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Erotizando a vida conjugal

Posted in Relacionamentos, Sexualidade with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 02/04/2014 by Joe

Erotizando a vida conjugal

Quando se casam, as pessoas mudam sua relação com o mundo. Antes, interagiam com várias pessoas – pais, familiares e amigos; depois, passam a “viver um para o outro”. A dependência cresce e aumentam as cobranças e as expectativas. Com elas, multiplicam-se as decepções, porque ninguém é capaz de resolver todos os nossos sonhos. Muitas das brigas e tensões conjugais surgem do desapontamento. O erro está na crença de que a salvação deverá vir do outro (e ele é apenas mais um mortal tentando sobreviver).

Pessoas com maior consciência de sua individualidade tendem a construir elos afetivos de melhor qualidade. Por serem mais independentes, esperam menos dos demais. E, em geral, conseguem manter a vida sexual no mesmo nível de frequência e de satisfação que experimentaram no namoro.

O fato do cônjuge ser outra pessoa – e não uma parte de nós – faz com que o desejemos mais. Platão já disse, há 25 séculos, que não se pode desejar o que se possui. Talvez por isso o ciúme funcione como estimulante sexual: a ameaça da perda fortalece a ideia de que o parceiro nos pertence.

O erotismo resulta de uma atmosfera impregnada de sensualidade. Devemos deixar claro que o clima erótico não é o romântico. Amor e sexo são coisas diferentes e merecem ser estimuladas separadamente se quisermos obter uma intensidade maior das duas. Para criar a atmosfera romântica, os casais deveriam passear de mãos dadas em belos bosques, andar por ruelas antigas e singelas, jantar à luz de velas e ouvir música clássica. Nesse tipo de programa, surgem a ternura e a vontade de dormir abraçadinhos. Já um ambiente praiano, onde as pessoas se exercitam, tomam sol, banham seus corpos suados no mar e ouvem canções que sugerem danças ritmadas é altamente estimulante para a nossa sexualidade.

O cotidiano da maioria dos casais não é nem romântico nem erótico. Por isso, as pessoas tendem a buscar atividades mais prazerosas fora do casamento. Acredito que nada disso é necessário. A mulher casada não precisa se descuidar, nem o homem tem de engordar. Ele pode, sem prejuízo das finanças, lembrar que a mulher gosta muito de um determinado cantor e chegar em casa com o novo CD dele. Ou preparar o prato predileto dela. Ela pode levar o café na cama para os dois no domingo e por lá ficar!

As situações eróticas devem se alternar com as românticas e, assim, ocupar um espaço respeitável no cotidiano dos casais, roubando tempo das cobranças e brigas. Mas, para isso, é essencial entender que a ternura e o erotismo não se estabelecem apenas porque duas pessoas se amam. O parceiro fixo precisa buscar uma renovação constante, tanto nos detalhes de sua postura e de sua aparência quanto na invenção de cenários e de figurinos interessantes. Podemos construir a vida cotidiana sobre dependências e decepções ou sobre o desejo de agradar e surpreender o ser amado.

Do ponto de vista sexual, tudo o que é novo provoca impacto imenso. Tudo o que for feito para enriquecer a vida romântica e erótica será sempre bem-vindo. Não creio que seja necessário detalhar mais. Seria subestimar a intuição e o poder criativo dos leitores.

By Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta, escritor e conferencista.

Taiguara

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , on 18/07/2010 by Joe

A intenção do post de hoje é, através da história de um grande artista, compositor e poeta, Taiguara, dar uma rápida visão de como as coisas aconteciam no período da ditadura militar no Brasil, um triste período de nossa história que temos a obrigação de jamais deixar que aconteça novamente em nosso país.

Taiguara Chalar da Silva (Montevidéu, 9 de outubro de 1945 – São Paulo, 14 de fevereiro de 1996) foi um cantor e compositor brasileiro, embora nascido no Uruguai durante uma temporada de shows de seu pai, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e para São Paulo, posteriormente, em 1960. Largou a faculdade de Direito para se dedicar à música. Participou de vários festivais e programas da TV, e fez muito sucesso nas décadas de 60 e 70. Autor de vários clássicos da MPB, como “Hoje”, “Universo do teu corpo”, “Piano e viola”, “Amanda”, “Tributo a Jacob do Bandolim”, “Viagem”, “Berço de Marcela”, “Teu sonho não acabou”, “Geração 70” e “Que as crianças cantem livres”, entre outros.

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na historia da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas. Os problemas com a censura eventualmente levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973. Em Londres, estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou “Let the children hear the music”, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil.

Em 1975, voltou ao Brasil e gravou “Imyra, Tayra, Ipy – Taiguara” com Hermeto Paschoal, participação de músicos como Wagner Tiso, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Jacques Morelenbaum, Novelli, Zé Eduardo Nazário, Ubirajara Silva e uma orquestra sinfônica de 80 músicos. O espetáculo de lançamento do disco foi proibido e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias.

Taiguara, decepcionado com a situação do seu país, se auto-exilou por uma segunda vez. Desta vez o silêncio durou muitos anos. E o disco nunca mais foi editado em nossa terra, apesar dos apelos e dos protestos do próprio Taiguara, de toda a classe artística e dos fãs.

Os anos passaram e a censura perdurou. Boatos e comentários de que a gravadora teria anunciado que a matriz do disco tinha se perdido em sua trajetória para Londres, foram desmentidos por gravações de coletâneas, que incluíam “Aquarela de um país na lua” e “Situação”, duas faixas da obra censurada. Um colunista brasileiro chegou a denunciar o fato, sem muita repercussão. A censura continuou.

Em 2002 … a surpresa! O disco “Imyra, Tayra, Ipy – Taiguara” foi remasterizado e editado em CD e colocado à venda no Japão. O boato da perda da matriz se desfez e aumentou ainda mais a indignação. O disco continuou a ser, de certo modo, censurado, pois permaneceu, após quase três décadas, fora do alcance do povo brasileiro.

Entre 2004 e 2005, o Brasil ganhou uma briga na OMC – Organização Mundial do Comércio, pela ‘patente’ do “cupuaçu”, uma fruta tipicamente do nosso país, herança de nossos irmãos indígenas brasileiros, pretendida pelo mesmo país asiático.

E a obra-prima feita pela alma de um artista para o seu povo, brasileiro e latino americano, continuou sendo censurada. Mas o caminho da censura fascista ficou claro: primeiro por uma ditadura militar, depois por uma multinacional e, no século 21, por uma corporação transnacional. É a própria transformação e mudança de forma da propriedade privada.

Taiguara faleceu em 1996 devido a um persistente câncer na bexiga.

Neste video, Taiguara, no show “Treze Outubros”, conta uma passagem sobre seu contato com uma das censoras nos tristes tempos de ditadura. O relato se refere à canção “Nova York”, coisa que não fica muito clara no video. O problema com a censura foi a palava “polícia”, entres as outras “pó” e “poluição”.

Citando a necessidade de preservar o recurso poético utilizado, a aliteração, Taiguara sugere cantá-la, então, em inglês, desde que a letra da canção, de fato, se refere à cidade de Nova York. A censora permite, assim, que a canção seja liberada, embora foneticamente o trecho, mesmo com a palavra registrada em inglês, possui o mesmo som que o original – “o pó, a policia (*police) e a poluição” – proporcionando assim, o mesmo óbvio resultado.

Após o relato, Taiguara, ao piano, canta a bela “Que as criancas cantem livres”. Vale a pena ver e ouvir!

Veja aqui outros videos com os maiores sucessos de Taiguara.

By Joe.

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