Arquivo para Coronelismo

À Vossas Excelências

Posted in Homenagem with tags , , , , , , , , , , , , , on 10/07/2011 by Joe

Na música e vozes dos Titãs, a homenagem do povo brasileiro a todos os “artistas” que tem colaborado para manter, há muito tempo, o Circo da Política Brasileira em alta, com capítulos inéditos de hipocrisia, mentiras, corrupção, roubalheiras, caras de pau, e a ratificação do coronelismo na política nacional.

O vídeo é um pouco antigo, mas serve para verificarmos que algumas “moscas” mudaram, mas o “açúcar” continua o mesmo!!

Até quando?

Vossa Excelência
(P. Miklos, T. Bellotto, C.Gavin)

Estão nas mangas dos Senhores Ministros
Nas capas dos Senhores Magistrados
Nas golas dos Senhores Deputados
Nos fundilhos dos Senhores Vereadores
Nas perucas dos Senhores Senadores
Senhores!
Senhores!
Senhores!
Minha Senhora!
Senhores!
Senhores!
Filha da Puta!
Bandido!
Corrupto!
Ladrão!
Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
Um dia o sol ainda vai nascer
Quadrado
Isso não prova nada!
Sob pressão da opinião pública
É que não haveremos de tomar nenhuma decisão!
Vamos esperar que tudo caia no esquecimento
E aí então…
Faça-se a justiça!
Vamos arrumar vossas acomodações, Excelência.
Filha da Puta! Senhores! Corrupto!
Senhores! Bandido! Senhores! Ladrão!

By Joemir Rosa.

Última palavra

Posted in Atualidade with tags , , , , , , , , on 08/09/2009 by Joe

SarneyO Maranhão é um Estado do Meio Norte brasileiro, um preciosismo para nomear a região geograficamente multifacetada que é ponto de interseção entre o Nordeste e a Amazônia. Com área de 330 mil km², pleno de riquezas naturais, tem fartas agricultura e pecuária, uma culinária rica e diversa e uma cultura popular exuberante. Não obstante tudo isso, pesquisa recente coloca o Estado como o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País, atrás apenas de Alagoas.
 
Sou maranhense. Nasci em São Luís, capital do Estado, no ano de 1966, mesmo ano em que o emergente político José Sarney assumiu o governo estadual, sucedendo o reinado soberano do senador Vitorino Freire, tenente pernambucano que se tornou cacique político do Maranhão, a dominar a cena estadual por quase 40 anos. De 1966 até os dias de hoje, são outros 40 anos de domínio político no feudo do Maranhão, este urdido pelo senador eleito pelo Amapá José Sarney e seus correligionários, sucedâneos e súditos, que gerou um império cujo sólido (e sórdido) alicerce é o clientelismo político, sustentado pela cultura de funcionalismo público e currais eleitorais do interior, onde o analfabetismo é alarmante.
 
O senador José Sarney, recém-empossado presidente do Senado em um jogo de caras barganhas políticas, parecia ter saído da cena política regional para dar lugar a ares mais democráticos, depois de amargar a derrota da filha Roseana na última eleição ao governo do Estado para o pedetista Jackson Lago. Mas eis que volta, por meio de manobras politicamente engenhosas e juridicamente questionáveis, para não dizer suspeitas, orquestrando a cassação do governador eleito, sob a acusação de crime eleitoral, conduzindo a filha outra vez ao trono de seu império. Suprema ironia, uma vez que paira sobre seus triunfos políticos a eterna desconfiança de manipulações eleitoreiras (a propósito, entre os muitos significados da palavra maranhão no dicionário há este: “mentira engenhosa”).
 
Em recente entrevista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disparou frase cruel: “Não vamos transformar o Brasil num grande Maranhão.” A frase, de efeito, aludia a uma provável política de troca de favores praticada pelo Planalto atualmente – segundo acusação do ex-presidente -, baseada em jogo de interesses regionais tacanhos e tráfico de influências. Como alguém nascido no Maranhão, e que torce para que o Estado alcance um lugar digno na história do País (potencial para isso não lhe falta, afinal!), lamento o comentário de FHC, mas entendo a sua ironia, pois o Maranhão tornou-se, infelizmente, ao longo dos tempos, um emblema do que de pior existe na política brasileira. Não é de admirar que divida o ranking dos “piores” com Alagoas, outro Estado dominado por conhecidas dinastias familiares.
 
Em seus tempos de apogeu literário, São Luís, a capital do Maranhão, tornou-se conhecida como a “Atenas brasileira”. Mais recentemente, pela reputação de cidade amante do reggae, ganhou a alcunha de “Jamaica brasileira”. Não me espantará que num futuro próximo o Maranhão venha a ser chamado de “Uganda brasileira” ou “Haiti brasileiro”. A semelhança com o quadro de absoluta miséria social a que dois célebres ditadores levaram estes países – além do apaixonado apego ao poder, claro – talvez justificasse os epítetos.
 
