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Sexualidade sem culpa

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Sexualidade sem culpa

Quando tratamos de sexualidade, todo cuidado é pouco, pois a delicadeza do tema exige isso.

Trabalho com o ser humano e, por isso mesmo, abstraio-me de ter qualquer tipo de preconceito contra qualquer tipo de raça, religião e, principalmente, orientação sexual. Talvez por isso meus clientes se sintam tão à vontade de me contarem seus “piores” dilemas.

Não raro, recebo em meu consultório pessoas cujo desafio de vida é a própria sexualidade e suas vastas opções. Escuto-as dizer assim:

– “Você sabe que estou há anos na terapia e minha psicóloga ainda não tinha pensado nisso?”

Vejo-as sofrendo e insatisfeitas com a opção alternativa que fizeram, às vezes acanhadas, às vezes ansiosas, às vezes confusas, às vezes perdidas. Mas todas elas procurando por respostas que não a confinem a um lugar comum ou a rotulem disso ou daquilo, ou destilem teorias mirabolantes para explicar que, no final das contas, não há nada de errado com elas.

Porque rótulos é o que não falta: gay, lésbica, travesti, transexual, bissexual, homossexual, simpatizante, heterossexual, etc… Mas antes de serem algo que as rotulem como tal, são seres humanos com um desafio de vida, que é entenderem a si próprias através de sua orientação sexual.

Parto do princípio que sexo não é pecado, e nem com pessoas do mesmo sexo, ainda que a droga de meu DNA carimbado com a persuasão milenar da igreja grite no meu ouvido “É sim!”. “É sujo!”. “É errado!”.

Ainda bem que essa briga cessa completamente quando trato de deixar minha intuição fluir e falar o que meu coração quer dizer para cada pessoa que está ali para ouvir a si mesma; cada caso é um caso, não há receita de bolo. Mas a partir do momento em que não nos sentimos completos em relação às nossas escolhas, sejam elas quais forem, então é porque há um desafio a ser superado, a ser integrado e compreendido no nível da alma. Devemos sempre encarar os desafios como presentes que são adicionados como uma ferramenta da alma à medida em que são assimilados.

Mas a verdade é que o desafio no nível sexual não é pior ou melhor do que nenhum outro; é encarado com preconceito por muitos porque mexe com o que há de mais profundo, mais inconsciente em nós, movimenta nossas próprias inadequações que surgem a partir da mais tenra infância. E, claro, isso se reflete na forma como damos e recebemos afeto, não só em relação aos outros, mas em relação a nós mesmos.

Quem não quer se sentir completo com o par que mais lhe faça se sentir bem, independentemente se é uma pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo? Quem não quer se amar e se aceitar porque teve coragem de ser responsável pelas próprias preferências? O que seria melhor para a alma: realizar-se como ser humano em todos os aspectos ou seguir regras impostas externamente por religiões ou quem quer que seja e viver frustrado e se auto-sabotando pelo resto da vida?

Sob o ponto de vista de Deus, vamos lá, que é Misericórdia pura e Amor puro, será que Ele quer que soframos, nos torturando por algo que faz parte da natureza e da vicissitude humana? Sim, porque a culpa nada mais é do que uma forma de autopunição; e aprendemos que Deus faz isso quando fazemos a “coisa errada”. Mas para quem ainda acredita nisso, eu digo: “Deus não pune ninguém” (como haveria de ser se Deus é Amor???). Nós nos punimos! E isso nada tem de saudável, não.

Se observarmos que atualmente milhões de pessoas no mundo estão podendo sair de um estado de mentira e negação de si mesmas em sua sexualidade (com medo de serem hostilizadas e renegadas e rejeitadas) para um estado em que a liberdade do “ser quem se é” pode ser reconhecida como algo saudável, sustentável e louvável, isso pode nos dar a exata noção de que isto é um avanço e não um retrocesso.

Pensemos que efeito poderoso isso tem no inconsciente coletivo de, no mínimo, uma melhora no relacionamento entre os seres humanos. Isso nos faz repensar nossos “pré-conceitos” e atitudes em relação àqueles que optaram (por razões extremamente complexas em sua história de vida, imagino) por algo diferente do que o convencionado pela sociedade. E neste barco pegam carona também as questões raciais e de crença (essa última que vem avançando desde o fim da Inquisição, minha bruxa interior quer acreditar…).

A expressão da sexualidade é o que temos de mais poderoso dentro de nós; não há diferença entre energia sexual e energia criativa, por exemplo, já que tudo é energia. Sentir-se à vontade dentro do próprio corpo, o Templo da Alma, é o início e o fim de uma autoexpressão mais íntegra, honesta e verdadeira de si mesmo.

A mente pode viajar entre o passado, o presente e o futuro; o corpo é o que nos coloca no aqui e agora, no momento presente, com a consciência focada. Uma expressão sexual sem culpa (ainda que para muitos isso possa ser imoral ou mesmo amoral) é preferível do que o confinamento do ser que pode levar à depressão e a todos os sentimentos de inadequação e suas consequências psicológicas mórbidas, incluindo a perversão.

Sem querer colocar toda a culpa na Igreja – instituição que respeito bastante -, a verdade é que ela nos impôs a crença na desvalorização do que é um dos atributos mais importantes do ser humano: seu corpo físico. Sem ele, como estaríamos encarnados? Cuidemos bem dele e sejamos generosos com suas necessidades. Lembrando de que na medida em que a Consciência avança, suas demandas são sublimadas e sutilizadas automaticamente. Um passo de cada vez, mas sem culpa.

Ah, sim, e em relação à minha própria opção sexual? Sem rótulos, por favor. Digam isto pra si mesmos e sintam o quão libertadora é essa sensação!

Daniele Alvim, terapeuta e escritora.

