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A pessoa certa

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A pessoa certa

Atire a primeira pedra quem nunca sonhou em casar e ser feliz para sempre. Mas, quase sempre, a realidade é bem diferente da fantasia. Pensando nisso, a escritora americana Kathy Freston lançou o livro “A Pessoa Certa” (Editora Fontanar), um pequeno guia para facilitar as relações amorosas. Em entrevista, ela revela o caminho para ser feliz no amor.

Por que algumas pessoas têm tanta dificuldade para encontrar um amor?

Kathy Freston: Existem três grandes obstáculos que impedem uma relação feliz. O primeiro é o nosso ego, que quer sempre estar certo e no controle. Pessoas que precisam manter sempre o controle da situação têm mais dificuldade para amar. O segundo é o nosso inconsciente e toda aquela bagagem emocional que temos dificuldade em lidar. O terceiro é idolatrar o amor e os relacionamentos, achando que a vida a dois vai ser a solução de todos os problemas. Isto coloca muita pressão no parceiro, que acaba desistindo da relação.

Como encontrar a pessoal ideal?

KF: Os homens reclamam que as mulheres não prestam e elas lamentam que não existem mais homens bons. Isto não é verdade. É tudo uma questão das leis da energia e da atração. Se você realmente acredita que vai achar alguém que vale a pena, certamente vai encontrar. Se você acha que não merece ser amado, mesmo que inconscientemente, só vai atrair relações desastrosas. Acho que os solteiros, principalmente as mulheres, precisam acabar com essa paranoia de que precisam encontrar uma pessoa a todo custo. Correr atrás do amor não dá certo, você acaba parecendo uma pessoa louca e desesperada.

As pessoas costumam ter expectativas irreais sobre o amor?

KF: Sim. A maioria das pessoas acha que o relacionamento vai ser transformador, que vai melhorar tudo para a melhor. Mas isto não é verdade. O que somos é o que levamos para a relação. Se alguém está deprimido e improdutivo, certamente terá um relacionamento difícil e deprimente. Poucas pessoas lembram também que as relações são cheias de obstáculos. Só que isso é bom, porque nos torna pessoas melhores.

Como saber se estamos com a pessoa certa?

KF: Sua alma gêmea é aquela pessoa que vai incentivá-lo a dar o seu melhor, te transformar na “melhor versão de você mesmo”. É aquela pessoa que te dará força, que vai querer compartilhar os detalhes da sua vida, te motivar, te inspirar a ser generoso e amigo. Muitas vezes, é aquela pessoa que desperta qualidades positivas transformadoras. A atração sexual é importante, mas não é tudo.

Que conselho você daria para quem está passando por dificuldades no relacionamento?

KF: Terminar uma relação é uma decisão difícil, dolorosa e complicada. Por isso, pense muito antes de tomar esta decisão. Se o término é inevitável, tente acabar o relacionamento com gentileza e amor. Depois do fim, faça um verdadeiro balanço. De nada adianta começar uma relação nova carregando os mesmos vícios do passado. É importante lembrar que, no fundo, as pessoas mudam muito pouco. É possível mudar o corte de cabelo, as roupas ou um hábito mais superficial, mas não dá para transformar valores ou até mesmo a evolução pessoal do outro.

By Kathy Freston, escritora, do seu livro “A pessoa certa” (Editora Fontanar).

Sexualidade sem culpa

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Sexualidade sem culpa

Quando tratamos de sexualidade, todo cuidado é pouco, pois a delicadeza do tema exige isso.

Trabalho com o ser humano e, por isso mesmo, abstraio-me de ter qualquer tipo de preconceito contra qualquer tipo de raça, religião e, principalmente, orientação sexual. Talvez por isso meus clientes se sintam tão à vontade de me contarem seus “piores” dilemas.

Não raro, recebo em meu consultório pessoas cujo desafio de vida é a própria sexualidade e suas vastas opções. Escuto-as dizer assim:

– “Você sabe que estou há anos na terapia e minha psicóloga ainda não tinha pensado nisso?”

Vejo-as sofrendo e insatisfeitas com a opção alternativa que fizeram, às vezes acanhadas, às vezes ansiosas, às vezes confusas, às vezes perdidas. Mas todas elas procurando por respostas que não a confinem a um lugar comum ou a rotulem disso ou daquilo, ou destilem teorias mirabolantes para explicar que, no final das contas, não há nada de errado com elas.

Porque rótulos é o que não falta: gay, lésbica, travesti, transexual, bissexual, homossexual, simpatizante, heterossexual, etc… Mas antes de serem algo que as rotulem como tal, são seres humanos com um desafio de vida, que é entenderem a si próprias através de sua orientação sexual.