By Zeca Baleiro, cantor e compositor.

À Vossas Excelências

Posted in Atualidade with tags , , , , , on 31/08/2009 by Joe

Na música e vozes dos Titãs, a homenagem do povo brasileiro a todos os “artistas” que tem colaborado para manter, há muito tempo, o Circo da Política Brasileira em alta, com capítulos inéditos de hipocrisia, mentiras, caras de pau, e a ratificação do coronelismo na política nacional.

Vossa Excelência
(P. Miklos, T. Bellotto, C.Gavin)

Estão nas mangas dos Senhores Ministros
Nas capas dos Senhores Magistrados
Nas golas dos Senhores Deputados
Nos fundilhos dos Senhores Vereadores
Nas perucas dos Senhores Senadores
Senhores!
Senhores!
Senhores!
Minha Senhora!
Senhores!
Senhores!
Filha da Puta!
Bandido!
Corrupto!
Ladrão!
Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
Um dia o sol ainda vai nascer
Quadrado
Isso não prova nada!
Sob pressão da opinião pública
É que não haveremos de tomar nenhuma decisão!
Vamos esperar que tudo caia no esquecimento
E aí então…
Faça-se a justiça!
Vamos arrumar vossas acomodações, Excelência.
Filha da Puta! Senhores! Corrupto!
Senhores! Bandido! Senhores! Ladrão!

By Joe.

Sarney e eu

Posted in Atualidade with tags , , , , , , , , , , on 07/08/2009 by Joe

SarneyHá algumas semanas recebi um e-mail sobre uma manifestação na frente do Congresso Nacional pedindo “Fora Sarney”. Fiquei bastante animado, encaminhei o e-mail para toda a minha lista de contatos e pensei que finalmente as pessoas iriam se indignar e reagir à tanta sujeira. No dia da manifestação me bateu uma preguiça … Após um longo dia de trabalho o cansaço me venceu e, afinal, quem iria sentir a minha falta?

No dia seguinte eu procurei, eufórico, notícias sobre a tão falada manifestação que foi toda planejada em comunidades virtuais e bastante divulgada pelo twitter. Para a minha surpresa não existia nenhuma manchete, nem ao menos uma nota de rodapé. Resolvi entrar em uma das comunidades do orkut que organizou a manifestação e, para a surpresa de todos, apenas cinqüenta pessoas se dispuseram a ir para a frente do Congresso. Apenas 50 pessoas? Sendo que eu sozinho divulguei para mais de 1000? Que povo mais acomodado, pensei indignado, porque será que eles não foram?

Não demorou muito para a ficha cair … Eles não foram pelo mesmo motivo que eu não fui. Eu esperava que “alguém” fosse no meu lugar. Recostei-me na poltrona em frente à televisão e olhei para a janela do meu apartamento, que refletia a minha imagem. Fiquei olhando para mim e para a minha confortável inércia. Foi quando eu tive a arrebatadora visão daquilo que sempre procurei e nunca encontrei, o meu verdadeiro papel na sociedade: “um bunda-mole!!!”.

Finalmente, depois de tantos anos de crise existencial, pude perceber que eu era uma peça importante na sociedade, um legítimo Bunda-Mole Brasiliense (ou BMB). Existem bundas-moles municipais e estaduais, mas eu tenho orgulho de dizer que sou um bunda-mole federal!

Nas minhas viagens de férias sempre algum engraçadinho vinha falar: “De Brasília, né? Já tem conta na Suíça?”. Eu ficava indignado, falando que eu era um funcionário público concursado, que pagava os meus impostos, enquanto o povo que roubava vinha de fora e blá blá blá.

Mas agora eu vejo com nitidez que eu tenho um papel importante nesse cenário. Eu, como um legítimo BMB, ajudei a criar esta barreira de proteção que mantém os verdadeiros FDP livres para fazerem o que bem entenderem. Eu acho que as coisas estão bem do jeito que estão. Tenho dinheiro todo mês para pagar a prestação do meu carro 1.0 e do meu apartamento de dois quartos, frequento uma academia para queimar o meu excesso de ociosidade, tenho meu smart phone comprado na feira do Paraguai e, no final do ano, ainda vou ficar um mês em uma casa de praia alugada junto com a minha família para a incrível experiência de assarmos como batatas na areia … Mais BMB impossível!

Às sextas-feiras eu me sento com os meus amigos em um barzinho e depois do terceiro copo de cerveja soltamos toda a nossa indignação contra a patifaria que rola solta em Brasília, cada um conta um caso de um amigo próximo que enriqueceu da noite para o dia às custas do dinheiro público (o difícil é disfarçar aquela pontinha de admiração pelo “ixperto”). Depois traçamos os planos para endireitar o país. Planos que vão embora pelo ralo do mictório antes de pagar a conta. BMB de carteirinha!

