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Julgamentos precipitados

Posted in Comportamento with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 27/08/2015 by Joe

Julgamentos precipitados

Quantas vezes, ao sabermos de um fato, ao termos conhecimento de alguma atitude tomada por alguma pessoa conhecida, apressamo-nos em condená-la, muitas vezes sem sequer lhe dar o direito de se defender?

Achamos a atitude errada e pronto! Está feito o julgamento! Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Muitas vezes, à luz de novos fatos, descobrimos que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio assim como estava sendo pintado.

Nem sempre reconhecemos nosso erro e – pior! – nem sempre procuramos consertar o dano causado. É meio desagradável o “voltar atrás”. Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Conheço, já há algum tempo, um pensamento muito interessante. Ele é atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, os Navajos são uma nação indígena que habitava livremente o território da América do Norte e que hoje estão confinados em uma pequena reserva indígena nos Estados Unidos. Mas, questões indígenas à parte, vejam que sábio pensamento:

“Senhor, não me deixe julgar um homem sem que eu tenha andado durante duas luas com suas sandálias” (prece de um índio navajo).

Quanta sabedoria encerrada em poucas palavras! Que ótima lição para muita gente que se apressa em condenar, sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando e, muitas vezes, condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver se agiríamos de maneira diferente.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar im dedo para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas prestem atenção: ao apontar um dedo para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito…

Futuramente, antes de condenar alguém, “use suas sandálias”. Pondere e analise bem qual seria sua atitude com “suas sandálias” nos pés.

Nunca se esqueça que cada caso é um caso e certas atitudes, aparentemente inexplicáveis, têm sua razão de ser.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno), tivermos criticado, condenado, e por vezes, insultado alguém – e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim e esse alguém não merecia o que dissemos – é importante enfiar sua violinha no saco e um pedido de desculpas é absolutamente indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso, desculpar-se pela besteira cometida. Não conserta as coisas, mas ameniza os efeitos, e desarma possíveis reações.

O ideal é procurar sempre viver mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades.

Nunca esqueçam que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós! Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas, se surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.

By Marcial Salaverry.

Sem marcas no coração

Posted in Saúde with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 03/05/2012 by Joe

Você já sentiu, alguma vez, a dor causada por uma pancada na quina da mesa, da cama, ou de outro móvel qualquer? Sim, aquela pancada que quase nos faz perder os sentidos, e deixa um hematoma no corpo.

Em princípio surge uma marca avermelhada, depois arroxeada, e vai mudando de cor até desaparecer por completo. Geralmente o local fica dolorido, e sempre que o tocamos sentimos certo desconforto. A marca permanece por um tempo mais ou menos longo, conforme o organismo.

Agora imagine se, por distração, você bate novamente no mesmo lugar do hematoma. A dor é ainda maior e a cor se intensifica. Se isso se repetisse por inúmeras vezes, o problema poderia se agravar a tal ponto que a lesão se converteria num problema mais grave.

Com a mágoa acontece algo semelhante, com a diferença de que a marca é feita no coração e é causada por uma lesão afetiva. Num primeiro momento a marca é superficial, mas poderá se aprofundar mais e mais, caso haja ressentimento prolongado.

Ressentir quer dizer sentir outra vez e tornar a sentir muitas e muitas vezes. É por isso que o ressentimento vai aprofundando a marca deixada no coração.

Como acontece com as lesões sofridas no corpo, repetidas vezes no mesmo lugar, também o ressentimento pode causar sérios problemas a quem se permite o ressentir continuado.

Se um hematoma durasse meses ou anos em nosso corpo, a possibilidade de se transformar em câncer seria grande. Isso também acontece com a mágoa agasalhada na alma por muito tempo.

Cada vez que nos lembramos do que motivou a mácula no coração, e nos permitimos sentir outra vez o estilete na alma, a mágoa vai se aprofundando mais e mais. Além da possibilidade de causar tumores, gera outros distúrbios nas emoções de quem a guarda no coração.

