O certo seria a gente não sofrer, e apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa bacana que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um bom tempo, um tempo feliz!
Desconheço a autoria.
Tem dor que vira companhia. Olhando de perto, faz tempo que deixou de doer, só tem fama, mas a gente não solta.
Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável.
Quando, finalmente, criou coragem e deixou de dar casa, comida e roupa lavada para a tal dor, ela desapareceu.
By Ana Jácomo.
Não me interessa o que você faz para ganhar a vida. Quero saber o que você deseja ardentemente, se ousa sonhar em atender aquilo pelo qual seu coração anseia…
Não me interessa saber a sua idade. Quero saber se você se arriscará a parecer um tolo por amor, por sonhos, pela aventura de estar vivo…
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se tocou o âmago de sua dor, se as traições da vida o abriram ou se você se tornou murcho e fechado por medo de mais dor…
Quero saber se pode suportar a dor, minha ou sua, sem procurar escondê-la, reprimí-la ou narcotizá-la. Quero saber se você pode aceitar alegria, minha ou sua; se pode dançar com abandono e deixar que o êxtase o domine até a ponta dos dedos das mãos ou dos pés, sem nos dizer para termos cautela, sermos realistas, ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos…
Não me interessa se a história que me conta é a verdade. Quero saber se consegue desapontar outra pessoa para ser autêntico consigo mesmo, se pode suportar a acusação de traição e não trair a sua alma…
Quero saber se você pode ver beleza, mesmo que ela não seja tão bonita todos os dias, e se pode buscar a origem de sua vida na presença de Deus…
Quero saber se você pode viver com o fracasso, seu e meu, e ainda, à margem de um lago, gritar para a lua prateada: “Posso!”
Não me interessa onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se pode levantar-se após uma noite de sofrimento e desespero, cansado, ferido até os ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos seus filhos…
Não me interessa saber quem você é e como veio parar até aqui. Quero saber se você ficará comigo no centro do incêndio e não se acovardará…
Não me interessa saber onde, o quê, ou com quem você estudou. Quero saber o que o sustenta a partir de dentro, quando tudo o mais desmorona…
Quero saber se consegue ficar sozinho consigo mesmo e se realmente gosta da companhia que tem nos momentos vazios.
By Oriah Sonhador da Montanha, Índio Americano.
Muita gente anda vivendo por viver, parece que anda fugindo de si mesma, com medo de encarar a realidade.
Que adianta o apartamento enorme se a alma está vazia; que adianta o carro luxuoso se o medo te acompanha? Que adianta o celular último tipo se quem você quer não te liga; que adianta a promoção se o emprego não te traz satisfação?
Que adianta o namoro de anos se não existe mais alegria; pra que esse casamento de fachada, se você já sabe de todas as traições?
Que adianta essa oração na hora do desespero, se Deus esteve sempre presente e você nunca o procurou?
De que adianta essa cara fechada, se nós não temos nada a ver com seus problemas?
Que adianta chutar o cachorro, se ele nem te conhece e você vai continuar doente?
Que adianta o remédio para pressão, se você continua fumando; que adianta o conselho, se você continua agindo à sua maneira; que adianta o guia, se você está cego?
Que adianta o choro, se o amor acabou; que adianta a comida, se a fome passou; pra que o calmante, se ele não te acalma; que adianta gastar tanto no casamento que já nasce cheio de dúvidas, e o pior, cheio de dívidas?
Que adianta o terapeuta se você continua fazendo tudo da mesma forma?
Melhor seria viver simplesmente a vida e toda a sua beleza, estudar por prazer, trabalhar no que gosta, mesmo ganhando menos, ficar só e ter a melhor companhia, porque antes só do que mal acompanhado.
Viver em um casebre limpo e arejado onde todos se falam, se beijam e se abraçam, onde uma casa vira lar.
Melhor andar a pé que morrer de nervoso ao volante no trânsito; e para ser mais feliz, melhor é amar com simplicidade as pessoas, os animais, a natureza, tudo sem frescura; não ter vergonha de abraçar e demonstrar o seu amor, como crianças que abraçam as árvores com ingenuidade, que conversam com as plantas, com seus cachorrinhos, e que ouvem as respostas que nós, adultos tão esclarecidos, não conseguimos ouvir, e por isso estamos morrendo cada dia um pouco, lentamente, na tristeza que nos consome, no vazio de querer sempre mais daquilo que nem sabemos o que é.
