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A Teoria do Merthiolate

Posted in Humor with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 23/03/2014 by Joe

A teoria do Merthiolate

As crianças hoje em dia são muito hiperativas. Na minha infância, as crianças eram mais calmas. Sabe porque? Porque o Merthiolate ardia muito!

As crianças, de vez em quando, deixavam de fazer merda pensando no Merthiolate. O Merthiolate tinha uma função pedagógica.

O Merthiolate também tinha uma função psicológica. Porque aquele ardor dava a impressão de que os micróbios estavam sendo mortos. Você acreditava que, de fato, estava curando.

Mércurio Cromo não ardia, então dava a sensação que curava menos. Quando o Merthiolate encostava na ferida, você sentia que ali tinha virado um grande campo de batalha. Você sentia o ardor da guerra. E quando o ardor passava é porque a gente tinha conseguido vencer o mal.

Além do fator pedagógico e psicológico, o Merthiolate também tinha um apelo maternal. Porque a única coisa capaz de amenizar o sofrimento do Merthiolate eram as micropartículas de saliva materna. Quando a mãe soprava na ferida, o sofrimento magicamente reduzia.

Além do fator pedagógico, psicológico e maternal, o Merthiolate também tinha uma função de geolocalização. Porque o ardor servia como sinalização se o Merhtiolate tinha sido de fato colocado no local correto. Se não ardesse, é porque não colocou direito. O Merthiolate era o GPS da ferida!

Além do fator pedagógico, psicológico, maternal e de geolocalização, o Merthiolate também tinha um impacto na personalidade das pessoas. O ardor incrível do Merthiolate moldou a personalidade da geração de crianças dos anos 80. As crianças desde cedo se acostumaram a ser homens, engolir choro, aguentar dor…

Hoje em dia… o Merthiolate não arde mais! Por isso essa geração emo, tudo cheio de frescura, chora por qualquer coisa…

By Murilo Gun, stand-up comedy.

Controle suas expectativas

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 18/10/2010 by Joe

A raiva, a frustração e o ódio têm origem em expectativas não cumpridas. Ou você aprende a se controlar, ou…

Você já pensou em todas as vezes que ficou com raiva ou ódio? Existe um provérbio popular que diz: “sentir raiva ou ódio é como tomar veneno esperando que o outro morra”.

Parece simples, mas não é. Tem tantas coisas que saem do nosso controle, como perder o horário porque um carro quebra e provoca um congestionamento. Ou, ainda, perder relações por causa da vida estressante que nos impulsiona a viver cada vez mais rápido. Ou, ainda, sonhos esmagados por decisões da diretoria da empresa. Quando isso ocorre, temos a tendência a nos frustrar e sentir raiva, ou sentir raiva e nos frustrarmos. Independente da ordem, um sentimento acompanha o outro. Sempre. Nem que seja por um breve instante, você já percebeu isso?

Sêneca, o Jovem, percebeu. Este filósofo romano, que foi contemporâneo de Cristo, entendeu que a origem da raiva era a frustração. Só que ele foi mais fundo e afirmou que a origem da frustração é a expectativa. Ou seja, a raiva, que nos faz tão mal, tem origem em expectativas não cumpridas.

Mas como não sentir raiva quando aquele sacana que puxa o tapete dos outros consegue a promoção que tanto desejamos? Sêneca fala que, se pensarmos em tudo que pode dar errado, estaremos mais bem preparados para a eventualidade do errado acontecer. Ooops … isso parece a Lei de Murphy: “Se alguma coisa pode dar errado, certamente dará.” Ou sua variante: “a probabilidade de um pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é diretamente proporcional ao valor do tapete”.

A diferença é que a Lei de Murphy é de um pessimismo conformista que nos paralisa. Nos deixa impotente diante dos acontecimentos. No lado oposto, existem também os pseudofilósofos que falam: “deseje de todo o coração que o universo conspira por você”. Também não é o que Sêneca nos fala. Na realidade, Sêneca sugere buscarmos de coração pelo nosso sonho, mas nos prepararmos para o caso dele não acontecer. Tenha fé, mas saiba que você não controla todas as variáveis. Com isso você evita a frustração e o estresse, mas não perde a paixão.

Sêneca é complexo, mas não é à toa que suas idéias foram largamente utilizadas no humanismo. Não gosta do pensamento positivo, nem do negativo, pois acredita que eles impedem o ser humano de progredir. Ele quer que tenhamos a capacidade de desejar, sem perder a capacidade de decidir. Ter fé, mas que ela não seja cega.

Para simplificar Sêneca, imagine-se num barco à vela, numa época em que não existia aparelhos de GPS, bússola, ou sextante. Você se guia pelas estrelas, seus sonhos, mas tem de ir atrás do vento, em zigue-zague, para continuar se movendo. Tem que desviar das ondas perigosas e dos obstáculos que aparecem à sua frente, mas sem perder sua estrela de vista.

Que tal terminar esse artigo com a frase que o consagrou?

– “Para aqueles que não sabem para que porto vão, nenhum vento é bom” – Sêneca, O Jovem, 4 a.C a 65 d.C..

By Marcelo Aguilar publicado na Revista Você SA.

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