Arquivo para Circo

Trapezistas

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 23/01/2014 by Joe

Trapezista

Como é belo sermos trapezistas nesse circo em que nossa vida se transforma!

Às vezes estamos na corda bamba, às vezes fazemos papel de palhaços, às vezes rimos dos palhaços que nem sabem que são, outras vezes rimos de nós mesmos, e ainda muitas vezes enfrentamos feras no picadeiro…

Mas vivemos sempre lá em cima, trapezistas da nossa própria existência, bailarinos da nossa própria esperança. Muitas vezes tiramos até as redes de proteção para que o risco seja maior que o riso, para que nossos saltos sejam mais emocionantes e mais altos, para que a aventura seja ainda mais perfeita e mais profunda.

E, se um dia voarmos de encontro ao chão, isso não terá nenhuma importância maior, porque também viveremos a emoção da própria queda.

Quem cai por amor à vida, cai sempre para cima!

By Edson Marques.

Pontos de vista

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 22/03/2012 by Joe

Certa vez, cinco alunos foram submetidos a uma experiência curiosa. Todos, de olhos vendados, foram conduzidos para perto de um elefante em um circo a fim de identificarem suas características.

O primeiro passou vagarosamente as mãos nas orelhas do bicho e falou, convicto:

– “É algo espalhado, como um tapete.”

O segundo aproximou-se, esticou o braço, pegou na tromba e exclamou:

– “É uma coisa comprida e redonda, deve ser uma jibóia.”

Tocando demoradamente uma das pernas do animal, o terceiro falou, um tanto exaltado:

– “Isto não é um animal, é um tronco de árvore.”

O quarto aluno apalpou por várias vezes uma das presas e disse:

– “Ah! Isto não é um tronco, mas sim uma lança muito pontiaguda.”

O quinto e último, por sua vez, exclamou com segurança tocando o rabo do animal:

– “Definitivamente isto é apenas uma corda muito fina!”

E por não entrarem num acordo, os alunos começaram uma discussão acalorada. Afinal, todos eles haviam tocado o animal com as próprias mãos e, por esse motivo, cada um tinha seu próprio ponto de vista.

Para acalmar os ânimos, o professor falou com firmeza:

– “Cada um de vocês está certo, mas cada um está errado também. Todos querem defender o seu ponto de vista, mas não querem admitir que o outro possa estar com uma parcela da verdade.”

Ato contínuo, tirou as vendas dos jovens e todos puderam contemplar o enorme elefante e perceber que todas as opiniões tinham seus fundamentos.

Grande parte dos desentendimentos entre as pessoas, na vivência diária, é resultado de cada um defender o seu ponto de vista sem se permitir ver as coisas sob o ponto de vista do outro. Todos querem ter razão, sem abrir mão da sua “verdade”.

No entanto, tudo seria mais fácil se admitíssemos a possibilidade de o outro estar certo. As pessoas são individualidades que trazem consigo possibilidades muito próprias no entendimento de coisas e situações.

Por essa razão não podemos exigir que os outros vejam com os nossos olhos, nem que pensem com a nossa mente.

Se todos compreendêssemos esses detalhes importantes nos relacionamentos, certamente evitaríamos grande parcela de dissabores e discussões inúteis!

Todas as flores são flores, mas o gerânio não tem as características do cravo e nem a rosa as da violeta.

Todos os frutos são frutos, mas a laranja não guarda semelhança com a pera.

Além disso, cada flor tem o seu perfume original, tanto quanto cada fruto não amadurece fora da época prevista.

Assim também é com as criaturas. Cada pessoa respira em faixa diversa de evolução. É justo que nos detenhamos na companhia daqueles que sentem e pensam como nós, entretanto, é caridade não violentar a cabeça daqueles que não comungam das nossas ideias.

Pensemos nisso!

Desconheço a autoria, mas seria ótimo se cada um de nós entendesse, praticasse e respeitasse (principalmente!) a diversidade humana, em todos os aspectos! Haveria muito menos preconceitos, discussões e violência! O mundo precisa de respeito! Só isso já resolveria metade de todos os problemas do ser humano!

