Arquivo para Paredes

Para estar junto é preciso estar só

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É preciso estar só

Antes de estar com alguém, estamos junto com nós mesmos. E, eventualmente, temos medo do silêncio, acumulamos informação nas paredes, usamos ajuda para relaxar a mente, ficamos desconfortáveis na multidão. Evitamos nossa primeira companhia, buscando a resposta além, ansiando sentirmo-nos completos por uma promessa de felicidade.

Grande influência para nosso comportamento é o Romantismo, que nos visita nas comédias românticas, novelas, brinquedos de crianças e cantigas desde a primeira infância, e catequiza gerações desde Shakespeare a fazer das decisões da vida um drama, viver o presente ou desejar o fim de todo sofrimento. É a arte do sonho e da fantasia. Graças a ele, somos incentivados a ansiar nosso lugar ao sol. Mas, também devemos lembrar dos perigos de viver na terra das fadas, e negar a realidade.

Nascemos sós, com nossa consciência e o céu. E não há nada de estranho em estar no cinema desacompanhado. Precisamos nos compreender, para compreender o outro. Contemplar em silêncio os sons da cidade faz parte de integrar-se com o mundo, e aceitar que somos parte dele: quanto de você está presente na chuva lavando a calçada. Como você sente seus pés. Como sente o coração. Investir tempo para responder honestamente se você é feliz.

O maior estranhamento que podemos causar em alguém é perguntar o quanto ela é feliz. Contudo, poucas coisas são tão absolutas quanto a felicidade. Dizer que ela independe do dinheiro, do trabalho, não é novidade. Mas, vale reforçar que ela depende somente dos nossos olhos.

Dessa forma, não existe nenhum amor que nos torne completos. Porque a resposta não é essa. A resposta somos nós mesmos. Estar com alguém pode ser mais solitário que aceitar o fim. E crer que a felicidade virá junto com um Messias romântico prometido é frustrante.

Entramos inteiros ou partidos numa história, mudamos por próprio mérito para menos ou para mais, e é isso. O romantismo é saudável, mas quanto dele é um desespero por algo grandioso na vida, simplesmente para jogarmos a bola para alguém. O companheirismo de uma vida é, definitivamente, grandioso; que o diga Tarcísio Meira e Gloria Menezes, Jorge Amado e Zélia Gatai. Mas, e quando amamos estar apaixonados mais do que o objeto do nosso afeto. A maior prova está em “amor à primeira vista”, que é o cúmulo do não amor, e cujo sucesso depende inteiramente da sorte. Beleza, caráter, coragem, inteligência não são correlacionados, não é estatística. Insistimos em “riscos” desnecessários ao adotarmos estratégias levianas e depois lamentamos tanto azar. Por desespero de quê? Nutrimos relações destrutivas e sofremos por acabar destruídos.

Amar é estar em paz consigo mesmo. E estar em paz já é um grande desafio. Nenhuma resposta mágica aparece junto com o amor. Pelo contrário. Aparecem mais perguntas e desafios. Então, se você acha que sua rotina demanda muito, deveria evitar mais uma tribulação.

Se não, tornamo-nos vítimas de clichês e nada mais acontece.

Para estar junto é preciso primeiro saber estar só. Estar feliz consigo mesmo. Porque não é mérito de mais ninguém, que não você, como vai a sua vida. Companheiro ou santo nenhum têm poder de salvar nossas peles, podem dar o exemplo. Que tal?

Para estar junto é preciso primeiro respeitar o contorno do próximo. Não se fundir a ele e virar uma massa amorfa, com consciência coletiva. Casais são duas unidades juntas, mas são unidades.

O ser humano é tão rico e misterioso, devemos explorar nosso potencial e melhorar o mundo, e evitar caber numa caixinha etiquetada. Somos únicos e infinitos. Somos sós e completos. Ainda assim, escolhemos voar juntos. E isso é fantástico! Mas, para que a vista seja boa, é preciso criar força nas asas e dar nosso primeiro salto sós.

By Tamara Ferreira.

Mães

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Feliz Dia das Mães

Mães, geralmente é a vocês que cabe a educação dos filhos, sobretudo no capítulo modos à mesa, arrumação do quarto, etc.