Basta de hipocrisia!!!

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 10/03/2010 by Joe

Recebi há alguns dias um e-mail com uma crítica  sobre o programa BBB 10 e com algumas concordâncias por parte das pessoas que também receberam e encaminharam.

Na crítica, o autor – não identificado – tece uma série de comentários dizendo que chegamos ao fundo do poço com a edição de nº 10 do referido programa. Diz que aquilo é “um verdadeiro zoológico humano, com a fauna composta por um judeu tarado, um gay afeminado, uma dentista gostosa, um negro com suingue, uma nerd tímida, uma gostosa com bundão, uma ‘não sou piranha, mas não sou santa’, um modelo Mr. Maringá, uma nordestina sorridente, uma lésbica convicta, uma DJ intelectual, um carioca marrento, um maquiador drag-queen e uma PM que gosta de apanhar!

Depois faz uma crítica mais pesada ao jornalista Pedro Bial, dizendo que ele não deveria se submeter à apresentação de um programa desse nível! E que “esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade“.

E por aí adiante, sempre citando muitos detalhes do programa, mostrando um conhecimento profundo, que somente os que o acompanham diariamente podem ter.

Não sou fã de carteirinha do BBB e nem morro de amores pela Rede Globo. E muito menos tenho procuração para defender qualquer um dos dois! Porém, fico muito irritado quando leio alguma crítica a um veículo de comunicação no sentido de querer ditar regras ou, pior ainda, no sentido de querer censurar a veiculação de um programa, texto ou seja lá o que for.

Quem viveu os anos de chumbo que imperaram por quase 30 anos em nosso país sabe o quanto foi dolorido esse período de trevas, onde tudo era censurado, onde as artes não podiam ser veiculadas pois tudo era uma “ameaça ao sistema”!

Hoje, que recobramos parte da liberdade de imprensa, ainda me assusto quando um indivíduo – covarde, por nem assinar o que redige – vem à público exigindo a volta da censura! Claro que não estou classificando o BBB como uma manifestação de arte, mas também  não sou hipócrita como a pessoa que redigiu o tal texto, mostrando conhecer todos os detalhes do programa, o que demonstra que ela assiste atentamente.

Em outro trecho o autor do texto diz: “o BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir este programa ao lado dos filhos”. Óbvio que não é um programa indicado para se ver ao lado dos filhos! Para isso o programa apresenta, antes do seu início, a classificação etária, avisando que é impróprio para menores de tal idade. Cabe aos pais tirar os filhos da frente da TV ou mudar de canal. Aliás, TODOS os programas da TV brasileira apresentam essa indicação. Basta saber ler para ver na telinha antes do início de qualquer programa!

E, caso não tenha percebido, ele tem a mais democrática ferramenta de censura em suas mãos: o controle remoto! Ele não é obrigado a assistir o BBB, nem outros programas de baixo nível que são apresentandos na nossa TV, diariamente. E também não precisa que alguém (na maioria das vezes, tão desqualificado quanto ele mesmo) faça isso por nós!

Achar que o programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade, também me parece uma hipocrisia e, me perdoem o termo, uma idiotice que não tem tamanho! Pergunto ao caro autor se ele busca a cultura, a moral, a ética e a dignidade na televisão!! Cultura você busca em livros, em cursos, em teatro (existem ótimas peças em cartaz), em escolas e universidades (experimente cursar uma).

Então, querer censurar a TV, ou qualquer outro veículo de comunicação, é uma atitude tão infeliz que só os pobres de espírito são capazes de ter! Além de ser muito perigosa essa manifestação, pois já vivemos anos negros em nossa história, como já citei antes.

Já vivemos num mundo em que a informação nos chega deturpada, distorcida pelos donos do poder, pelas segundas intenções das indústrias que ditam moda e ainda tem gente querendo estreitar mais os canais de informação!

Eu acho uma imbecilidade tão grande (e me perdoem novamente pela bronca) essa coisa das pessoas ficarem esperando que o governo faça tudo na vida delas. A gente cansa de ouvir o tempo todo as pessoas dizerem que é um absurdo o governo não fazer isso, não fazer aquilo, não proibir isto, não permitir aquilo … e o que as pessoas fazem pra melhorar a vidas delas? Jogam lixo pelo chão da cidade e reclamam que o prefeito não limpa a cidade e depois choram quando as enchentes cobrem suas casas de água e outros detritos; não desempenham o seu melhor no trabalho e reclamam que o patrão paga mal; reclamam dos mensalões, do dinheiro nas cuecas de políticos, mas continuam votando nos mesmos em todas as eleições; em vez de procurarem melhorar sua vida profissional e pessoal procurando estudar, fazer um curso de especialização, ficam vendo programas de baixíssimo nível na TV!

Outro detalhe: por que será que as pessoas não escrevem e-mails criticando a violência que cambeia solta em programas e noticiários de televisão? Por que será que a sexualidade incomoda tanto essa gente? Minha opinião? Hipocrisia pura! O brasileiro tem essa mania de criticar (e até tentar derrubar) as pessoas que alcançam aquilo que ele, cidadão verde-amarelo, não alcança… para ele as uvas estão sempre verdes!

Acho que está mais do que na hora das pessoas pararem com tanta hipocrisia e assumirem suas responsabilidades em todos os aspectos!!!

Assumam, isso sim, seus papéis de pais, orientando seus filhos, estabelecendo limites, horários, dizendo “não” e explicando o porquê das negativas! Assumam para si a responsabilidade de criarem filhos melhores para o nosso planeta! Só assim seremos um nação de cidadãos de verdade e não marionetes nas mãos dos que só querem se aproveitar da passividade do nosso povo!

Basta de hipocrisia!!!!

By Joe.

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