Em geral, as pessoas crescem em casas onde se entra e sai, se discute e se resolve coisas do dia-a-dia, mas diálogo mesmo, aquele em que se pode colocar os sentimentos, tirar as dúvidas, trocar ideias, expor o que acontece em seu mundo interior, raramente acontece.
O diálogo mais profundo, mais aberto, aquele em que nos colocamos e nos sentimos compreendidos, parece só ter lugar com um eventual amigo íntimo e, dificilmente, com alguém da família.
As relações de namoro, por sua vez, são marcadas pelo desejo de seduzir, pelo cuidado em não desagradar. Por causa disto, muitas coisas deixam de ser ditas e de ser mostradas.
Quando, portanto, a intimidade passa a fazer parte da vida do casal, que se vê morando numa mesma casa, sem nada em volta para distrair a atenção, é a hora da nudez em todos os sentidos. Medos, inseguranças, fantasias – tudo é posto em cheque.
Adaptar-se ao outro, estabelecer hábitos em comum, ficar realmente à vontade sem se sentir julgado é uma coisa difícil. Nem todos estão preparados para se expor e se arriscar a verbalizar o que pode ter sido disfarçado, de alguma forma, durante o namoro.
Comunicação é a base da relação!
Saber se comunicar, verbalizando com tranquilidade o que vai no íntimo de cada um é um dos ingredientes da inteligência emocional. Ninguém é obrigado a contar tudo ao outro, até porque é importante que se mantenha um senso de privacidade na relação.
Isso, entretanto, é diferente de reter informações e usar o silêncio como instrumento de um controle imaginário sobre a relação.
Saber comunicar sentimentos, experiências, desejos e fantasias faz parte da vida dos casais felizes. Até porque, um dos pontos comuns entre casais satisfeitos com seus relacionamentos, é o fato de todos se considerarem os amigos, além de amantes.
Não adianta querer evitar a verdade sobre o que se passa na relação. Quanto mais se tenta mascarar os sintomas, mais facilmente a doença se instala entre o casal.
Todo mundo pode aprender a verbalizar o que sente, com clareza e cuidado, pois as palavras devem ser pontes para o entendimento, não para ofensas. O diálogo pressupõe a intenção de construir a relação. Pessoas que fazem uso das palavras para agredir ou provocar sofrimento no parceiro, recebem de volta os ecos do que provocaram no outro.
Se o silêncio se instala em um relacionamento, é mais do que tempo de questionar o que pode estar ocorrendo.
Ao buscar as verdadeiras razões do afastamento verbal que produz o afastamento físico do casal, pode ser possível curar a relação.
Com amor, paciência, cuidado com o outro, pouco a pouco, o diálogo pode ser retomado e as dificuldades conversadas e elaboradas. Seja para uma reaproximação, ou para colocar um ponto final na relação, é preciso olhar de frente para o que acontece.
A honestidade é a única maneira de chegar à felicidade.
By Jael Coaracy.