Não sejam preguiçosas! É mais fácil fazer que ensinar. Mas tenham coragem, ensinem. E comecem cedo para que os bons hábitos se tornem uma segunda natureza e não um procedimento para se ter só na frente das visitas.

Sejam rigorosas! Eles vão te odiar, às vezes. Você vai querer esganá-los frequentemente. Faz parte entre as pessoas que se amam. Mas um belo dia alguém vai dizer o quanto seu filho é educado, prestativo, gentil, querido. Você vai desmaiar de surpresa e felicidade.

Eu nunca me esqueço daquela história da mãe que se dirigiu a uma especialista em boas maneiras para saber com que idade ela deveria colocar seu filho no curso. Ao saber que o filho estava com três meses de idade, ela respondeu: “Mas talvez já seja muito tarde!”.

Não morra de vergonha se seu filho der um vexame na frente dos seus amigos. Não valorize os erros nem dê bronca em público. Nunca trate a criança com se ela fosse uma débil mental, elas entendem tudo!

Use sempre um bom vocabulário. Isso aumenta a capacidade linguística das crianças e não fique para morrer de culpa se algum dia precisar frustrar seu filho, tipo promessa que não pode ser cumprida, etc. Apesar do que dizem os especialistas, uma frustraçãozinha de vez em quando prepara a criança para aprender a suportá-las quando, no decorrer da vida, elas infelizmente acontecerem.

O palavrão. É dito por todos. Até em televisão, escrito nos jornais, etc. Pretender que uma criança não repita é puro delírio. Vamos moderar. Mas a regra de ouro seria: palavrão na linguagem corriqueira é uma coisa, mas não pode ser usado jamais na hora da raiva, da briga. Isso vale também para os adultos.

Ensinem, obriguem seus filhos a cuidarem da bagunça que fazem. O copo de Coca-Cola? De volta pra cozinha. A revistinha que acabou de ler? Para o quarto. Os milhares de papeizinhos de Bis? Amassar e jogar no cinzeiro. A lista não tem fim porque a imaginação de uma criança para instalar o caos onde quer que esteja é também infinita.

Alguns mandamentos:

Não sair pra se servir correndo na frente dos outros. O ideal, aliás, seria que as crianças até certa idade fizessem as refeições antes dos adultos, com as mães ali ao lado, patrulhando as boas maneiras. Não deixar cair um grão sequer na mesa. Não encher demais o prato. Há fome no mundo, etc, etc. Se encher, que coma tudo. A partir dos cinco anos, não cortar a carne toda de uma vez. Cinco? Talvez eu tenha exagerado. Sete. Não misturar carne com peixe. Macarrão com farofa, etc. Isso é cultura.

Pedir licença pra se levantar quando a refeição terminar, pode alegar que precisa estudar, para evitar aquela tortura de ficar na mesa até a hora do café. Um suplício.

Não bater a porta do quarto com estrondo nem quando brigar com o irmão. Só gritar se for por mordida de cobra. Ou ficar mudo ou estático dentro do elevador.

Não chamar a amiga da mãe de tia. Aliás, não chamar ninguém de tia a não ser as tias de verdade. E só pra deixar bem claro: tia Rosina, tia Helena, nunca tia só!

Eu adoro bebês! Quando começa a idade da correria, eu confesso que já adoro um pouco menos. Eu tenho que dizer isso bem baixinho pra não ofender as mães.

Vamos, então, falar dessa fase sublime: elas gostam de passar no espaço de quinze centímetros que existe entre o sofá e a mesa, brincam de pique numa sala de dois por três. Colocam a cadeira na frente da televisão, se penduram nos lustres, pintam as paredes da sala, o teto e etc, etc e tudo aos gritos.

Eu penso que esta talvez seja a fase de maior energia do ser humano. Ah, é a idade das guerras de travesseiros, das almofadas que voam pela janela. Jovens pais adoram essas traquinagens. Tudo bem. Mas não ache tão estranho se alguns de seus amigos não curtirem tanto quanto você essa fase tão adorável dos seus filhotes. Crianças são difíceis mesmo, é preciso muita paciência pra aguentar o que elas frequentemente aprontam.

