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Vontade, pra que te quero?

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 24/08/2015 by Joe

Vontade pra que te quero

Durante aquela longa noite brasileira da ditadura militar, os caras, incomodados com os artigos escritos por um famoso jornalista, entraram na redação de seu jornal e quebraram tudo, inclusive esmagaram as suas mãos para que ele não pudesse mais escrever.

No dia seguinte, o jornalista voltou a publicar seus artigos, onde comentou algo como “eles acham que os jornalistas escrevem com as mãos”.

A gente sabe que não são apenas jornalistas que prescindem das mãos para escrever. Um dos maiores gênios da humanidade não escreve com as mãos. Nem poderia. Elas não têm movimentos. Nem suas mãos, nem seus pés. Nem o seu corpo. Stephen Hawkins, autor de várias obras científicas, é tetraplégico.

Mas não é só escrever que a gente faz sem precisar das mãos. A gente pode andar sem pés, enxergar sem olhos, ouvir sem ouvidos. A gente pode até voar sem asas. O ser humano pode tudo. E a prova disso é que uma das mais famosas obras que a humanidade já leu, e que descreve uma região onde tudo é beleza e harmonia, e onde são descritas paisagens belíssimas, pasmem, foi escrita por um deficiente visual.

Milton, autor de “O Paraíso Perdido”, não surpreende apenas por sua narrativa criativa, mas pela capacidade de ver uma beleza que nós, videntes, não enxergaríamos sem sua ajuda. Bobagem falar que Beethoven não escutava a música que fazia. Quer dizer, não escutava com os ouvidos materiais, mas os ouvidos de sua alma – benza-os Deus! – como distinguiam sons talvez inaudíveis para nós, ouvintes!

Mas, pensando bem, se deficiência física não é limitação para se fazer o que se quer, o que nos pode limitar? Seria a deficiência cerebral? Vejamos. Você já ouviu falar em “idiot-savants”? São pessoas como aquele personagem de “Rain Man”, filme baseado em uma história real. O personagem do filme possuía uma limitação cerebral que o impedia de muita coisa, mas que era um gênio do cálculo, fazendo operações complicadíssimas de raiz-quadrada e equações mais rapidamente, e tão corretamente, como as realizadas por calculadoras científicas.

Tem um desses “savants” na Inglaterra que é capaz de reproduzir, com exatidão, desenhando, qualquer coisa. Colocado durante alguns instantes diante de um castelo, pode reproduzí-lo, sem mais voltar a olhar para ele, com detalhes impressionantes e com uma qualidade fotográfica, exatamente na escala, toda a sua complicada arquitetura, inclusive detalhes como quais janelas estavam abertas ou fechadas e o seu número exato. Entretanto, perguntado sobre quantas janelas havia no castelo, ele não soube responder. Não sabia e não podia contar, dada a sua deficiência cerebral (ele não possui uma grande porção do cérebro). Mas as janelas desenhadas eram exatamente as 144 visíveis.

Um outro desses “savants” não consegue manter uma conversação coerente, mas tem ouvido absoluto: ouve qualquer peça musical, por mais complicada que seja, apenas uma vez, e a reproduz sem faltar uma nota sequer, ao piano.

E agora? Se deficiências físicas e cerebrais não constituem limites ao livre vôo para o sucesso, se as barreiras encontradas em um setor podem ser superadas de outra forma, o que impede uma pessoa – deficiente ou não – de atingir os seus objetivos de felicidade? É a falta de flexibilidade para encontrar outros caminhos. Só é infeliz quem não encontra opções para fazer de outro jeito, o que não pode fazer como os outros fazem. E o que os torna infelizes é teimar em fazer o que não podem.

É comum confundir teimosia com persistência. Se eu tenho mais de sessenta anos e não chego a 1,70 de altura, por que vou teimar em querer entrar para a seleção brasileira de basquete? Mas serei persistente se procurar descobrir outras escolhas esportivas que a vida me oferece para que eu possa fazer algo bem feito. Observe que todas as pessoas citadas aqui encontraram alternativas para fazer as coisas.