Por todas essas razões, vale a pena refletir sobre esse mal que tem feito muitas vítimas. Semelhante a um corrosivo, a mágoa vai minando a alegria, o entusiasmo, a esperança, e a amargura se instala. Silenciosa, ela compromete a saúde de quem a mantém e fomenta ódio, rancor, inimizade, antipatias.

Muitas vezes a mágoa se disfarça de amor-próprio para que seu portador consinta que ela permaneça em sua intimidade. E com o passar do tempo ela se converte num algoz terrível, mostrando-se mais poderosa do que a vontade de seu portador para eliminá-la.

De maneira, muitas vezes, imperceptível, a mágoa guardada vai se manifestando numa vingançazinha aqui, numa traiçãozinha ali, numa crueldade acolá. E de queda em queda a pessoa magoada vai descendo até o fundo do poço, sem medir as consequências de seus atos.

Para evitar que isso aconteça conosco é preciso tomar alguns cuidados básicos:

O primeiro deles é proteger o campo das emoções, fortalecendo as fibras dos nobres sentimentos, não permitindo que a mágoa o penetre.

O segundo é tratar imediatamente a ferida antes que se torne mais profunda, caso a mágoa aconteça.

O terceiro é drenar, com o arado da razão, o lodo do melindre, que é terreno propício para a instalação da mágoa.

É importante tratar essa suscetibilidade à flor da pele, que nos deixa extremamente vulneráveis a essas marcas indesejáveis em nosso coração, tornando-nos pessoas amargas e infelizes.

Agasalhar ódio, mágoa ou rancor no coração, é o mesmo que beber veneno com a intenção de matar o nosso agressor.

Pense nisso e não permita que esses tóxicos se instalem em seu coração.

Desconheço a autoria.

Julgamentos precipitados

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , on 12/01/2012 by Joe

Quantas vezes, ao sabermos de um fato, ao termos conhecimento de alguma atitude tomada por alguma pessoa conhecida, apressamo-nos em condená-la, muitas vezes sem sequer lhe dar o direito de se defender?

Achamos a atitude errada e pronto! Está feito o julgamento! Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Muitas vezes, à luz de novos fatos, descobrimos que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio assim como estava sendo pintado.

Nem sempre reconhecemos nosso erro e – pior! – nem sempre procuramos consertar o dano causado. É meio desagradável o “voltar atrás”. Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Conheço, já há algum tempo, um pensamento muito interessante. Ele é atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, os Navajos são uma nação indígena que habitava livremente o território da América do Norte e que hoje estão confinados em uma pequena reserva indígena nos Estados Unidos. Mas, questões indígenas à parte, vejam que sábio pensamento:

“Senhor, não me deixe julgar um homem sem que eu tenha andado durante duas luas com suas sandálias” (prece de um índio navajo).

Quanta sabedoria encerrada em poucas palavras!

Que ótima lição para muita gente que se apressa em condenar, sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando e, muitas vezes, condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver se agiríamos de maneira diferente.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas prestem atenção: ao apontar para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito…

Futuramente, antes de condenar alguém, “use suas sandálias”. Pondere e analise bem qual seria sua atitude com “suas sandálias” nos pés.

Nunca se esqueça que cada caso é um caso e certas atitudes, aparentemente inexplicáveis, têm sua razão de ser.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno), tivermos criticado, condenado, e por vezes, insultado alguém – e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim e esse alguém não merecia o que dissemos – é importante enfiar sua violinha no saco e um pedido de desculpas é absolutamente indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso, desculpar-se pela besteira cometida. Não conserta as coisas, mas ameniza os efeitos, e desarma possíveis reações.

O ideal é procurar sempre viver mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades.

Nunca esqueçam que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós…

Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas, se surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.

By Marcial Salaverry.

A quem se machuca

Posted in Relacionamentos with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 22/11/2011 by Joe

Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas. Há duas situações inimigas dentro do amor: pertinho e uma de costas para a outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.

Quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo, cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que  poderia ter funcionado.

Ambas as situações convivem em quem ama. Porque “viver bem” não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do descerto. “Viver mal” não é, necessariamente, dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.

Composto também de partes inimigas, o amor se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Só vive do imperfeito de cada confronto. Só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário, não seria; simplemente deixaria de ser.

Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas, porque, se elas se virarem, encontrar-se-ão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância, e só por isso se entendem.

O medo de amar é o medo de estar perto demais (ainda que de costas), o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.

A coragem de amar equivale à coragem de ser: é fazer dois inimigos, de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir o hálito, olhos, medo, força, ternura, muita raiva e muito carinho e aceitar tudo, por isso amar.

A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradita. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.

O medo de quem ama é o medo da relação profunda, porque nela está a entrega que não rompe, apesar das  tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de frente a relação profunda. Esta contém o que não se destrói, apesar das diferenças.

Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.

Quem se relacionar ao nível da armadura será feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Quem preferir o nível profundo de relacionamento talvez seja até infeliz. Mas amará. A infelicidade pode fazer virar as costas para o inimigo, separar-se dele. Mesmo assim não será maior que o amor advinhado e sentido, se a relação é profunda.

Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai advinhar, e tu também, o amor está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez detestes e sejas detestado.

Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. Um ultrapassa a inimizade que vive junta. Outro vive a amizade fácil, mas que se se aproximar pode não ser amor. Por isso era tão fácil sentir!

Amar é apesar. É através. É a despeito, mas é com. Amar, às vezes, é contra, mas perto e fundo. Mesmo de  costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro.

Amar fundo é ter medo de virar de frente. Porque aí pode surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. É a entrega. Que é, no fundo, o que mais teme quem ama.

By Artur da Távola.

Julgamentos precipitados

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , on 09/04/2010 by Joe

Quantas vezes, ao sabermos de um fato, ao termos conhecimento de alguma atitude tomada por alguma pessoa conhecida, apressamo-nos em condená-la, muitas vezes sem sequer lhe dar o direito de se defender?

Achamos a atitude errada e pronto! Está feito o julgamento! Afinal, o que ela fez é imperdoável (na nossa opinião). Não paramos para pensar o que poderia tê-la levado a tomar essa atitude.

Muitas vezes, à luz de novos fatos, descobrimos que fomos muito apressados em nosso julgamento, e que o bicho não era tão feio assim como estava sendo pintado.

Nem sempre reconhecemos nosso erro e, pior, nem sempre procuramos consertar o dano causado. É meio desagradável o “voltar atrás”. Muita gente desconhece o que seja um pedido de desculpas.

Conheço, já há algum tempo, um pensamento muito interessante. Ele é atribuído aos índios Navajos. Se alguém por acaso não sabe, os Navajos são uma nação indígena que habitava livremente o território da América do Norte e que hoje estão confinados em uma pequena reserva indígena nos Estados Unidos. Mas, questões indígenas à parte, vejam que sábio pensamento:

“Senhor, não me deixe julgar um homem sem que eu tenha andado durante duas luas com suas sandálias” (prece de um índio navajo).

Quanta sabedoria encerrada em poucas palavras!

Que ótima lição para muita gente que se apressa em condenar sem se aprofundar nos fatos, sem analisar direito a questão.

Com essas palavras, nosso irmão Navajo simplesmente sugere que nos ponhamos no lugar da pessoa que estamos julgando e, muitas vezes, condenando. Assim, colocando-nos em seu lugar, poderemos julgar melhor, pois poderemos ver se agiríamos de maneira diferente.

Efetivamente, é muito fácil condenar. É muito fácil apontar-se para alguém, acusando-o disto ou daquilo. Mas prestem atenção: ao apontar para alguém, condenando, outros três dedos apontam para seu peito …

Futuramente, antes de condenar alguém, “use suas sandálias”. Pondere e analise bem qual seria sua atitude com “suas sandálias” nos pés.

Nunca se esqueça que cada caso é um caso e certas atitudes, aparentemente inexplicáveis, têm sua razão de ser.

Agora, se eventualmente fomos açodados e, mesmo sem calçar suas sandálias (talvez o número fosse muito pequeno) tivermos criticado, condenado, e por vezes, insultado alguém – e posteriormente descobrirmos que a coisa não era bem assim e esse alguém não merecia o que dissemos – é importante enfiar sua violinha no saco e um pedido de desculpas é absolutamente indispensável. A humildade não ocupa lugar nenhum. E se erramos, o mínimo a fazer é isso, desculpar-se pela besteira cometida. Não conserta as coisas, mas ameniza os efeitos, e desarma possíveis reações.