Mas as crianças crescem, e um dia querem trazer a namorada pra dormir em casa. Dinheiro para o Motel só se você der. Então, o que fazer? Claro, a gente compreende a situação, mas francamente, ter que cruzar no corredor com a gatona despenteada de camiseta e escova de dente na mão talvez perguntando:

– “Tia, dá pra me emprestar uma escova de cabelo?”

Ok, dá. Mas e se você tem três filhos? Vão ser três gatonas? Acho que eu liberaria a casa nos fins de semana e iria dormir no sofá da casa da minha mãe, de um amigo, no banco da praia, deixando a garotada à vontade. Eles e eu numa boa. Mas só ate domingo às dezenove horas, nem um minuto a mais!

Mesmo os filhos mais modernos costumam ser caretésemos em relação as suas próprias mães. Portanto, vá anotando, na frente dos filhos: mãe não namora, não toma mais de um drink, não fala que acha o Jeff Bridge um tesão. Perdão! Mãe não pronuncia essa palavra! Nem sabe o que quer dizer. Não usa mini-saia, não pode adorar Madona, só pode gostar de Roberto Carlos, Julio Iglesias. Eles te amam, mas essas preferências sempre incomodam.

Nem amigos comuns se deve ter por precaução. Portanto, quando o destino colocar vocês na mesma festa, pareça o que eles querem que você seja, anule-se. Tenha pouca, pouquíssima personalidade. Faça o tipo distinto e alegre, se possível, use uma peruca grisalha. Seja discreta e assexuada, tenha poucas opiniões, se enturme com os mais velhos e trate os mais jovens como se fosse assim uma tia simpaticona, nada mais. Ria das historias deles e não conte nenhuma sua.

Mãe não tem passado. Só fale de receitas, crianças, se ofereça pra levar um vestido na costureira pra consertar, tenha bons endereços pra fornecer. Dicas de cozinha, conte como era o mundo do seu tempo, seus filhos vão adorar e depois dessa festa, vá correndo tomar um whisky duplo no bar do Bonju pra não ter um enfarte.

Em compensação, na frente dos netos, faça tudo que não deve e muito mais! Netos costumam adorar avós, digamos, fora dos padrões. É que eles sabem que vão poder contar com elas como fortes aliadas nas crises de caretice dos pais.

Cruel? Não… apenas verdade.

E mais: isso é que faz o equilíbrio da vida!

By Pedro Bial.

O professor

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Professores 2

A tabuada não basta. Como não bastam funções hiperbólicas, variáveis complexas, orações subordinadas. Não bastam Euclides e sua geometria, não bastam as teorias. O professor deve ensinar ao aluno a arte de viver com dignidade, com amor, com liberdade.

Não basta falar das guerras, das batalhas, das conquistas – tem que ensinar o aluno a conquistar primeiro a si próprio. Ensinar-lhe medir distâncias é pouco – é necessário vencê-las. Não basta saber o nome dos rios, temos que fluir. Equações algébricas não resolvem tudo, antes é preciso resolver-se. Em vez das mentiras históricas, o professor deve ensinar as verdades, e o melhor modo de encontrá-las.

Não basta falar de política, o professor tem que ser democrata. Deve olhar nos olhos do aluno e dizer-lhe como a vida é. Aumentar-lhe a coragem de crescer. Ensinar-lhe a lógica das emoções e o amor pelo raciocínio.

O professor transmite sabedoria, incentiva o bom senso e o bom gosto. Mergulha fundo no oceano de dúvidas que o aluno tem no coração, e traz o tesouro pulsante lá submerso. Educa, orienta, aviva a chama na consciência de cada. Ao polir a pedra bruta, consegue intenso brilhante.

Bom professor é aquele que não exige, não cobra – obtém. Não corrige – mostra o porquê. Não hesita quando avalia, não constrange quando examina. E nunca faz da nota uma espada.

O bom professor não só ensina, compreende. Não levanta a voz, amplifica o verbo, convence. É sério – mas ri da própria seriedade. Fala do êxtase, da alegria e da profunda emoção que explode no seu peito quando ensina, como pétalas no riso de quem ama.

O professor mostra ao aluno a diferença entre o silogismo e a serpente. Ensina-o a extrair raiz quadrada com poesia. Demonstra como ser ousado sem ser burro. Jamais abusa da confiança do aluno, não lhe invade o espaço, não procura condicioná-lo. Não cria relações de dependência, nem exerce dominação sádica sobre ele. Infunde-lhe o respeito absoluto pela vida. Prefere o aluno criativo ao bem-comportado. Nunca o explora, é só o conquistador de um novo mundo, que leva o aluno a ver mais – mais alto e mais longe.