Parto do princípio que sexo não é pecado, e nem com pessoas do mesmo sexo, ainda que a droga de meu DNA carimbado com a persuasão milenar da igreja grite no meu ouvido “É sim!”. “É sujo!”. “É errado!”.

Ainda bem que essa briga cessa completamente quando trato de deixar minha intuição fluir e falar o que meu coração quer dizer para cada pessoa que está ali para ouvir a si mesma; cada caso é um caso, não há receita de bolo. Mas a partir do momento em que não nos sentimos completos em relação às nossas escolhas, sejam elas quais forem, então é porque há um desafio a ser superado, a ser integrado e compreendido no nível da alma. Devemos sempre encarar os desafios como presentes que são adicionados como uma ferramenta da alma à medida em que são assimilados.

Mas a verdade é que o desafio no nível sexual não é pior ou melhor do que nenhum outro; é encarado com preconceito por muitos porque mexe com o que há de mais profundo, mais inconsciente em nós, movimenta nossas próprias inadequações que surgem a partir da mais tenra infância. E, claro, isso se reflete na forma como damos e recebemos afeto, não só em relação aos outros, mas em relação a nós mesmos.

Quem não quer se sentir completo com o par que mais lhe faça se sentir bem, independentemente se é uma pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo? Quem não quer se amar e se aceitar porque teve coragem de ser responsável pelas próprias preferências? O que seria melhor para a alma: realizar-se como ser humano em todos os aspectos ou seguir regras impostas externamente por religiões ou quem quer que seja e viver frustrado e se auto-sabotando pelo resto da vida?

Sob o ponto de vista de Deus, vamos lá, que é Misericórdia pura e Amor puro, será que Ele quer que soframos, nos torturando por algo que faz parte da natureza e da vicissitude humana? Sim, porque a culpa nada mais é do que uma forma de autopunição; e aprendemos que Deus faz isso quando fazemos a “coisa errada”. Mas para quem ainda acredita nisso, eu digo: “Deus não pune ninguém” (como haveria de ser se Deus é Amor???). Nós nos punimos! E isso nada tem de saudável, não.

Se observarmos que atualmente milhões de pessoas no mundo estão podendo sair de um estado de mentira e negação de si mesmas em sua sexualidade (com medo de serem hostilizadas e renegadas e rejeitadas) para um estado em que a liberdade do “ser quem se é” pode ser reconhecida como algo saudável, sustentável e louvável, isso pode nos dar a exata noção de que isto é um avanço e não um retrocesso.

Pensemos que efeito poderoso isso tem no inconsciente coletivo de, no mínimo, uma melhora no relacionamento entre os seres humanos. Isso nos faz repensar nossos “pré-conceitos” e atitudes em relação àqueles que optaram (por razões extremamente complexas em sua história de vida, imagino) por algo diferente do que o convencionado pela sociedade. E neste barco pegam carona também as questões raciais e de crença (essa última que vem avançando desde o fim da Inquisição, minha bruxa interior quer acreditar…).

A expressão da sexualidade é o que temos de mais poderoso dentro de nós; não há diferença entre energia sexual e energia criativa, por exemplo, já que tudo é energia. Sentir-se à vontade dentro do próprio corpo, o Templo da Alma, é o início e o fim de uma autoexpressão mais íntegra, honesta e verdadeira de si mesmo.

A mente pode viajar entre o passado, o presente e o futuro; o corpo é o que nos coloca no aqui e agora, no momento presente, com a consciência focada. Uma expressão sexual sem culpa (ainda que para muitos isso possa ser imoral ou mesmo amoral) é preferível do que o confinamento do ser que pode levar à depressão e a todos os sentimentos de inadequação e suas consequências psicológicas mórbidas, incluindo a perversão.

Sem querer colocar toda a culpa na Igreja – instituição que respeito bastante -, a verdade é que ela nos impôs a crença na desvalorização do que é um dos atributos mais importantes do ser humano: seu corpo físico. Sem ele, como estaríamos encarnados? Cuidemos bem dele e sejamos generosos com suas necessidades. Lembrando de que na medida em que a Consciência avança, suas demandas são sublimadas e sutilizadas automaticamente. Um passo de cada vez, mas sem culpa.

Ah, sim, e em relação à minha própria opção sexual? Sem rótulos, por favor. Digam isto pra si mesmos e sintam o quão libertadora é essa sensação!

Daniele Alvim, terapeuta e escritora.

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