O ideal é procurar sempre viver mantendo um clima de harmonia com todos aqueles que estão ao seu redor. Se por acaso uma amizade é inconveniente, é melhor cortar os laços, do que permitir que um desgaste nas relações gere inimizades.

Nunca esqueçam que não é conveniente deixar inimigos atrás de nós …

Vamos procurar viver de forma a não tê-los, mas, se surgirem, é melhor evitá-los, e mesmo ignorá-los, do que provocá-los.

By Marcial Salaverry.

A quem se machuca

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 19/02/2010 by Joe

Inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra. Só que de costas. Há duas situações inimigas dentro do amor: pertinho e uma de costas para a outra. Ambas ameaçam dar certo e não dar certo.

Quando se ama, tanto se teme enfrentar a possibilidade de dar certo, cheia de prisões e tentáculos, como o risco de não dar certo e ficar rompida uma harmonia que  poderia ter funcionado.

Ambas as situações convivem em quem ama. Porque “viver bem” não é dar certo. Dar certo é ser capaz de prosseguir apesar do descerto. “Viver mal” não é, necessariamente, dar errado. Dar errado é não poder prosseguir.

Composto também de partes inimigas, o amor se enriquece dos cansaços incapazes da destruição. Só vive do imperfeito de cada confronto. Só é, quando vive ameaçado de deixar de ser. Caso contrário, não seria; simplemente deixaria de ser.

Os inimigos são duas pessoas pertinho uma da outra, mas de costas, porque, se elas se virarem, encontrar-se-ão. E é isso o que temem. São mais unidos, talvez, que amigos, um de frente para o outro, mas a metros ou quilômetros de distância, e só por isso se entendem.

O medo de amar é o medo de estar perto demais (ainda que de costas), o que de certa forma escraviza. O engano de amor é estar longe, mas de frente, o que de certa forma atenua.

A coragem de amar equivale à coragem de ser: é fazer dois inimigos, de costas um para o outro, virarem-se de frente para sentir  o hálito, olhos, medo, força, ternura, muita raiva e muito carinho e aceitar tudo, por isso amar.

A falsidade do amor é permanecer de frente como amigos: pura e simplesmente se aceitando. Sem contradita. Sem a oposição capaz de ser vencida pela permanência do sentimento, a despeito do eu de cada um.

O medo de quem ama é o medo da relação profunda, porque nela está a entrega que não rompe, apesar das  tragédias da superfície. E a superfície só faz a tragédia, para impedir que o eu contemple de frente a relação profunda. Esta contém o que não se destrói, apesar das diferenças.

Na relação profunda está o desamparo e a necessidade tão pura que nunca pôde vir à tona. Na relação superficial está a fantasia, o eu idealizado, a armadura enfeitada de cada um.

Quem se relacionar ao nível da armadura será feliz no começo, na fase hipnótica do amor. Quem preferir o nível profundo de relacionamento talvez seja até infeliz. Mas amará. A infelicidade pode fazer virar as costas para o inimigo, separar-se dele. Mesmo assim não será maior que o amor advinhado e sentido, se a relação é profunda.

Não te vires de frente para o inimigo! Podes amá-lo. Ele vai advinhar, e tu também, o amor está na peleja de quem ama. Não fiques tão de frente, mas tão longe de quem gostas. No que chegares perto, talvez detestes e sejas detestado.

Amar é estar de costas. Gostar é estar de frente. Um ultrapassa a inimizade que vive junta. Outro vive a amizade fácil, mas que se se aproximar pode não ser amor. Por isso era tão fácil sentir!

Amar é apesar. É através. É a despeito, mas é com. Amar, às vezes, é contra, mas perto e fundo. Mesmo de  costas. É malgrado. É com ferida e cicatriz, mas íntegro.

Amar fundo é ter medo de virar de frente. Porque aí pode surgir, cristalina, a possibilidade de dar certo. É a entrega. Que é, no fundo, o que mais teme quem ama.

By Artur da Távola.

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