A Maldição do Tigre

Posted in Livros with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 15/01/2012 by Joe

Livro: A Maldição do Tigre
By Colleen Houck
Editora Sextante

Paixão. Destino. Lealdade. Você arriscaria tudo para salvar seu grande amor?

Kelsey Hayes perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um lindo tigre branco chamado Dhiren.

O animal tem olhos profundos e solitários e Kelsey se identifica de imediato com ele e acaba passando a maior parte do seu tempo ao lado dele.

O que a jovem órfã ainda não sabe é que seu tigre Ren é, na verdade, Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que foi amaldiçoado por um mago há mais de 300 anos, e que ela pode ser a única pessoa capaz de ajudá-lo a quebrar esse feitiço.

Determinada a devolver a Ren sua humanidade, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto pelo tigre quanto pelo homem.

A Maldição do Tigre é daqueles livros que você começa e não quer mais parar enquanto não terminar sua leitura. Neste primeiro volume de uma saga fantástica e épica, o leitor é apresentado a mitos hindus, lugares exóticos e personagens sedutores, num ritmo com pitadas de Indiana Jones!

No video abaixo, uma entrevista com a autora do livro, onde ela fala sobre a inspiração que teve após ler “Crepúsculo”, “Lua Nova” e “Eclipse” e outros detalhes (contém spoilers) que farão parte da saga que está escrevendo!

Para quem curtiu a saga de Stephenie Meyer, é uma obra imperdível, obrigatória!

By Joemir Rosa.

À Vossas Excelências

Posted in Homenagem with tags , , , , , , , , , , , , , on 10/07/2011 by Joe

Na música e vozes dos Titãs, a homenagem do povo brasileiro a todos os “artistas” que tem colaborado para manter, há muito tempo, o Circo da Política Brasileira em alta, com capítulos inéditos de hipocrisia, mentiras, corrupção, roubalheiras, caras de pau, e a ratificação do coronelismo na política nacional.

O vídeo é um pouco antigo, mas serve para verificarmos que algumas “moscas” mudaram, mas o “açúcar” continua o mesmo!!

Até quando?

Vossa Excelência
(P. Miklos, T. Bellotto, C.Gavin)

Estão nas mangas dos Senhores Ministros
Nas capas dos Senhores Magistrados
Nas golas dos Senhores Deputados
Nos fundilhos dos Senhores Vereadores
Nas perucas dos Senhores Senadores
Senhores!
Senhores!
Senhores!
Minha Senhora!
Senhores!
Senhores!
Filha da Puta!
Bandido!
Corrupto!
Ladrão!
Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
Um dia o sol ainda vai nascer
Quadrado
Isso não prova nada!
Sob pressão da opinião pública
É que não haveremos de tomar nenhuma decisão!
Vamos esperar que tudo caia no esquecimento
E aí então…
Faça-se a justiça!
Vamos arrumar vossas acomodações, Excelência.
Filha da Puta! Senhores! Corrupto!
Senhores! Bandido! Senhores! Ladrão!

By Joemir Rosa.

Água Para Elefantes

Posted in Livros with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 15/05/2011 by Joe

Livro: Água Para Elefantes
O Maior Espetáculo da Terra
By Sara Gruen
Editora Sextante

Água Para Elefantes é um obra da escritora Sara Gruen, autora dos best-sellers Riding Lessons e Flying Changes. A obra narra a história de Jacob Jankowski, que desde que perdeu sua esposa vive em uma casa de repouso, cercado por senhoras simpáticas, enfermeiras solícitas e fantasmas do passado. Durante 70 anos Jacob guardou um segredo. Ele nunca contou a ninguém sobre os anos de sua juventude em que trabalhou no circo.

Aos 23 anos, Jacob era um estudante de veterinária. Mas sua vida muda quando seus pais morrem em um acidente de automóvel. Órfão, sem dinheiro e sem ter para onde ir, ele deixa a faculdade antes de prestar os exames finais e acaba pulando em um trem em movimento, o Esquadrão Voador do Circo Irmãos Benzini, o Maior Espetáculo da Terra.