Pare, pense e mude.
Ainda dá tempo de ser simplesmente feliz. Só depende da sua atitude, só depende de você e o dia é hoje.
Pense nisso!
By Paulo Roberto Gaefke.
“Somos o que amamos” é uma expressão que está incluída na fraseologia de Santo Agostinho. Uma frase lapidar e de que mais gosto. Uma frase que traduz de maneira ímpar a experiência mais pura e cristalina do que é o amor.
O amor se identifica com o cotidiano e se estende para toda a eternidade. Uma leveza infinita que habita em nossos corações. Uma alegria suave que nos atravessa o corpo.
Por que não dizer que o amor é uma realidade maior que nos arranca de nós mesmos? E, com isso, fazemo-nos dom para aqueles que amamos.
Quando aprendemos que “somos o que amamos”, descobrimos que, por tantos e quantos caminhos andarmos, estaremos sempre na companhia da pessoa amada. Nosso corpo se transforma no corpo dela. Nossos sonhos são extensão dos sonhos dela. Nossos desejos confundem-se com os dela.
Alguém disse:
– “Amar é dizer a alguém: tu não morrerás!”
Fantasia, imaginação, afetividade, inteligência prendem-nos ao processo de amar e de nos transformar na pessoa amada. Nosso ser fica cativo do amor.
Lendo Rumi, um místico muçulmano, meu coração ficou acelerado com suas belas palavras:
– “Teu amor chegou ao meu coração e partiu feliz. Depois retornou e se envolveu com o hábito do amor, mas retirou-se novamente. Timidamente, eu lhe disse: permanece dois ou três dias! Então veio, assentou-se junto a mim e esqueceu-se de partir”.
Fico pensando que o amor nos leva a viver uma pontinha de egoísmo. Afinal, desejamos a eternidade para a pessoa que amamos e para nós mesmos, que estamos amando.
Diante do amor renunciamos a interrupção, o cansaço, o término e o passageiro e abraçamos a eternidade como projeto único e suficiente de vida.
“Somos o que amamos” revela que a força do amor reside no desejo de ajudar no crescimento do outro, fazendo-o melhorar e superar seus limites. O amor não teme enfrentar o lado obscuro do outro e não desanima. Ao contrário, fala quando acredita na força de uma conversa brotada do amor.
O amor é capaz de gerar um clima de empatia no qual os gestos e as palavras, nascidos do conhecimento do outro, penetram suave como a chuva fina e leve.
Desconheço a autoria.
Antes de estar com alguém, estamos junto com nós mesmos. E, eventualmente, temos medo do silêncio, acumulamos informação nas paredes, usamos ajuda para relaxar a mente, ficamos desconfortáveis na multidão. Evitamos nossa primeira companhia, buscando a resposta além, ansiando sentirmo-nos completos por uma promessa de felicidade.
Grande influência para nosso comportamento é o Romantismo, que nos visita nas comédias românticas, novelas, brinquedos de crianças e cantigas desde a primeira infância, e catequiza gerações desde Shakespeare a fazer das decisões da vida um drama, viver o presente ou desejar o fim de todo sofrimento. É a arte do sonho e da fantasia. Graças a ele, somos incentivados a ansiar nosso lugar ao sol. Mas, também devemos lembrar dos perigos de viver na terra das fadas, e negar a realidade.
Nascemos sós, com nossa consciência e o céu. E não há nada de estranho em estar no cinema desacompanhado. Precisamos nos compreender, para compreender o outro. Contemplar em silêncio os sons da cidade faz parte de integrar-se com o mundo, e aceitar que somos parte dele: quanto de você está presente na chuva lavando a calçada. Como você sente seus pés. Como sente o coração. Investir tempo para responder honestamente se você é feliz.