Não levanta paredes em torno do aluno, e sim, derruba aquelas que houver. Abre-lhe as portas da vida, com veemência. Não o repreende, não o censura, não o recrimina. Mostra ao aluno a importância da inteligência na determinação do seu futuro. O velho dilema entre a caneta e a vassoura…

Como Sócrates, o bom professor não vê glórias no que sabe, não esconde o que conhece, nem oculta o que possa não saber. Brinca, tem confiança em si, e não faz da escola uma cela.

Moderno, convence o aluno a saltar os muros da tradição, porque a aventura está sempre do outro lado. Lógico, respeita aquele que aprendeu a questionar. Não o sufoca com preconceitos nem com juízos de valor. Nem lhe causa medo algum. Transmite confiança, pega na mão, aplaude, incentiva, suporta, conduz, ampara na travessia.

Não é hipócrita, faz o que diz e diz o que pensa. É um farol que não vela o que descobre. Mostra um caminho. E não apenas mostra – demonstra, comprova, define.

Aranha em teia de luz, o professor não prende – liberta. Carrega o giz como fosse uma flor, com amor. E quando faz a linha tem firmeza, mas não separa. Ora Dali, ora Picasso, vai colocando a tinta, pondo seu traço, amando seu gesto, compondo a canção. Enaltece o risco do sonho, o círculo do fogo, a pureza da alma, o princípio da vida, o anel da esperança.

Considera o aluno obra de arte quase inacabada. Ama-o como se fosse um anjo. E nunca vai matar-lhe no peito a vontade de ser livre.

O professor é o amigo sincero que ajuda o aluno a superar os limites da vida, desbravando com determinação e ousadia essa fantástica região chamada Experiência.

Enfim – o professor é o Mestre.

By Edson Marques, no livro “Solidão a mil”.

Como você tem vivido?

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Tempo acabando

Era o seu último dia de vida, mas ele ainda não sabia disso…

Naquela manhã, sentiu vontade de dormir mais um pouco. Estava cansado porque na noite anterior fora se deitar muito tarde. Também não havia dormido bem. Tinha sido um sono agitado.

Mas logo abandonou a ideia de ficar um pouco mais na cama e se levantou, pensando na montanha de coisas que precisava fazer na empresa.

Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente.

Não prestou a atenção no rosto cansado, nem nas olheiras escuras, resultado de noites mal dormidas. Nem sequer percebeu um aglomerado de pelos teimosos que escaparam do aparelho de barbear.

“A vida é uma sequência de dias vazios que precisamos preencher”, pensou enquanto jogava a roupa por cima do corpo.

Elogiou o café e saiu resmungando baixinho um “bom dia”, sem convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não notou que os olhos dela guardavam a doçura da mulher apaixonada, mesmo depois de tantos anos de casamento. Não entendia porque ela se queixava tanto da ausência dele e vivia reivindicando mais tempo para ficarem juntos. Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?

Claro que ele não teve tempo de esquentar o carro, nem sorrir quando o cachorro, alegre, abanou o rabo. Deu a partida e acelerou. Ligou o rádio, que tocava uma antiga canção de Roberto Carlos… “Detalhes tão pequenos de nós dois… “

Pensou que não tinha mais tempo de curtir detalhes tão pequenos da vida. Anos atrás, gostava de assistir o programa de Roberto Carlos nas tardes de domingo. Mas isso fazia parte de outra época, quando podia se divertir mais.

Pegou o celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar.

Mas não podia, naquele dia, dar-se ao luxo de sair da empresa. Agradeceu o convite, mas respondeu que seria impossível. Quem sabe no próximo final de semana? Ela insistiu, disse que sentia muita saudade e que gostaria de estar com ele na hora do almoço. Mas ele foi irredutível: realmente era impossível.

Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava totalmente lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoa de valor não desperdiça seu tempo com conversa fiada.

No que seria a sua hora de almoço, pediu para secretária trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando…

Enquanto relacionava os telefonemas que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up. Mas, ele logo concluiu que era um mal estar passageiro, que seria resolvido com um café forte sem açúcar.

