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O valioso tempo dos maduros

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O valioso tempo dos maduros

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, roía até o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos; quero a essência, minha alma tem pressa!

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena. E, para mim, basta o essencial!

“By Ricardo Gondim, texto que consta em seu livro “Creio, Mas Tenho Dúvidas”, publicado pela Editora Ultimato.

O bem e o mal

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 04/05/2014 by Joe

O bem e o mal

Há uma lenda referente à pintura da Santa Ceia, ou “Última Ceia de Jesus com seus Apóstolos”.

Ao conceber este quadro, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o bem – na imagem de Jesus, e o mal – na figura de Judas, o amigo que resolvera traí-lo durante o jantar.

Interrompeu o trabalho no meio, até que conseguisse encontrar os modelos ideais.

Certo dia, enquanto assistia a um coral, viu em um dos rapazes a imagem perfeita de Cristo. Convidou-o para o seu ateliê e reproduziu seus traços em estudos e esboços.

Passaram-se três anos.

A “Última Ceia” estava quase pronta, mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas. O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressioná-lo, exigindo que terminasse logo o mural.

Depois de muitos dias procurando, o pintor finalmente encontrou um jovem prematuramente envelhecido, bêbado, esfarrapado, atirado na sarjeta. Imediatamente, pediu aos seus assistentes que o levassem até a igreja.

Da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas na face do mendigo que mal conseguia parar em pé.

Quando terminou, o jovem – já um pouco refeito da bebedeira – abriu os olhos e notou a pintura à sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:

– “Eu já vi esse quadro antes!”

– “Quando?” – perguntou, surpreso, Da Vinci.

– “Há três anos atrás, antes de eu perder tudo o que tinha, numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus”!

O bem e o mal têm a mesma face; tudo depende apenas da época em que cruzam o caminho de cada ser humano.

Desconheço a autoria.

Japão canta Beethoven

Posted in Videos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 24/06/2012 by Joe

Dezembro no Japão também é uma época festiva, cheia de trocas de presentes, orações para o novo ano, ramos de bambu e pinho em frente das casas, festas nos escritórios e a Nona de Beethoven.

Nona de Beethoven?

Ninguém sabe ao certo como isso começou, mas na verdade o Coral da Sinfonia de Ludwig van Beethoven é o destaque da temporada, de tempo seco e dias irritantemente curtos. A sinfonia é realizada centenas de vezes nesse mês, por grupos profissionais e amadores de todo o país.

Algumas orquestras executam-na sem parar, uma atrás da outra. Na última temporada, a NHK Symphony Orchestra executou o que os japoneses chamam de Daiku, ou Big Nine, cinco vezes nesse mês; a Tokyo Symphony Orchestra 13 vezes e a Japan Philharmonic Symphony Orchestra 11 vezes.

“Para o japonês, ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven no final do ano é uma experiência quase religiosa”, conta Naoyuki Miura, diretor artístico da “Música do Japão”, que patrocina shows no exterior. “As pessoas sentem que não concluíram o ano espiritualmente até ouví-la.”

Da mesma forma que o Ocidente canta “Messiah”, de Handel, na época do Natal, a Nona de Beethoven também chama o público para cantar junto, em performances em que o público participa nos coros de “Ode à Alegria”, de Schiller, cantando palavras em alemão, que mal compreende.

Os concertos são como versões mais elaboradas de bares de karaokê japonês, botecos noturnos favoritos dos japoneses que gostam de beber e cantar canções populares como “My Way”, usando microfones para um fundo musical gravado. Mas nada supera a Nona de Beethoven, um karaoke transcendental!

“Quando a música termina, as luzes da sala ficam borradas pelas lágrimas”, disse Izumi Yoshida, uma dona de casa de 40 anos descrevendo uma recente performance.

Assistam o video abaixo e curtam a emoção de 10.000 pessoas cantando junto a Nona Sinfonia de Beethoven, em uma performance gravada em Osaka em Dezembro de 2011, especialmente dedicada às vítimas do desastre ecológico ocorrido em Março daquele ano!

By Joemir Rosa.

Carmina Burana

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 13/11/2011 by Joe

“Cantiones profanæ cantoribus et choris cantandæ comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis” (Carl Orff)

Carmina Burana é uma cantata cênica de poesias latinas medievais, pretendida para ser representada e dançada, posta sobre textos em baixo latim e baixo alemão, os quais foram extraídos de uma colocação de duzentas peças poéticas diversas compiladas pelo final do século XIII.

A palavra Carmina é o plural de Carmen (em português, Canção). O título inteiro significa literalmente: Canções dos Beurens; esta última palavra se refere ao fato de que os textos escolhidos para esta cantata secular foram descobertos em 1803 em um velho mosteiro beneditino da Baviera, em Benediktbeuren, no sudoeste da Alemanha.

Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade, o conceito da Roda da Fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E, assim, o apelo em coral à Deusa da Fortuna (O Fortuna, Velut Luna) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três seções: o encontro do Homem com a Natureza, particularmente com a Natureza despertando na primavera (Veris eta facies). Seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (In taberna); e seu encontro com o Amor (Amor volat undique).

A maioria dos mais de duzentos poemas sacros e seculares remonta ao século XIII e foi escrita por um grupo profano de errantes chamados Goliardos. Estes monges e menestréis desgarrados passavam o seu tempo deliciando-se com os prazeres da carne e os poemas que eles deixaram, faziam a crônica de suas obsessões, por vezes ao ponto da obscenidade.

Este manuscrito abrange todos os gêneros, de versificação erudita à paródias de textos sacros, incluindo canções de amor e melodias irreverentes e até grosseiras. O fato de que o texto original destes Poemas de Benediktbeuren seja executada hoje em dia com tão extraordinário sucesso artístico, permite ao ouvinte discernir ainda melhor as intenções de Orff onde sua música não se expressa claramente.

Como uma antologia, Carmina Burana apresenta tudo o que o mundo cristão entre os séculos XI e XII fora capaz de exprimir. Aquela época não foi secionada como a nossa, nem inibida pelos nossos tabus. Assim, os autores anônimos dessas saturnálias escritas não temiam espalhar a chama incandescida pelo contato inesperado de uma melodia litúrgica e uma blasfêmia, mais precisamente um priapismo verbal, ou inversamente de uma nova melodia profana e uma profissão de fé.

Neste sentido, a coleção original restaura, para nós todo um cosmo onde o Bem não existe sem o Mal, o sacro sem o profano e a fé sem maldições e dúvidas: a oscilação onde se encontra a grandeza da Humanidade.

A dialética freudiana foi necessária para a redescoberta deste humanismo medieval até então considerada bárbara e cruel; uma vitalidade que permitiu ao homem sobreviver ao sofrimento da guerra, o mundo infestado pela praga em que ele era submetido à injustiça, à instabilidade, e mantido na ignorância de tudo que não fosse santificado pelo dogma. Sabemos que insultos dirigidos contra a autoridade, palavras ofensivas e blasfêmias que temperavam de maneira acre a expressão dessa energia vital eram herdadas do mundo antigo e chegaram ao começo do renascimento na tradição dos Carnavais e Triunfos que Lorenzo de Medicis e Rabelais ilustrariam, cada qual por sua vez.

Esta genealogia espiritual era tão familiar a Orff que ele concebeu Carmina Burana como apenas o primeiro elemento de uma trilogia intitulada Trionfi – Trittico Teatrale, que incluiria Catulli Carmina (1943) e Trionfi dell’Afrodite (1952), uma obra que revelou a significação do todo: só o Desejo e o Amor podem capacitar o Homem a viver, lutar e crer.

A primeira apresentação de Carmina Burana foi na Ópera de Frankfurt em Junho de 1937. Causou uma grande impressão sobre o público e a aclamação mundial que recebeu a partir daí prova que não perdeu nada do seu efeito hipnótico.

A trilogia Carmina Burana é obra coral de exuberante alegria e fortes acentos eróticos; a obra, inicialmente destinada para representação como ópera, venceu, porém, nas salas de concerto. A música é deliberadamente anti-romântica. É uma música inteiramente original, quase sem harmonia, baseada só em elementar forma rítmica, acompanhada por orquestra inédita: principalmente instrumentos de percussão e vários pianos.

O manuscrito original inclui poucas melodias anotadas que Carl Orff levou em consideração, mas não citou diretamente, ampliando apenas sua atmosfera particular com instrumentos ancestrais que usou em seu Método, aqueles mais exigidos pela música contemporânea: uns poucos instrumentos de sopro, sem violinos, mas uma ampla família de percussão.

Não há contradição entre a obra do compositor e seu Método: ambos falam ao mesmo irredutível descendente dos homens das cavernas, que aparentemente estão tão pouco à vontade hoje em dia em seu universo de ar condicionado.

Texto do site Spectrum Gothic.

Comentário do Blog:

No video abaixo, a apresentação da obra completa, pela Orquestra Sinfônica e Coral da Universidade da Califórnia, Davis , Coral Alumni e Pacific Boychoir Academy, da obra Carmina Burana, de Carl Orff, no Mondavi Center no campus da UC Davis University. Condução do maestro Jeffrey Thomas, Shawnette Sulker, soprano, Gerald Thomas Gray, tenor, e Malcolm MacKenzie, barítono.

Para quem quiser mais informações de uma passadinha pelo site abaixo para conteúdo e letras originais de toda a obra:

http://www.classical.net/music/comp.lst/works/orff-cb/carmlyr.php

No site abaixo, tradução das letras:

http://www.das.ufsc.br/~sumar/perfumaria/Carmina_Burana/carmina_burana.htm

Espero que curtam mais este clássico!!!

By Joemir Rosa.


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