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Não julgue pelas aparências

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 21/06/2013 by Joe

Não julgue pelas aparências

Um menino entrou numa loja de animais e perguntou o preço dos filhotes.

– “Entre R$ 300,00 e R$ 500,00”, respondeu o dono.

O garoto puxou, então, uns trocados do bolso e disse:

– “Mas, eu só tenho R$ 10,00 … Poderia ver os filhotes?”

O dono da loja chamou a mãe dos cachorrinhos, que veio correndo, seguida por cinco filhotinhos. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, com dificuldade, mancando. O menino apontou aquele bichinho e perguntou:

– “O que há de errado com ele?”

O proprietário do lugar explicou que ele tinha um problema no quadril e andaria daquele jeito para sempre. A criança se animou e disse com enorme alegria no olhar:

– “Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!”

O dono da loja estranhou e retrucou:

– “Não, você não vai querer comprar esse. Mas, se quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente”.

O menino emudeceu… olhou para o dono da loja e falou:

– “Eu não quero que você me dê aquele cachorrinho, pois ele vale tanto quanto qualquer um dos outros. Vou pagar o preço que me for pedido. Na verdade, eu lhe dou R$ 10,00 agora e R$ 1,00 por mês, até completar o valor total”.

Surpreso, o dono da loja contestou:

– “Mas este cachorrinho nunca vai poder correr pular e brincar com você como qualquer um dos outros…”

Sério, o menino levantou lentamente a perna esquerda da calça, deixando à mostra a prótese que usava para andar.

– “Veja. Eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso”.

Desconheço a autoria.

A prisão de cada um

Posted in Reflexão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on 21/12/2010 by Joe

O máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisão na qual quer viver. Pode-se aceitar esta verdade com pessimismo ou otimismo, mas é impossível refutá-la. A liberdade é uma abstração.

Liberdade não é uma calça velha, azul e desbotada, e sim, nudez total, nenhum comportamento para vestir. No entanto, a sociedade não nos deixa sair à rua sem um crachá de identificação pendurado no pescoço.

Diga-me qual é a sua tribo e eu lhe direi qual é a sua clausura!

São cativeiros bem mais agradáveis do que o Carandiru: podemos pegar sol, ler livros, receber amigos, comer bons pratos, ouvir música, ou seja, uma cadeia à moda Luis Estevão, só que temos que advogar em causa própria e hábeas corpus, nem pensar.

O casamento pode ser uma prisão. E a maternidade, a pena máxima. Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia. Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escraviza.

Viver sem laços igualmente pode nos reter.

Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também. Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.

Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados. É uma opção consciente. Não nos obrigaram a nada, não nos trancafiaram num sanatório ou num presídio real, entre quatro paredes.

Nosso crime é estar vivo e nossa sentença é branda, visto que outros, ao cometerem o mesmo crime que nós – nascer – foram trancafiados em lugares chamados miséria, analfabetismo e exclusão.

Brindemos: temos todos cela especial!

By Paulo Rebelato, psiquiatra, em entrevista para a revista gaúcha Red 32.

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