A felicidade é isso: é encontrar o jeito pessoal de fazer uma coisa do nosso jeito, dentro das limitações que a vida nos impõe. E gostar dessas alternativas. Descobrir o mundo criativamente, vendo opções onde antes só se viam impedimentos. E gostar dessas descobertas. Amar o seu jeito pessoal de ser, a sua criatividade e os seus sonhos.

Ou seja: a felicidade está na flexibilidade, com amor, deixando de lado aquele comportamento de criança que acha que o mundo acabou porque um brinquedo se quebrou, deixando de ver o quão divertido é consertar brinquedos quebrados e transformá-los em outros brinquedos até mais criativos e melhores.

Com flexibilidade, amor e, sobretudo, com vontade, se descobre porquê a vida nos fez especiais. E é com essa descoberta que podemos transmitir o recado que viemos dar aqui neste planeta. Porque só existe um deficiente realmente limitado: é o deficiente da vontade.

By Renato Mello.

A respeito das deficiências…

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 18/04/2012 by Joe

Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.

Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. E só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

Paralítico é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

Diabético é quem não consegue ser doce.

Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois miseráveis são todos os que não conseguem falar com Deus!

By Professora Renata Vilella (texto erroneamente atribuído a Mario Quintana).

Vontade, pra que te quero?

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 25/10/2011 by Joe

Durante aquela longa noite brasileira da ditadura militar, os caras, incomodados com os artigos escritos por um famoso jornalista, entraram na redação de seu jornal e quebraram tudo, inclusive esmagaram as suas mãos para que ele não pudesse mais escrever.

No dia seguinte, o jornalista voltou a publicar seus artigos, onde comentou algo como “eles acham que os jornalistas escrevem com as mãos”.

A gente sabe que não são apenas jornalistas que prescindem das mãos para escrever. Um dos maiores gênios da humanidade não escreve com as mãos. Nem poderia. Elas não têm movimentos. Nem suas mãos, nem seus pés. Nem o seu corpo. Stephen Hawkins, autor de várias obras científicas, é tetraplégico.

Mas não é só escrever que a gente faz sem precisar das mãos. A gente pode andar sem pés, enxergar sem olhos, ouvir sem ouvidos. A gente pode até voar sem asas. O ser humano pode tudo. E a prova disso é que uma das mais famosas obras que a humanidade já leu, e que descreve uma região onde tudo é beleza e harmonia, e onde são descritas paisagens belíssimas, pasmem, foi escrita por um deficiente visual.

Milton, autor de “O Paraíso Perdido”, não surpreende apenas por sua narrativa criativa, mas pela capacidade de ver uma beleza que nós, videntes, não enxergaríamos sem sua ajuda. Bobagem falar que Beethoven não escutava a música que fazia. Quer dizer, não escutava com os ouvidos materiais, mas os ouvidos de sua alma – benza-os Deus! – como distinguiam sons talvez inaudíveis para nós, ouvintes!

Mas, pensando bem, se deficiência física não é limitação para se fazer o que se quer, o que nos pode limitar? Seria a deficiência cerebral? Vejamos. Você já ouviu falar em “idiot-savants”? São pessoas como aquele personagem de “Rain Man”, filme baseado em uma história real. O personagem do filme possuía uma limitação cerebral que o impedia de muita coisa, mas que era um gênio do cálculo, fazendo operações complicadíssimas de raiz-quadrada e equações mais rapidamente, e tão corretamente, como as realizadas por calculadoras científicas.