O maior estranhamento que podemos causar em alguém é perguntar o quanto ela é feliz. Contudo, poucas coisas são tão absolutas quanto a felicidade. Dizer que ela independe do dinheiro, do trabalho, não é novidade. Mas, vale reforçar que ela depende somente dos nossos olhos.
Dessa forma, não existe nenhum amor que nos torne completos. Porque a resposta não é essa. A resposta somos nós mesmos. Estar com alguém pode ser mais solitário que aceitar o fim. E crer que a felicidade virá junto com um Messias romântico prometido é frustrante.
Entramos inteiros ou partidos numa história, mudamos por próprio mérito para menos ou para mais, e é isso. O romantismo é saudável, mas quanto dele é um desespero por algo grandioso na vida, simplesmente para jogarmos a bola para alguém. O companheirismo de uma vida é, definitivamente, grandioso; que o diga Tarcísio Meira e Gloria Menezes, Jorge Amado e Zélia Gatai. Mas, e quando amamos estar apaixonados mais do que o objeto do nosso afeto. A maior prova está em “amor à primeira vista”, que é o cúmulo do não amor, e cujo sucesso depende inteiramente da sorte. Beleza, caráter, coragem, inteligência não são correlacionados, não é estatística. Insistimos em “riscos” desnecessários ao adotarmos estratégias levianas e depois lamentamos tanto azar. Por desespero de quê? Nutrimos relações destrutivas e sofremos por acabar destruídos.
Amar é estar em paz consigo mesmo. E estar em paz já é um grande desafio. Nenhuma resposta mágica aparece junto com o amor. Pelo contrário. Aparecem mais perguntas e desafios. Então, se você acha que sua rotina demanda muito, deveria evitar mais uma tribulação.
Se não, tornamo-nos vítimas de clichês e nada mais acontece.
Para estar junto é preciso primeiro saber estar só. Estar feliz consigo mesmo. Porque não é mérito de mais ninguém, que não você, como vai a sua vida. Companheiro ou santo nenhum têm poder de salvar nossas peles, podem dar o exemplo. Que tal?
Para estar junto é preciso primeiro respeitar o contorno do próximo. Não se fundir a ele e virar uma massa amorfa, com consciência coletiva. Casais são duas unidades juntas, mas são unidades.
O ser humano é tão rico e misterioso, devemos explorar nosso potencial e melhorar o mundo, e evitar caber numa caixinha etiquetada. Somos únicos e infinitos. Somos sós e completos. Ainda assim, escolhemos voar juntos. E isso é fantástico! Mas, para que a vista seja boa, é preciso criar força nas asas e dar nosso primeiro salto sós.
By Tamara Ferreira.
Uma vez uma companhia enviou um vendedor de sapatos a uma cidade na África aonde ele nunca tinha vendido. Ele era um dos vendedores mais antigos e experientes, e esperavam grandes resultados.
Logo após sua chegada à África, o vendedor escreveu para a companhia dizendo:
– “É melhor eu voltar. Aqui ninguém usa sapatos”.
Voltou.
A companhia decidiu, então, enviar outro vendedor que não possuía muita experiência, mas era dotado de grande entusiasmo. A companhia achava que ele seria capaz de vender alguns pares de sapatos. Poucos dias depois de sua chegada, ele enviou um telegrama urgente para a firma dizendo:
– “Por favor, enviem todos os sapatos disponíveis. Aqui ninguém usa sapatos!”
Uma oportunidade de negócio – ou pessoal – pode surgir a qualquer momento para cada um de nós. A pergunta é:
– “Você está preparado para percebê-la?”
Muitas vezes nos queixamos da vida, culpamos terceiros pelos nossos infortúnios, dizemos que não temos sorte e outras coisas mais. Mas não aprendemos uma frase que um autor sempre diz:
– “Sorte é quando preparação encontra oportunidade”.
Você precisa se preparar a cada dia para, quando uma oportunidade surgir, possa agarrá-la e não soltá-la mais. É como um atleta que vai correr a São Silvestre e não se prepara devidamente: não vai conseguir nem terminar o percurso.
Preparação envolve várias coisas: estudo, pesquisa, atividade física, mental, espiritual, pessoal, profissional.