Admitido para cuidar dos animais, Jacob sofrerá nas mãos do Tio Al, o empresário tirano do circo, e de August, o ora encantador, ora intratável chefe do setor dos animais. É também sob as lonas dos Irmãos Benzini que Jacob vai se apaixonar duas vezes: primeiro por Marlena, a bela estrela do número dos cavalos e esposa de August, e depois por Rosie, a elefanta aparentemente estúpida que deveria ser a salvação do circo.

Água Para Elefantes é tão envolvente que seus personagens continuam vivos muito depois de termos virado a última página. Sara Gruen nos transporta a um mundo misterioso e encantador, construído com tamanha riqueza de detalhes que é quase possível respirar sua atmosfera.

A cada página o leitor é transportado para novas realidades e envolvido em novas emoções! A obra já ganhou inúmeros prêmios, e acabou virando filme (já nos cinemas brasileiros).

Uma obra imperdível, para todos que curtem circo e gostam de se envolver em suas histórias e lendas!

By Joe.

O povo unido …

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 12/11/2010 by Joe

“Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece”, observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, ledor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora quando a coragem chega:

– “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos”.

Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre o que me calei: “O povo unido jamais será vencido”. É disso que eu tenho medo.

Em tempos passados invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo” tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo … Não sei se foi bom negócio: o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de televisão que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse, na montanha, para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os 10 mandamentos.

E há ainda a estória do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou. Passado muito tempo Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos e o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre…” Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta. Mas sabia que ela não era confiável.

O povo sempre preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhes contavam mentiras. As mentiras são doces. A verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrolava com pão e circo. No tempo dos romanos o circo era os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver sangue e ouvir gritos!

As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro “O homem moral e a sociedade imoral” observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis” por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta; porém, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia – são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pelas quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus Cristo foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a Revolução Cultural na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O mais famoso dos automóveis foi criado pelo governo alemão para o povo: o Volkswagen. Volk, em alemão, quer dizer “povo”…

O povo unido jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio, não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol (tive a desgraça de viajar por duas vezes, de avião, com um time de futebol…).

Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno“, à semelhança do que aconteceu na China. De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:

– “Caminhando e cantando e seguindo a canção…”

Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade. É uma esperança.

By Rubem Alves.

O garoto das meias vermelhas

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 20/09/2010 by Joe

Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa. Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas.

Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade:

– “No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e, quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que era o filho dela.”

– “Ora”, disseram os garotos. “mas você não está num circo. Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?”

O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou:

– “É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela.”

Existem muitas almas, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi. Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração. São crianças cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto eles mesmos se lançaram à procura de tesouros, nem sempre reais.

Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue. Têm sede de carinho e fome de afeto. Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura.

São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas. Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as meias vermelhas. Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas. Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversário, da festividade especial.

Aguardam…

São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre à espera de que alguém que partiu, retorne. Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu, nem deu notícia alguma, volte ao lar.

São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa, um dia, e esperam o retorno.

Almas solitárias. Lesadas na afetividade. Carentes.

Pense nisso!

O amor, sem dúvida, é lei da vida. Ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro. E nem pode aquilatar a qualidade das reações que virão daqueles que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida.

Todos devemos respeito uns aos outros. Somos responsáveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações.

Se alguém estiver usando meias vermelhas por nossa causa, pensemos se esse não é o momento de recompor o que se encontra destroçado, trabalhando a terra do nosso coração.

A maior de todas as artes é a arte de viver juntos!

Texto atribuído a Carlos Heitor Cony.

Pedido de demissão!

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 25/08/2010 by Joe

Venho, por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos. Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança.

Quero acreditar que o mundo é justo, e que todas as pessoas são honestas e boas. Quero acreditar que tudo é possível.

Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo. Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Estou cansada de dias cheios de papéis inúteis, computador, notícias deprimentes, contas, fofocas, doenças e a necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe.

Não quero mais ter que inventar jeitos para ganhar dinheiro para pagar por coisas que verdadeiramente não necessito.

Não quero mais dizer adeus à pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Elas ficam, a partir de agora, eternamente vivas no meu mundo da imaginação.