Tem um desses “savants” na Inglaterra que é capaz de reproduzir, com exatidão, desenhando, qualquer coisa. Colocado durante alguns instantes diante de um castelo, pode reproduzí-lo, sem mais voltar a olhar para ele, com detalhes impressionantes e com uma qualidade fotográfica, exatamente na escala, toda a sua complicada arquitetura, inclusive detalhes como quais janelas estavam abertas ou fechadas e o seu número exato. Entretanto, perguntado sobre quantas janelas havia no castelo, ele não soube responder. Não sabia e não podia contar, dada a sua deficiência cerebral (ele não possui uma grande porção do cérebro). Mas as janelas desenhadas eram exatamente as 144 visíveis.

Um outro desses “savants” não consegue manter uma conversação coerente, mas tem ouvido absoluto: ouve qualquer peça musical, por mais complicada que seja, apenas uma vez, e a reproduz sem faltar uma nota sequer, ao piano.

E agora? Se deficiências físicas e cerebrais não constituem limites ao livre vôo para o sucesso, se as barreiras encontradas em um setor podem ser superadas de outra forma, o que impede uma pessoa – deficiente ou não – de atingir os seus objetivos de felicidade? É a falta de flexibilidade para encontrar outros caminhos. Só é infeliz quem não encontra opções para fazer de outro jeito, o que não pode fazer como os outros fazem. E o que os torna infelizes é teimar em fazer o que não podem.

É comum confundir teimosia com persistência. Se eu tenho mais de sessenta anos e não chego a 1,70 de altura, por que vou teimar em querer entrar para a seleção brasileira de basquete? Mas serei persistente se procurar descobrir outras escolhas esportivas que a vida me oferece para que eu possa fazer algo bem feito. Observe que todas as pessoas citadas aqui encontraram alternativas para fazer as coisas.

A felicidade é isso: é encontrar o jeito pessoal de fazer uma coisa do nosso jeito, dentro das limitações que a vida nos impõe. E gostar dessas alternativas. Descobrir o mundo criativamente, vendo opções onde antes só se viam impedimentos. E gostar dessas descobertas. Amar o seu jeito pessoal de ser, a sua criatividade e os seus sonhos.

Ou seja: a felicidade está na flexibilidade, com amor, deixando de lado aquele comportamento de criança que acha que o mundo acabou porque um brinquedo se quebrou, deixando de ver o quão divertido é consertar brinquedos quebrados e transformá-los em outros brinquedos até mais criativos e melhores.

Com flexibilidade, amor e, sobretudo, com vontade, se descobre porquê a vida nos fez especiais. E é com essa descoberta que podemos transmitir o recado que viemos dar aqui neste planeta. Porque só existe um deficiente realmente limitado: é o deficiente da vontade.

By Renato Mello.

Chega de preconceitos

Posted in Relacionamentos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 07/01/2011 by Joe

Tia, meu amigo nasceu com seis dedos.

Minha prima toma injeção todo dia, ela tem diabetes.

A vovó faz xixi pela barriga.

Aquele menino perdeu muita prova porque tem falta de ar.

Sente esse caroço na minha cabeça que a mamãe esconde com o cabelo”.

Adulto tem pavor de assuntos relacionados à deficiência. Acha até que dá azar. Criança não, quer saber sobre o que não entende: diferenças individuais. Encontra as respostas de que necessita? Difícil. Pais e professores costumam achar natural não terem informações corretas sobre doenças crônicas, distúrbios neuro-psico-motores, síndromes genéticas e situações que levam a incapacidades.

Desde 1992 me especializo em levar informações relacionadas à deficiência para adultos e crianças. Percebi que informação correta para o adulto apenas civiliza seu preconceito. Mas o sentimento continua lá, esperando para dar o bote. Para minimizar o preconceito será preciso impedir que ele se instale. Daí a importância da literatura infantil, arma poderosa e pouco utilizada no combate a qualquer discriminação.