Às vezes, uma grande oportunidade pode estar debaixo de nosso nariz e não a percebemos. Precisamos ampliar nossa visão, usando lente de aumento, para enxergarmos uma oportunidade. Geralmente ela surge onde nunca imaginamos, quando menos esperamos…
Portanto, apresse seus passos, antes que outros a vejam.
Desconheço a autoria.
Acho que foi em 1993. Numa entrevista histórica para a MTV, Renato Russo disse a Zeca Camargo que achava lealdade mais importante que fidelidade. Eu era menina, mas lembro que gravei a entrevista numa fita VHS e revi inúmeras vezes, me intrigando sempre nessa parte.
Eu entendia pouco acerca do amor, dos afetos, da durabilidade das relações. Mas Renato Russo me influenciava numa época em que meu pensamento ainda estava sendo moldado e eu tentava, imaturamente, entender aquela declaração.
Isso foi há vinte anos. De lá pra cá, relações se construíram e desconstruíram na minha frente. E, vivendo minha própria experiência, finalmente consigo entender, e de certa forma concordar, com Renato Russo.
A fidelidade é permeada por regras, obrigações, compromisso. É conexão com fio, em que te dou uma ponta e fico com a outra. Assim, ficamos ligados, mas temos que manter a vigília para o fio não escapar e nosso aparelho não desligar.
Já a lealdade permeada pelo vínculo, vontade e emoção é o pacto que se firma não por valores morais, e sim emocionais. É conexão “wi-fi: fidelidade sem fio”, que faz com que eu permaneça unida a você, independente da existência de condutores ou contratos. Permaneço em pleno funcionamento por convicções permanentes e duradouras, invisíveis aos olhos.
Amor nenhum se atualiza sozinho. O tempo passa, a gente muda, o amor modifica. E, nessa evolução toda, a única tecla capaz de atualizar e permitir a duração do amor, é a tecla da lealdade. É ela que conta ao outro que estou mudando, que não gosto mais daquele apelido, ou que aquela mania de encostar os pés gelados em mim embaixo do cobertor ficou chata. É ela que diz que eu gosto tanto do seu cabelo jogado na testa, por que é que não deixa sempre assim?
Ou que traduz que tenho medo de te perder, mas ainda assim preciso lhe contar que na época da faculdade usei drogas, pratiquei magia ou fiz um aborto. É ela que permite que coisas ruins ou não tão bonitas encontrem um refúgio, um lugar seguro onde possam descansar em paz. É ela que faz o amor se atualizar e durar!
Lealdade é não precisar solicitar conexão. É conectar-se sem demora, reservas ou desconfianças. É compartilhar a senha da própria vida, com tudo de bom e ruim que lhe coube até aqui.
Leal é quem conhece as fraquezas, revezes, tombos e dificuldades do outro e não usa isso como álibi na hora da desavença; ao contrário, suporta sua imperfeição e o ajuda a se levantar.
Leal é quem lhe defende na sua ausência. É quem prepara seu terreno, se preocupa com sua dor, antecipa a cura.
Leal é aquele que é fiel por opção, atento ao amor que possui, zeloso com o próprio coração; é quem não omite o próprio descontentamento, mas aponta o que pode ser feito pra não se perder.
Então, sim, eu concordo com Renato Russo e acho que deslealdade separa mais que infidelidade. Pois não adianta não trair por fora, se traio o amor por dentro; se tenho medo de arriscar e polpo meu afeto de se conhecer por inteiro; se não tolero meu caos e vivo uma mentira imaculada; se não absolvo minha história nem perdoo meu enredo, desejando fazer dele uma fábula fantasiosa aos olhos de quem amo; se contrario minha vontade e disposição e omito minhas intolerâncias pra não ferir, me afastando silenciosa e gradativamente até a ruptura; se me apresento por partes – as melhores ficam aparentes, as nem tanto eu omito e não permito ser conhecido.
Finalmente, se não confio a ponto de compartilhar a poltrona do carona ao meu lado reservando apenas o banco de trás (e olhe lá!) à minha companhia nessa viagem!
By Fabíola Simões, do blog “A Soma de Todos Afetos“.