Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros.
Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente.
Ser transparente é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em nos empenhar em levantar! Mas, infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser! Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!
Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção.
E, assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos…
Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado. Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compaixão…
Aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: “pode parar, por favor!”.
Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor!
Precisamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencíveis!
Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto!
Que consigamos docemente viver, sentir, amar!
By Rosana Braga.