Passei por uma experiência decisiva. Em 1994, escrevi a coleção “Meu Amigo Down”. Ao divulgá- la nas escolas eu era torpedeada pelos alunos com perguntas sobre anormalidades. Tornei-me a oportunidade para que abordassem assuntos que os afligiam e os deixavam curiosos. Fiquei aflita com a aflição deles. Certa de que criança tem direito de ter informação de qualquer natureza numa linguagem acessível, escrevi o livro “Um amigo diferente?” (Editora WVA).

O livro conta a história de um amigo que afirma ser diferente. Muito ou pouco? De que jeito? A cada página, o amigo imaginário dá pistas novas, atiçando a imaginação da criançada. E o leitor vai se deparando com temas pouco abordados como hemofilia, artrite, diabetes, doença renal, deficiências físicas, sensorial e mental, entre outros. Mas que ninguém se espante. O livro é alegre, colorido e divertido.

Desejo oficializar nas salas de aula e nos lares brasileiros a discussão sobre as diferenças individuais. Torço para familiares e educadores se interessarem por esses temas. Ou persistiremos no erro de construir cidadãos pela metade? O preconceito contra os diferentes nasce na infância. No jantar, o filho pergunta: “pai o que é ostomia?” O adulto responde: “não pensa nisso, é muito triste, come senão a comida vai esfriar”. Sem resposta, e vendo sua dúvida desvalorizada, a criança se cala. O que deveria ser esclarecido vira mistério, tabu. Eu sei, nada é tão simples. Mas por não termos sido educados para entender a diversidade como situação natural, hoje relutamos em obedecer leis e seguir regras sociais que dêem às pessoas com deficiência um direito assegurado na Constituição Federal: a cidadania.

Por isso defendo a sociedade inclusiva. Nela não haverá espaço para aceitar crianças e adolescentes com deficiências e depois bater no peito ou dormir com a sensação de termos sido bonzinhos. Na sociedade inclusiva ninguém é bonzinho. Cada cidadão é consciente de sua responsabilidade na construção de um mundo que dê oportunidade para todos. Jovens crescerão convictos de que se relacionar com pessoas deficientes não é favor, mas troca. Nesse ideal de inclusão, difundido internacionalmente nos últimos anos, felizes das escolas que se propuserem a ser transformadoras, empenhando-se em formar cidadãos mais éticos, capazes de respeitar aqueles que são – ou estão – diferentes.

Acredito na força de um lar no qual os adultos, questionados sobre temas que lhes incomodem, abram seus corações e seus dicionários com o mesmo orgulho que orientam os filhos sobre política ou economia. Portadores de diferenças querem ser levados à sério. Assumirão sua condição com cada vez mais dignidade. Se nós, portadores de diferenças menores, permitirmos. Como diz o personagem do livro “Um amigo diferente?”:

–  “Você está preocupado comigo? Obrigado. Mas eu vou em frente. Essa é a minha vida”.

By Claudia Werneck, jornalista e escritora, responsável pelo projeto “Muito prazer, eu existo“.

Vontade, pra que te quero?

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 15/12/2009 by Joe

Durante aquela longa noite brasileira da ditadura militar, os caras, incomodados com os artigos escritos por um famoso jornalista, entraram na redação de seu jornal e quebraram tudo, inclusive esmagaram as suas mãos para que ele não pudesse mais escrever.

No dia seguinte, o jornalista voltou a publicar seus artigos, onde comentou algo como “eles acham que os jornalistas escrevem com as mãos”.

A gente sabe que não são apenas jornalistas que prescindem das mãos para escrever. Um dos maiores gênios da humanidade não escreve com as mãos. Nem poderia. Elas não têm movimentos. Nem suas mãos, nem seus pés. Nem o seu corpo. Stephen Hawkins, autor de várias obras científicas, é tetraplégico.

