Arquivo para Monotonia

A gaiola

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 13/01/2014 by Joe

A gaiola

Dentro de uma gaiola vivia um passarinho que tinha uma vida muito segura e tranquila. Era uma vida um pouco chata, sem muitas novidades, é verdade, mas a monotonia é o preço que se deve pagar pela segurança.

Nos limites de uma gaiola, os sonhos aparecem, mas logo morrem por não haver espaço para baterem asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode.

Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para o outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Do seu pequeno espaço, ele olhava os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os beija-flores, com seu mágico bater de asas; as rolinhas, arrulhando, fazendo amor; as pombas, voando como flechas. Ah! Ele queria ser como os outros pássaros, livres. Ah! Se aquela porta se abrisse…

Pois não é que, para sua surpresa, naquele dia o seu dono a esqueceu aberta? Agora ele poderia realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Ele saiu e voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo e pensou: “Puxa! Como é alto! O chão da gaiola fica bem mais perto”. Sentiu um pouco de tontura. Teve medo de cair, e agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu outra árvore mais distante, teve vontade de ir até lá, mas não estava seguro de que suas asas aguentariam, e agarrou-se ao galho mais firmemente ainda.

– “Ei, você!” – era uma passarinha – “Vamos voar juntos até aquela pimenteira? Ela está carregadinha de pimentas vermelhas e deliciosas. É preciso apenas prestar atenção no gato, que anda por lá!”

Ele ficou todo arrepiado só de ouvir o nome “gato”, e disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha, então, procurou outro companheiro, já que ele decidiu continuar com fome.

Chegou o fim da tarde e a noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele.

Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção? Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? Tinha também que pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Ele nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Teve saudades da gaiola… e voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta. Em seguida chegou o dono e, percebendo a porta aberta, imediatamente a fechou e disse: “Passarinho bobo! Passarinho de verdade gosta mesmo é de voar!”.

Mas o passarinho preferiu voltar para sua “vidinha” tranquila e segura!

Assim são as pessoas … Têm medo de voar, de experimentar o mundo, de alçar voos mais altos e ilimitados. Vivem uma vida inteira dentro da “segurança” de suas gaiolas mentais, chatas, sem novidades, e infelizes! (Joemir Rosa).

By Rubem Alves.

Inauguração

Posted in Astral with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27/04/2012 by Joe

Você já participou de alguma inauguração? Já reparou como tudo é bonito, festivo, em dia de inauguração? As pessoas usam as suas melhores roupas e seus melhores perfumes. Os sorrisos estão por toda parte.

E todos os detalhes são minuciosamente cuidados. As cores das flores devem combinar com o restante da decoração, a música não pode estar tão alta que perturbe o ambiente. O cafezinho tem um sabor especial. A recepção é impecável. Enfim, tudo é maravilhoso em dia de inauguração.

A mercadoria se apresenta nos balcões, nas vitrines, nas mesas, harmoniosamente disposta. Um atrativo para os olhos.

Entretanto, no dia seguinte, o mesmo local, as mesmas pessoas, a mesma mercadoria não tem o mesmo encanto.

À medida que os dias se escoam, os funcionários vão se mostrando cansados e já não atendem tão bem a clientela.

O cafezinho nem sempre está gostoso. As flores não são trocadas com regularidade e apresentam a tristeza amarelada do ambiente em que se encontram. Parece que tudo vai assumindo um ar de mesmice…

Assim é na nossa vida, muitas vezes. Chega um momento em que nos permitimos cair na monotonia e nos esquecemos da grandeza da vida que vivemos e da riqueza de tudo que nos cerca.

Erguemo-nos pela manhã, trabalhamos, estudamos, nos alimentamos, quase que mecanicamente.

É certo que a vida não é uma eterna festa, mas não pode ser simplesmente um amontoado de dias que se sucedem.

Importante seria que pensássemos em nossa vida em termos de uma constante inauguração. Ter, a cada despertar, algo novo em mente. Um projeto diferente.

Criar situações que nos revigorem as disposições para a alegria. Lembrar de detalhes: mandar flores para alguém, mesmo que não seja dia de aniversário. Pode-se criar o dia de mandar flores.

Escrever um bilhete de agradecimento. Mesmo que seja só para agradecer somente o fato de ter alguém por amigo, irmão. Fazer uma visita inesperada. Enriquecer nossas amizades com contatos frequentes e cordiais.

Promover um encontro com os vizinhos. Colecionar frases positivas. Recomeçar estudos interrompidos. Iniciar outras etapas de aprendizado.

Não desistir nunca de aprender. Criar novas ideias. Fazer uma meditação diária sobre os objetivos da vida.

E não esquecer nunca de que para ser dia de inauguração tem que se estar feliz, ter esperança no futuro, sentir que está se fazendo algo novo e desafiador.

Em síntese: dar sentido à própria vida!

Inauguremos nossa vida a cada dia, todos os dias.

Desconheço a autoria.

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