dar o exemplo. Que tal?
Para estar junto é preciso primeiro respeitar o contorno do próximo. Não se fundir a ele e virar uma massa amorfa, com consciência coletiva. Casais são duas unidades juntas, mas são unidades.
O ser humano é tão rico e misterioso, devemos explorar nosso potencial e melhorar o mundo, e evitar caber numa caixinha etiquetada. Somos únicos e infinitos. Somos sós e completos. Ainda assim, escolhemos voar juntos. E isso é fantástico! Mas, para que a vista seja boa, é preciso criar força nas asas e dar nosso primeiro salto sós.
By Tamara Ferreira.
Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes que o dia clareasse.
Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então, raciocinou consigo mesmo:
– “Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro!”
E guardou-a protegendo-a dos olhares dos demais.
O segundo homem era um rico avarento. Estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro, pensou:
– “Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar!”
O terceiro homem era negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito prático:
– “É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem!”
E guardou suas lenhas com cuidado.
O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Este pensou:
– “Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha para me aquecer nos próximos dias!”
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido:
– “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos gravetos!”
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente, apagou…
No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna, encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse:
– “O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro…”
Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você. Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam. Não permita que as brasas da esperança se apaguem, e nem que a fogueira do otimismo vire cinzas.
Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que você esteja.
Desconheço a autoria.
Li, certa vez, que ao pé do farol não há luz. Mas e o que dizer quando falamos, não de uma proximidade geográfica, mas emocional, como na relação entre pais e filhos, por exemplo?
Somente hoje, distante de meu pai, vejo o suficiente para enxergar, com relativa nitidez, a luz de seu farol e para compreender a liberdade acolhedora de seu amor que, à época, eu percebia como sufocante e limitador. Foi preciso jogar-me ao mar, navegar nas ondas e intempéries daquilo a que chamamos vida, para vislumbrar não somente em que me tornei, mas também para reconhecer a segurança do porto de onde parti.
Só assim pude entender não apenas o que hoje sou, mas de que raízes brotei. Lembro-me de, quando jovem, ter dado a meu pai um livro do genial poeta Kahlil Gibran. No capítulo “Dos Filhos”, Gibran escreve: “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.” Eu, como todo jovem, clamava por liberdade. E, como jovem, ignorante e esquecido dos perigos do desconhecido, enxergava apenas o mar que à minha frente se expandia.
Dar o livro a meu pai era como dizer a ele: “me deixa viver, me conceda a liberdade plena da experiência.” Lembro que toda vez que discutíamos sobre liberdade, ele me falava dos perigos que a vida nos reserva. Mas eu, que estava ao pé do farol, enxergava apenas a beleza do horizonte e meus olhos não percebiam a dureza do percurso …
Hoje sou pai …
Os filhos crescem, amadurecem, e percebo que, como muitos pais, continuo a tratá-los como se tivessem sempre a mesma idade, a mesma mentalidade, as mesmas fraquezas. Como hoje eu entendo que, para aprender a navegar precisamos desafiar os tormentos e as borrascas do mar, é chegada a hora de aceitar um dos inevitáveis desígnios da vida: se nossos filhos estão ao pé do farol, eles só poderão ver a luz se entrarem mar adentro. E o melhor que podemos fazer é desejar-lhes boa viagem. E torcer para que carreguem consigo um pouco de suas raízes.
Desconheço a autoria.
“Acreditar que basta ter filhos para ser um pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico.” (Mansour Chalita).
“Os filhos são educados como se fossem ficar toda a vida filhos, sem nunca se pensar que eles se tornarão pais.” (August Strindberg).
Ouça-o com muita atenção, com muita consciência e você nunca errará. E, ouvindo o seu coração, você começará a seguir na direção certa, sem mesmo pensar no que é certo ou errado. E segui-lo, onde quer que ele o leve.
Sim, algumas vezes ele o deixará frente a frente com alguns perigos – mas, lembre-se, esses perigos são necessários para que você amadureça.
Outras vezes, ele o fará se extraviar – mas, lembre-se mais uma vez, errar o caminho faz parte do crescimento.
Muitas vezes você cairá – torne a levantar-se, porque é assim que se reúnem forças, caindo e levantando-se novamente.
É assim que se fica integrado…
Mas não siga regras impostas pelo mundo exterior. Nunca imite, seja sempre original. Não vire uma cópia em papel carbono. Mas é isso o que está acontecendo no mundo todo – cópias e cópias em papel carbono.
Cristo é Cristo, Buda é Buda, Krishna é Krishna, e você é você. E você não é, de maneira nenhuma, menos do que ninguém. Respeite-se, respeite sua voz interior e siga-a.
E lembre-se: não estou garantindo a você que essa voz sempre o levará ao lugar certo. Muitas vezes ela o levará ao lugar errado, pois, para encontrar a porta certa, é preciso bater primeiro em algumas – às vezes, até muitas – portas erradas. É assim que as coisas são.
Se você topar de repente com a porta certa, não será capaz de reconhecer se ela é a certa. Portanto, lembre-se de que, no final das contas, nenhum esforço é jamais desperdiçado; todos os esforços contribuem para o apogeu do seu crescimento.
Portanto, não hesite, não fique tão preocupado quando cometer um erro.
Isso é um problema: ensinam às pessoas a nunca fazer nada errado, e então elas hesitam; ficam tão receosas, tão apavoradas com a possibilidade de fazer alguma coisa errada, que ficam empacadas. Não conseguem sair do lugar, alguma coisa pode dar errado. Então, ficam como pedras, perdem todos os movimentos.
Cometa tantos erros quanto possível! Lembre-se apenas de não cometer o mesmo erro duas vezes. E você estará crescendo.
By Osho.
Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para poderem receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse – eles sabiam – todos morreriam de frio antes que o dia clareasse.
Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então, ele raciocinou consigo mesmo:
– “Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro”. E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais.
O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu no círculo em torno do fogo, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e, enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou:
– “Eu? Dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?” E reservou-a.
O terceiro homem era um negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensina. Seu pensamento era muito prático:
– “É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar àqueles que me oprimem”. E guardou suas lenhas com cuidado.
O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia, mais do que os outros, os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou:
– “Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.”
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhava fixamente para as brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.
O último homem trazia, nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido.
– “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem o menor dos meus gravetos”.
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente se apagou…
Ao alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna, encontraram seis mortos congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse:
– “O frio que os matou não foi o de fora, mas o frio que veio de dentro…”
Desconheço a autoria.
A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes, ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou estranha. Até agora. Agora que minha filha adolescente, quase aos 18 anos, começa a dar voos solo. Chegou a hora de reprimir de vez o instinto materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos erros, tristezas e perigos. Uma batalha interna hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida.
Até o dia que os nossos filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
By Marcia Neder.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último… O último para dizer “obrigada”. O último para dizer “me desculpe”. O último para dizer “eu te amo”. O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro. O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois. O último para fazer as pazes. Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último… O último pra esquecer tolices. O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância. O último para rir até o coração dançar. O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida. O último para aprontar todas as artes que a emoção quiser. O último para ser útil em toda circunstância que me for possível. O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último… O último para me maravilhar diante de cada expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha pela primeira vez. O último para ouvir aquela música que acende sóis por toda a extensão da minha alma. O último para ler, de novo, o poema que diz tanto de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu. O último para desembaraçar os fios emaranhados dos medos que me acompanham.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último… Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem. Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor. Para expressar a minha admiração. Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem. Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas. Não pouparia compreensão. Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último, porque pode ser…
By Ana Jácomo.