Mas não é só escrever que a gente faz sem precisar das mãos. A gente pode andar sem pés, enxergar sem olhos, ouvir sem ouvidos. A gente pode até voar sem asas. O ser humano pode tudo. E a prova disso é que uma das mais famosas obras que a humanidade já leu, e que descreve uma região onde tudo é beleza e harmonia, e onde são descritas paisagens belíssimas, pasmem, foi escrita por um deficiente visual. Milton, autor de “O Paraíso Perdido”, não surpreende apenas por sua narrativa criativa, mas pela capacidade de ver uma beleza que nós, videntes, não enxergaríamos sem sua ajuda. Bobagem falar que Beethoven não escutava a música que fazia. Quer dizer, não escutava com os ouvidos materiais, mas os ouvidos de sua alma – benza-os Deus! – como distinguiam sons talvez inaudíveis para nós, ouvintes!

Mas, pensando bem, se deficiência física não é limitação para se fazer o que se quer, o que nos pode limitar? Seria a deficiência cerebral? Vejamos. Você já ouviu falar em “idiot-savants”? São pessoas como aquele personagem de “Rain Man”, filme baseado em uma história real. O personagem do filme possuía uma limitação cerebral que o impedia de muita coisa, mas que era um gênio do cálculo, fazendo operações complicadíssimas de raiz-quadrada e equações mais rapidamente, e tão corretamente, como as realizadas por calculadoras científicas.

Tem um desses “savants” na Inglaterra que é capaz de reproduzir, com exatidão, desenhando, qualquer coisa. Colocado durante alguns instantes diante de um castelo, pode reproduzi-lo, sem mais voltar a olhar para ele, com detalhes impressionantes e com uma qualidade fotográfica, exatamente na escala, toda a sua complicada arquitetura, inclusive detalhes como quais janelas estavam abertas ou fechadas e o seu número exato. Entretanto, perguntado sobre quantas janelas havia no castelo, ele não soube responder. Não sabia e não podia contar, dada a sua deficiência cerebral (ele não possuía uma grande porção do cérebro). Mas as janelas desenhadas eram exatamente as 144 visíveis.

Um outro desses “savants” não consegue manter uma conversação coerente, mas tem ouvido absoluto: ouve qualquer peça musical, por mais complicada que seja, apenas uma vez, e a reproduz sem faltar uma nota sequer, ao piano.

E agora? Se deficiências físicas e cerebrais não constituem limites ao livre vôo para o sucesso, se as barreiras encontradas em um setor podem ser superadas de outra forma, o que impede uma pessoa – deficiente ou não – de atingir os seus objetivos de felicidade? É a falta de flexibilidade para encontrar outros caminhos. Só é infeliz quem não encontra opções, para fazer de outro jeito, o que não pode fazer como os outros fazem. E o que os torna infelizes é teimar em fazer o que não podem.

É comum confundir teimosia com persistência. Se eu tenho mais de sessenta anos e não chego a 1,70 de altura, por que vou teimar em querer entrar para a seleção brasileira de basquete? Mas serei persistente se procurar descobrir outras escolhas esportivas que a vida me oferece para que eu possa fazer algo bem feito. Observe que todas as pessoas citadas aqui encontraram alternativas para fazer as coisas.

A felicidade é isso, é encontrar o jeito pessoal de fazer uma coisa do nosso jeito, dentro das limitações que a vida nos impõe. E gostar dessas alternativas. Descobrir o mundo criativamente, vendo opções onde antes só se viam impedimentos. E gostar dessas descobertas. Amar o seu jeito pessoal de ser, a sua criatividade e os seus sonhos. Ou seja: a felicidade está na flexibilidade, com amor, deixando de lado aquele comportamento de criança que acha que o mundo acabou porque um brinquedo se quebrou, deixando de ver o quão divertido é consertar brinquedos quebrados e transformá-los em outros brinquedos até mais criativos e melhores.

Com flexibilidade, amor e, sobretudo, com vontade, se descobre o porquê a vida nos fez especial. E é com essa descoberta que podemos transmitir o recado que viemos dar aqui neste planeta. Porque só existe um deficiente realmente limitado: é o deficiente da vontade.

By Renato Mello.

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