Aprendendo a “só ser”
Ecoa na minha cabeça a voz vibrante de Alceu Valença cantando o refrão:
– “A solidão é fera, a solidão devora/ É amiga da noite, prima-irmã do tempo/ E faz nossos relógios caminharem lentos/ Causando descompasso no meu coração…”
De fato, quando se está desesperadamente só, o tempo custa a passar. As noites são intermináveis e, em geral, velamos por elas como se, ao encará-las, acelerássemos o relógio, trazendo a luz do novo dia e renovando as esperanças.
Dor de solidão é visceral porque nenhum sentimento é experimentado tão intimamente. Medo, raiva, amor, alegria quase sempre são exteriorizados e compartilhados.
Abandono, impotência e amargura ficam corroendo os solitários, arrastando-os ao fundo do poço como uma âncora da qual não se pode libertar.
Que caminhos nos conduzem à solidão?
Em muitos casos, “estar sozinho” não é sinônimo de “ser solitário”. E há muita gente que experimenta, a contragosto, esse sentimento, mesmo estando acompanhada…
Há dois tipos básicos de solidão:
O primeiro é fruto de carências e do sentimento de abandono desenvolvido na infância, que reflete a história pessoal do indivíduo, o modelo de mundo criado a partir das experiências do seu passado.
O segundo é resultante de um processo de diferenciação do ser humano: quanto mais elevado o seu nível de consciência e compreensão, maior a dificuldade de encontrar interlocutores para partilhar ideias e expectativas. Apesar de todos os seus conhecimentos, esse indivíduo se vê, aos poucos, “falando com as paredes” e vai se fechando.
Pode chegar ao extremo de tentar refrear seu desenvolvimento ou até mesmo regredir, para novamente se integrar à massa dos “simples mortais”. Tentativas assim, em geral, resultam inúteis.
Esse tipo de solitário precisa entender que pessoas diferenciadas existem em menor número mesmo.
O remédio é persistir na procura e fluir com o tempo…
By Regina M. Azevedo.
26/03/2012 às 20:40
Realmente,pura verdade!Bjus de luz!
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