Quero deitar a cabeça em meu travesseiro todas as noites, chamar ao Deus Todo-Poderoso de “Papai do Céu” e apagar cinco segundos depois.

Quero ter a certeza de que Ele está mesmo no céu, e que durante o sono nos encontramos e conversamos um monte.

Quero ir tomar café da manhã na padaria da esquina e achar bem melhor do que um restaurante cinco estrelas.

Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. A mesma chuva que me molhou inteira porque continuei brincando na rua.

Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.

Quero andar me equilibrando nos paralelepípedos como se fosse a grande equilibrista do circo.

Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque posso comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.

Quero levar duas horas comendo o meu Galack, torcendo para que ele nunca acabe.

Quero ficar feliz quando amadurece a primeira manga, ou quando tenho que colher todas as goiabas para fazer doce na panela de barro.

Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos.

Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.

Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de cartas, dominó ou fazer túneis na areia da praia …

Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, dos números de 1 a 10, das cantigas de roda, recitar a “Batatinha quando nasce” e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia…

Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.

Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia. E o que é mais: quero estar convencida de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!

Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco, e resolvam as coisas do jeito que quiserem. A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.

Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque…

PIQUE! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!

E, para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto e venha brincar comigo. Vamos andar na chuva sem medo do resfriado.

Não tenha medo de ser feliz!

By Conceição Trucom.

Pontos de vista

Posted in Inspiração with tags , , , , , , , , , , , , , , , on 29/07/2010 by Joe

Certa vez, cinco alunos foram submetidos a uma experiência curiosa. Todos, de olhos vendados, foram conduzidos para perto de um elefante em um circo a fim de identificarem suas características.

O primeiro passou vagarosamente as mãos nas orelhas do bicho e falou convicto:

– “É algo espalhado, como um tapete.”

O segundo aproximou-se, esticou o braço, pegou na tromba e exclamou:

– “É uma coisa comprida e redonda, deve ser uma jiboia.”

Tocando demoradamente uma das pernas do animal, o terceiro falou, um tanto exaltado:

– “Isto não é um animal, é um tronco de árvore.”

O quarto aluno apalpou por várias vezes uma das presas e disse:

– “Ah! Isto não é um tronco, mas sim uma lança muito pontiaguda.”

O quinto e último, por sua vez, exclamou com segurança tocando o rabo do animal:

– “Definitivamente isto é apenas uma corda muito fina!”

E por não entrarem num acordo, os alunos começaram uma discussão acalorada. Afinal, todos eles haviam tocado o animal com as próprias mãos e, por esse motivo, cada um tinha seu próprio ponto de vista.

Para acalmar os ânimos, o professor falou com firmeza:

“Cada um de vocês está certo, mas cada um está errado também. Todos querem defender o seu ponto de vista, mas não querem admitir que o outro possa estar com uma parcela da verdade.”

Ato contínuo, tirou as vendas dos jovens e todos puderam contemplar o enorme elefante e perceber que todas as opiniões tinham seus fundamentos.

Grande parte dos desentendimentos entre as pessoas, na vivência diária, é resultado de cada um defender o seu ponto de vista sem se permitir ver as coisas sob o ponto de vista do outro. Todos querem ter razão, sem abrir mão da sua verdade.

No entanto, tudo seria mais fácil se admitíssemos a possibilidade de o outro estar certo. As pessoas são individualidades que trazem consigo possibilidades muito próprias no entendimento de coisas e situações.

Por essa razão não podemos exigir que os outros vejam com os nossos olhos, nem que pensem com a nossa mente.

Se todos compreendêssemos esses detalhes importantes nos relacionamentos, certamente evitaríamos grande parcela de dissabores e discussões inúteis!

Todas as flores são flores, mas o gerânio não tem as características do cravo e nem a rosa as da violeta.

Todos os frutos são frutos, mas a laranja não guarda semelhança com a pera.

Além disso, cada flor tem o seu perfume original, tanto quanto cada fruto não amadurece fora da época prevista.

Assim também é com as criaturas.

Cada pessoa respira em faixa diversa de evolução.

É justo que nos detenhamos na companhia daqueles que sentem e pensam como nós, entretanto, é caridade não violentar a cabeça daqueles que não comungam das nossas ideias.