Terminado o “almoço”, escovou os dentes e voltou à sua mesa. “A vida continuava”, pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir. Nem tudo saía como ele queria. Pegou o telefone e começou a gritar com o gerente, exigindo que este cumprisse o prometido. Afinal, ele estava sendo pressionado pela diretoria. Tinha que mostrar resultado. Será que o gerente não conseguia entender isso?

Saiu para a reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando de dois em dois degraus. Parecia que a garagem estava a quilômetros de distância, encravada no miolo da terra, e não no subsolo do prédio.

Entrou no carro, deu a partida e, quando ia engatar a primeira marcha, sentiu de novo um mal estar. Agora havia uma dor forte no peito. O ar começou a faltar, a dor foi aumentando, o carro desapareceu e os outros carros também…

Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo em que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem. Era como se o dvd-player estivesse rodando em câmera lenta. Quadro a quadro, ele via a esposa, o netinho, a filha e, umas após outras, todas as pessoas que mais gostava…

Porque mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto?

O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã?

Por que não foi pescar com os amigos no último feriado?

A dor do peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a dor do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte: a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.

Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração e, de seus olhos, escorrerem lágrimas silenciosas. Queria viver, ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto…

Queria… queria… mas, não havia mais tempo…

Reflita: como você tem vivido ultimamente?

Desconheço a autoria.

Evitando problemas e conflitos

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Barco no ancoradouro

Existem meios simples de evitar qualquer tipo de conflito.

Há meios de evitar problemas. Basta não fazer nada.
Há meios de evitar trabalho. Basta não se comprometer.
Há meios de evitar dúvidas. Basta não procurar opções.
Há meios de evitar lágrimas. Basta não correr nenhum risco.
Mas, tudo isso funciona como um bumerangue.

Sim, podemos evitar os problemas, simplesmente não fazendo nada. Mas ao não fazer nada para evitar problemas, você apenas empurra os pequenos desafios para frente, e depois vai reencontrá-los muito maiores, como uma bola de neve que cresce até tornar-se uma avalanche. É muito melhor resolver os problemas agora, enquanto são menores…

Sim, podemos evitar trabalho, simplesmente evitando nosso comprometimento. Mas ao não comprometer-se para evitar trabalho, você apenas permite que as pequenas rachaduras que surgem nas paredes da sua vida se transformem em buracos enormes, que exigirão muito mais trabalho quando a parede ameaçar cair. É muito melhor comprometer-se agora com o trabalho enquanto é mais simples de executar…

Sim, podemos evitar as dúvidas, simplesmente fugindo das opções. Mas ao fugir das opções você apenas tornará sua vida uma sinfonia de uma nota só, sem possibilidades de novos caminhos, e tudo será sempre igual e raramente melhor. Até que você terá que aceitar qualquer opção, por ter sempre evitado as dúvidas. É muito melhor ter dúvidas agora e agir sobre elas, do que tentar encontrar opções que talvez não existam quando o tempo acabar…

Sim, podemos evitar as lágrimas, simplesmente não correndo risco algum. Mas arriscar-se é parte do que nos torna humanos. Se você jamais correr risco algum, poderá ir evitando as lágrimas por algum tempo, mas quando elas vierem, virão ainda mais fortes, não pelo que você fez, mas pelo que nunca terá outra chance de fazer. É muito melhor arriscar-se e passar pelas dores dos erros agora, enquanto você pode pegar outro caminho e começar uma viagem completamente nova, do que resolver arriscar-se aos noventa e nove anos, quando o menor dos erros pode ser o último.

Aceite os desafios e problemas fazendo o que tem que ser feito, pois eles tornarão sua vida repleta de sucessos. Aceite o trabalho e comprometa-se, pois o compromisso dará direção aos seus dias. Aceite as dúvidas e as opções que elas trazem, pois elas permitirão que você escolha caminhos inesperados e únicos.Aceite os riscos e as lágrimas, pois eles trarão os sorrisos e a alegria, que apenas uma vida verdadeira pode trazer.

Lembre-se da frase de William Shedd:

“Um barco, no ancoradouro, está seguro. Mas não é para isso que os barcos são feitos.”

By Aldo Novak.

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