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Papel amassado

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 03/08/2015 by Joe

Papel amassado

Nenhuma folha em branco. Todas escritas. Algumas amassadas. O cesto acumula bolas de papel amarrotadas que, sem piedade, foram sendo descartadas uma a uma. Aquelas em que erro e corrijo e torno a cometer deslizes.

Frases iniciadas e interrompidas esquartejaram as palavras e deixaram sem sentido o que o pensamento queria expressar. Daí um gesto impaciente aperta, comprime e as põem de lado. Folhas de papel que rasuradas em sua limpidez se veem machucadas e inúteis.

Na verdade, elas fazem parte de todo um processo de criação. São os rascunhos, os ensaios, as tentativas de elaborar um texto. O exercício de transportar pensamentos, de registrar impressões como se a folha de papel fosse um pedaço de mármore pronto para o cinzel do escultor.

E uma folha de papel amarfanhada nunca mais será a mesma. Por mais que tentemos alisá-la, conservará as marcas, as cicatrizes.

Paralela a essa realidade, constato que somos capazes de amarrotar momentos, tal qual fossem feitos de papel, pela nossa intenção fracassada de criar algo melhor. Imprudentes, jogamos na cesta da vida alguns instantes que ficaram rasurados pela inabilidade de torná-los coerentes.

Tenho, também, conhecimento de sentimentos enrugados, machucados. Sentimentos que sofreram transformações porque foram apertados, esmagados. Aquele começo que teve fim mais rápido do que o previsível, aquela espera que se estendeu por um tempo mais longo do que o desejado, aquela rejeição, o ciúme desmedido, a inveja sufocante, aquela frustrante tentativa de agradar. Uma lista infindável poderia ser registrada aqui. Usem a imaginação…

É preciso ter fôlego de alpinista e mãos de pluma para apalpar sentimentos sem rasurá-los, machucá-los, amarrotá-los. Pois sentimentos são exatamente iguais a folhas de papel em branco, onde o que registramos fica plasmado para sempre. Impossível desfazer as ranhuras.

Minha cesta continua cheia de papéis amassados e na gaveta da alma guardo alguns sentimentos amarrotados. Em compensação, tenho escrito algumas páginas e sentido muito a vida, se não com menos erros, com certeza, com mais acertos.

E uma folha pálida me olha inquieta, enquanto balanço o lápis entre os dedos. Seu futuro é incerto.

Nenhuma folha em branco. Todas escritas. Algumas amassadas.

By Maria Alice Estrella.

A idiotice é vital para a felicidade

Posted in Comportamento with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 17/12/2014 by Joe

A idiotice é vital para a felicidade

A idiotice é vital para a felicidade! Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz!

A vida já é um caos, então, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça. Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor ideia de como preencher as horas livres de um fim de semana?

Quanto tempo faz que você não vai ao cinema? É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas… a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim. Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva. Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida – e esse é o único “não” realmente aceitável. Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante… ou sorrir!

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus… e que tal um cafezinho gostoso agora?

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche”.

Seja um idiota!

Desconheço a autoria, apesar de ser amplamente atribuído a Arnaldo Jabor.

Papel amassado

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 17/02/2012 by Joe

Nenhuma folha em branco. Todas escritas. Algumas amassadas. O cesto acumula bolas de papel amarrotadas que, sem piedade, foram sendo descartadas uma a uma. Aquelas em que erro e corrijo e torno a cometer deslizes.

Frases iniciadas e interrompidas esquartejaram as palavras e deixaram sem sentido o que o pensamento queria expressar. Daí um gesto impaciente aperta, comprime e as põem de lado. Folhas de papel que rasuradas em sua limpidez se veem machucadas e inúteis.

Na verdade, elas fazem parte de todo um processo de criação. São os rascunhos, os ensaios, as tentativas de elaborar um texto. O exercício de transportar pensamentos, de registrar impressões como se a folha de papel fosse um pedaço de mármore pronto para o cinzel do escultor.

E uma folha de papel amarfanhada nunca mais será a mesma. Por mais que tentemos alisá-la, conservará as marcas, as cicatrizes.

Paralela a essa realidade, constato que somos capazes de amarrotar momentos, tal qual fossem feitos de papel, pela nossa intenção fracassada de criar algo melhor. Imprudentes, jogamos na cesta da vida alguns instantes que ficaram rasurados pela inabilidade de torná-los coerentes.

Tenho, também, conhecimento de sentimentos enrugados, machucados. Sentimentos que sofreram transformações porque foram apertados, esmagados. Aquele começo que teve fim mais rápido do que o previsível, aquela espera que se estendeu por um tempo mais longo do que o desejado, aquela rejeição, o ciúme desmedido, a inveja sufocante, aquela frustrante tentativa de agradar. Uma lista infindável poderia ser registrada aqui. Usem a imaginação…

É preciso ter fôlego de alpinista e mãos de pluma para apalpar sentimentos sem rasurá-los, machucá-los, amarrotá-los. Pois sentimentos são exatamente iguais a folhas de papel em branco, onde o que registramos fica plasmado para sempre. Impossível desfazer as ranhuras.

Minha cesta continua cheia de papéis amassados e na gaveta da alma guardo alguns sentimentos amarrotados. Em compensação tenho escrito algumas páginas e sentido muito a vida, se não com menos erros, com certeza, com mais acertos.

E uma folha pálida me olha inquieta, enquanto balanço o lápis entre os dedos. Seu futuro é incerto.

Nenhuma folha em branco. Todas escritas. Algumas amassadas.

By Maria Alice Estrella.

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