Pensemos nisso!

Autoria desconhecida, mas seria ótimo se cada um de nós entendesse,  praticasse e respeitasse (principalmente!) a diversidade humana, em todos os aspectos!

Pão e circo

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 26/05/2010 by Joe

A iminência de uma nova Copa cria a condição para que, uma vez mais, aflore uma conjunção de fatores muito favorável à repetição da história recente de nosso país. E, ao contrário do que muitos imaginam ou a propaganda oficial divulga, é uma história triste. Muito triste. Vamos a ela.

O Brasil tem sido cantado como um dos países de maior fortuna no conjunto das nações e, segundo contam alguns, nunca esteve tão bem econômica e socialmente. Os indicadores estariam aí para confirmar a prosa: crescimento projetado já acima dos 6%, abundante crédito ao consumidor, inflação controlada, investimentos públicos, capital internacional sendo despejado na Bovespa, pré-sal, 11 milhões de famílias atendidas pela bolsa oficial, 12 milhões de empregos gerados desde 2003.

De fato, são dados impressionantes. Mas qual é a verdade escondida por trás destes números? E quais são as estatísticas que importam realmente ao futuro da nação e que raramente são trazidas à luz? Vou ficar apenas em duas. A primeira: 50% da população não tem acesso a tratamento de esgoto. Esgoto. Esgoto! Santo Deus! Metade das famílias brasileiras despeja in natura – e não raro a céu aberto – suas fezes no mar, nos rios e lagos do país. A segunda: 75% dos brasileiros são analfabetos funcionais, isto é, têm dificuldade de leitura e, quando conseguem ler, não compreendem o que leram. É uma calamidade. É estarrecedor. Isto sem mencionar que, em pleno século 21, o país ainda enfrenta surtos de tuberculose, dengue, lepra, doenças típicas de países paupérrimos e, por óbvio, subdesenvolvidos. Então, como pode alguém intelectualmente honesto acreditar que o Brasil tem alguma chance de vencer como nação sem equacionar estes problemas? Respondo: não pode. Mas há os que, ignorando a realidade completa, professam o milagre brasileiro. São os cínicos.

E são esses mesmos que se encarregam de perpetuar-se na gerência do país, aproveitando-se da ignorância e da leniência do povo para mantê-lo num torpor convenientemente incentivado, dando origem a um paradoxo social pelo qual a sociedade é vítima e algoz dela mesma. E, convenhamos, a tarefa não é das mais difíceis. Basta dar-lhe, ao povo, pão e circo. E fica tudo como está. E a conjunção de fatores a que me referi no início? Pão e circo.

Pão. Onze milhões de famílias retiradas da miséria pela graça de um benefício cuja maior – e única – virtude, a de alimentar os pobres, se esgota em si mesma. Não produz nem ensina nada. Após quase oito anos de existência, o programa não criou condições para emancipar seus beneficiários. Não lhes deu dignidade. O que aconteceria se o programa fosse extinto? Provavelmente todos voltassem, no dia seguinte, à miséria da qual o governo finge tê-los tirado. Mas não importa, ninguém quer saber disso.

Circo. Copa do Mundo de Futebol na África em 2010. Copa do Mundo no Brasil em 2014. Olimpíadas no Brasil em 2016. Nos próximos seis anos, há diversão garantida. E dinheiro também (o mesmo que falta para escolas, hospitais, presídios e estradas), para construir estádios e maquiar as cidades-sedes dos jogos. Dinheiro que irá parar no bolso, ou nas meias, ou nas cuecas, ou até em lugar mais prosaico, dos corruptos que, perdoados pela população, estão em êxtase pelo anúncio de tantas e profusas oportunidades a permitir o livre exercício de suas maiores habilidades. Mas o que isso importa? Vamos construir coliseus e alimentar a turba!

Pão e circo!

E, assim, uma vez mais, menosprezamos nossas mazelas, rimos de nossas carências e nos preparamos para deixar tudo como sempre esteve. Às custas do povo. Às custas de Roma. Dane-se a pátria de chuteiras.

By André Vanoni de Godoy.

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