Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce.
Ouvindo esta frase, imaginei qualquer pessoa nessa acrobacia que as crianças fazem ou tentam fazer: escalar aqueles degraus que nos puxam inexoravelmente para baixo. Perigo, loucura, inocência, ou uma boa metáfora do que fazemos diariamente?
Poucas vezes me deram um símbolo tão adequado para a vida, sobretudo naqueles períodos difíceis em que até pensar em sair da cama dá vontade de desistir. Tudo o que gostaríamos de fazer é tapar a cabeça e dormir, sem pensar em nada, fingindo que não estamos nem aí! Porque Tanatos, isto é, a voz do poço e da morte, nos convoca a cada minuto para que, enfim, nos entreguemos e acomodemos. Só que acomodar-se é abrir a porta a tudo aquilo que nos faz cúmplices do negativo. Descansaremos, sim, mas tornando-nos filhos do tédio e amantes da pusilanimidade, personagens do teatro daqueles que constantemente desperdiçam os seus próprios talentos e dificultam a vida dos outros.
E o desperdício da nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito que, no final, não se poderá saldar: estaremos no arquivo-morto. Não que não tenhamos vontade ou motivos para desistir: corrupção, violência, drogas, doença, problemas no emprego, dramas na família, buracos na alma, solidão no casamento a que também nos acomodamos… tudo isso nos sufoca. Sobretudo, se pertencermos ao grupo cujo lema é: “Pensar, nem pensar… e a vida que se lixe”…
A escada rolante chama-nos para o fundo: não dou mais um passo, não luto, não me sacrifico mais. Para quê mudar, se a maior parte das pessoas nem pensa nisso e vive da mesma maneira, e da mesma maneira vai morrer? Não vive (nem morrerá) da mesma maneira! Porque só nessa batalha consigo mesmo, percebendo engodos e superando barreiras, podemos também saborear a vida. Que até nos surpreende quando não se esperava, oferecendo-nos novos caminhos e novos desafios.
Mesmo que pareça quase uma condenação, a ideia de que “viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce” é que nos permite sentir que, afinal, não somos assim tão insignificantes e tão incapazes.
Então, vamos à escada rolante: aqui e ali até conseguimos saltar degraus de dois em dois, como quando éramos crianças e muito mais livres, mais ousados e mais interessantes. E porque não? Na pior das hipóteses, caímos, magoamo-nos por dentro e por fora, e podemos ainda uma vez mais … recomeçar!
By Lya Luft.
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This entry was posted on 27/09/2010 at 1:04 and is filed under Inspiração with tags Alma, Barreiras, Cama, Corrupção, Criança, Degraus, Doenças, Drogas, Emprego, Escada rolante, Família, Inocência, Loucura, Metáfora, Morte, Pensar, Perigo, Recomeçar, Símbolo, Solidão, Talentos, Tanatos, Tédio, Teatro, Vida, Violência. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
27/09/2010 às 12:09
Perfeito!!!!!
Por mais que isso nos custe não dá pra desistir, bola pra frente e recomecemos mais sábios e maduros, conhecendo o caminho de ida e o de volta. Somente assim avançamos.
bjsssssssss
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