Os anos passam e as conversas vão mudando: PC Farias, anões do orçamento, precatórios, privatizações, dólar na cueca, mensalão, sanguessugas, vampiros, Lulinha Gamecorp, Daniel Dantas, o dono do castelo, Petrobrás, e agora a cereja do bolo, ele, o único, o inigualável Sarney!

Sarney é como um ícone do atraso nacional (clientelismo, fisiologismo, nepotismo, coronelismo, apropriação da máquina pública, desvio de verbas públicas, etc.)! Mas o que seria do Sarney sem a legitimidade dos BMB´s? O que seria da ilha da fantasia, dos cabides de empregos, dos lobistas, do QI (Quem Indicou), dos cargos de confiança, dos funcionários fantasmas, dos atos secretos sem a nossa apática presença? Imaginem se no nosso lugar estivessem aqueles sul-coreanos malucos que iam para a rua protestar, partindo pra cima da polícia, ou aqueles jovens em Seattle que furavam um forte esquema de segurança da OMC para protestarem contra a globalização.

O BMB precisa ter o seu papel reconhecido, somos nós que deixamos tudo correr frouxo, somos nós que damos uma cara de democracia a este coronelismo em que vivemos. O nosso poder aquisitivo acima da média nacional protege o Congresso e os palácios da miséria e da violência que fervilham em nosso entorno.

Bundas-Moles, vamos exigir os nossos direitos! Precisamos finalmente mostrar a nossa cara. Nunca antes na história deste país o bundamolismo foi tão grande. Seja ele de centro, de esquerda ou de direita. Bundamolismo no movimento estudantil chapa-branca, nos sindicatos que só vão para a frente do Congresso para pedir aumento e nos artistas que se acomodaram no conforto dos patrocínios oficiais.

Vamos exigir que se crie em Brasília o museu do bundamolismo nacional na esplanada dos ministérios, uma enorme bunda branca de concreto, que irá combinar muito bem com a arquitetura de Niemeyer.

Assistimos de nossas poltronas o Brasil tomar o rumo da mediocridade, sem um projeto à altura do seu papel de grande potência ambiental do planeta, que pode liderar a nova economia limpa e inclusiva que irá gerar milhões de empregos. Mas que faz o contrário, age como a eterna colônia de exportação de matéria-primas, fazendo vista grossa para o colosso chinês que irá nos engolir com a sua máquina movida à destruição ambiental e desrespeito aos direitos humanos, para criar uma efêmera ilusão de prosperidade às custas de nossa biodiversidade e da nossa água doce (estes sim os nossos bens mais
valiosos).

Somos testemunhas do surgimento de uma geração despreparada, tanto para a cooperação quanto para a competição, sem espírito empreendedor, fadada à eterna submissão ao “salvador da pátria” de plantão. Assistimos, de nossos computadores, quando estamos fazendo cera no trabalho, ao maior atentado à democracia desde o golpe de 64, mas desta vez o golpe não está sendo feito com armas. Está sendo feito com a ridicularização das instituições, com a banalização dos escândalos, com a desmoralização da ética e com a idiotização do contribuinte.

A bundamolização é muito mais eficaz do que o autoritarismo, ela pode ser eletrônica, através de novelas, videocassetadas, big brothers e cultos picaretas. Pode ser química, com cerveja, maconha ou anti-depressivos. E também pode ser ideológica, com receitas milagrosas e debates calorosos que sempre desaparecem em um clicar do mouse.

Vivemos em uma sociedade anestesiada e chapada, sem rumo, imersa em ilusões baratas. O bundamolismo nos une, não segrega ninguém, é a democracia verdadeira que brilha por debaixo de uma crosta de hipocrisia e ignorância. E como toda ideologia que se preze, nós temos o nosso avatar, o nosso guru. Aquele que nos trás para a realidade e mostra quem realmente somos, revela o nosso eu profundo, a nossa essência.

Obrigado Sarney, só você para tirar as minhas dúvidas e me mostrar o mundo real por trás das ilusões. Sarney, nós somos duas faces da mesma moeda. Somos Yin e Yang. Nós somos os pilares deste país, um não existiria sem o outro. A sua cara de pau só existe porque do outro lado está a minha babaquice.

Bundas-Moles de todo o país uni-vos! Vamos celebrar a nossa mediocridade, vamos sair às ruas gritando: Viva Sarney! Viva Collor! Viva Maluf! Viva Roriz! Viva Renan Calheiros! Viva Jader Barbalho! Viva Romero Jucá! Viva Delúbio! Viva o presidente que não viu nada! Viva a República das bananas do Brasil!

Mas isso é pedir demais para um bunda-mole. Vou voltar para a minha poltrona porque o Jornal Nacional já vai começar.

By Adelécio Freitas, um BMB legítimo.

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